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Danyel
Sempre odiei acordar cedo, geralmente nossos treinos são à tarde, mas hoje olha eu aqui, sentado na sala de reunião às 7 da manhã.
– Todos já estão aqui? – pergunto ao Renato ao meu lado, que apenas assente com a cabeça. Ok, já estou irritado.
– Desculpa, mas estamos esperando mais alguém ou podemos começar a reunião? – pergunto a todos
– Já podemos começar, todos aqui já sabem que se trata, já adiantei o assunto, mas antes quero você dê uma olhada na proposta a sua frente – assim que o presidente fala me forço a segurar o riso e evito olhar para cara de Renato. Pego o contrato e fico surpreso, é três vezes mais do que ganho atualmente, olho para Renato tão em choque quando eu.
– Senhores, estou no time a alguns anos, amo o Alianza, ele sempre estará no meu coração, não estou saindo por dinheiro, eu realmente quero voltar para casa, ficar perto da minha família. Quero levar todas as boas lembranças que tive aqui, e se em algum momento decidir voltar para Europa com certeza vai ser para o Alianza. Fico feliz em ver o esforço que vocês estão fazendo para que eu fique, isso demonstra que fiz um ótimo trabalho aqui, mas minha decisão está tomada. – sou firme com minhas palavras, quero que eles entendam que minha decisão não irá mudar.
– Fizemos o possível, se você realmente já está com a decisão tomada a única coisa que podemos te deixar é sucesso Danyel e se um dia você decidir voltar as portas estarão sempre abertas para você. – sorrio feliz, sempre tive uma boa relação com o presidente do clube e sair assim me deixa aliviado.
– Obrigado presidente, posso me despedir dos meus colegas? – não quero ir embora antes de me despedir de todos.
– Claro garoto – ele me diz
Renato está sentado ao meu lado com o telefone no ouvido falando com sua esposa, o sorriso idiota demostra o quanto ele é apaixonado. Nunca amei ninguém assim na minha vida, só tive alguns casos de sexo casual, mas nenhuma paixão que me deixa assim perdido. Talvez nunca aconteça e por mim tudo bem.
– Danyel vamos até o escritório resolver alguns problemas, depois te trago para se despedir dos seus colegas – balanço a cabeça concordando.
Jogado no sofá do escritório, vejo Renato trabalhando sem parar, e uma ligação atrás da outra e não tem nada que eu possa fazer para ajudar, pego o celular e procuro por vídeos de alguns times brasileiros e assisto vários, até que um específico chama minha atenção, um goleiro ele faz defesas incríveis, vejo outro vídeo dele que parece recente, final de algum campeonato e o cara defendeu os 4 pênaltis, o cara é bom.
– Renato venha aqui por favor – Renato caminha até mim – olha esse goleiro e me diz sua opinião – Renato se foca no vídeo e parece tão impressionado quando eu. – o cara e uma fera, olha essas defesas. – olho para Renato ainda vidrado no celular
– Renato, assim que tivermos o Riviera, quero ele – digo com convicção.
- Daniel, estou tentando correr atrás o mais rápido possível da questão da compra, mais está tudo muito bem encaminhado, está sendo muito mais fácil do que pensei que seria. – essa notícia realmente me faz ganhar o dia
- Fico feliz em saber Renato, isso me deixa muito empolgado, como você está ocupado vou pesquisar um pouco sobre esse goleiro e depois envio algumas informações. – Quero ele, quero formar uma equipe incrível e ter esse goleiro seria do caralho. Sorrio com meus próprios pensamentos
Consigo algumas informações sobre ele, nome Paulo André, 2 metros de altura, joga atualmente no time rival, solteiro e com o nome por alguns sites de fofocas, o cara adoro uma festa, isso pode ser um grande problema, mas se tivermos um bom contrato e capaz de colocá lo na linha. Depois de algum tempo jogado no sofá escuto Renato me chamando.
– Vamos, vou te levar para o centro de treinamento, você se despede dos seus amigos e os deixo em casa depois. - Vamos lá.
Vi tantos colegas indo embora para outros clubes e tantos colegas chegando, fiz amigos que vou levar para vida, desde jogadores até mesmo o pessoal da manutenção. Entro na sala onde vejo todos sentados me esperando.
– Oi pessoal, e aí como vocês estão?- pergunto para tentar puxar um assunto.
– Estamos bem, só estranhando esta reunião, você está bem cara, aconteceu alguma? O professor disse que você quer conversar conosco. – É Antônio a me perguntar.
– Sim, cara, queria falar com todos de uma vez. – digo me sentando na cadeira ao centro.
– Queria falar com vocês antes que saísse na mídia, tenho cada um de vocês aqui como família, mas tomei a decisão de voltar para o Brasil, era algo que já vinha pensando há muito tempo, estou aqui no time há muitos anos, já vi muita gente chegando e saindo, mas chegou a minha hora de voltar para casa. – Por um momento o silêncio reina na sala, é um choque para todos, ninguém esperaria por um anúncio desse.
– CARALHO DAN! – Marco é o primeiro a se pronunciar. – Mano, se tem certeza? Você não está nos zoando né? Se tá auge da sua carreira aqui, por que não espera mais um tempo? – olho para ele antes de responder
– Mano eu to ligado, mas eu realmente quero voltar para casa, sinto ser esse o momento, e como o diretor falou as portas do time estarão abertas, se eu sentir muita falta de vocês prometo que volto. – Vou sentir falta dessa equipe. Nos abraçamos e nos despedimos prometendo uma festinha antes de eu ir embora.
Abro a porta da minha casa e estranho não vê dona Lize,
– Dona Lizee!! – grito por ela
– Estou na lavanderia menino – essa mulher ainda me mata do coração, caminho ao seu encontro.
– O que a senhora está fazendo? Isso não é trabalho na senhora – não gosto que ela faça o trabalho pesado da casa, temos uma equipe que vem aqui fazer essas coisas três vezes na semana.
– Você acha que sou uma inválida, Danyel cuida do seu trabalho que eu cuido do meu – ela me diz brava, e eu a abraço.
– Não acho nada disso, só quero que a senhora cuide da sua saúde, já pensou se vai comigo para o Brasil? – só de pensar em deixar ela aqui meu coração fica apertado.
– Oxi, para onde mais eu iria moleque, você sabe que só tenho você. – sinto a tristeza em sua voz, aos 65 anos dona Lize vivia sozinha, seus filhos a abandonaram e ela estava preste a ir para casa dos velhinhos quando mamãe a contratou para trabalhar aqui, ela só aceitaria morar aqui se tivesse um trabalho, mas evito o máximo deixar ela fazer qualquer tarefa pesada.
– Sabe que você é a mulher do meu coração né, se a senhora fosse uns 30 anos mais nova te pediria em casamento – brinco vendo ela abrir um grande sorriso.
– E quem disse que eu aceitaria, vai procurar o que fazer Danyel, me deixe trabalhar.