Capítulo 7 Leena tem um encontro às cegas

A reunião foi organizada em um restaurante de estilo ocidental. Antes de Leena partir, a senhora Yang, sua mãe, deu-lhe um conselho: "Se aquele homem for sincero com você, você também deve ser honesta com ele e dar-lhe uma chance."

Leena acenou com a cabeça, embora ela realmente não se importasse muito com o assunto, acreditando que ela ainda era muito jovem para estar procurando um marido. Sua prioridade na época era ajudar financeiramente sua família. Ela se arrumou de um jeito simples para o encontro. Ela optou por usar roupas casuais e combinou o traje com um par de óculos de armação preta.

Sua mãe achava que essa era uma forma de retribuir a ajuda de Leena. A menina gostava tanto de ajudar a família que nunca teve tempo para um relacionamento. Ela simplesmente não tinha tempo para namorar outra pessoa. Chegou a hora de ela aproveitar a juventude e conhecer homens, e talvez no futuro, um deles se tornasse seu companheiro de vida.

O homem já estava esperando no restaurante. Quem jogou o cupido desta vez foi Amy, que estava sentada ao lado do cavalheiro. Leena parou para observá-lo de perto. Parecia que ele tinha acabado de sair do trabalho porque estava de terno e gravata. Traje típico para quem trabalha em um escritório. Dava para ver que ele tinha um bom corpo, mas seu rosto era normal, nada de especial. Ele deu a impressão de ser uma pessoa bastante madura e perspicaz.

Por meio do trabalho que Leena fazia, ela aprendeu a julgar melhor as pessoas que conhecia. Então, à primeira vista, ela foi capaz de inferir que tipo de pessoa aquele homem era. Ele tinha 32 anos, muito bem-sucedido para sua idade e, a julgar por sua postura, parecia um homem bastante dominante, ele deve ter tido muitas mulheres atrás dele. A única razão pela qual ele veio a este encontro foi para procurar uma mulher decente e educada que tivesse as qualidades de uma dona de casa. Leena poderia prever que este não era um homem fiel. Ele sabia que nunca respeitaria sua esposa. Muito provavelmente, ele continuaria a ver outras mulheres, mesmo depois de se casar.

Ela queria saber mais sobre este homem. Ela estava curiosa para saber o que mais poderia deduzir de seu comportamento e aparência, então continuou a falar com ele. Ela confirmou o que já estava pensando. Era sobre um homem que exalava masculinidade tóxica. Ele não tinha intenção de ouvir o que Leena tinha a dizer. Ele apenas se concentrava em balbuciar sobre o que os homens deveriam fazer e o que as mulheres deveriam fazer, como se fosse uma verdade absoluta conhecida apenas por ele. Ele era muito focado em si mesmo e em seu pensamento retrógrado. Isso era um absurdo. Além do mais, ousou pedir-lhe em casamento sem ter a intenção de conhecê-la melhor. A única coisa que o interessava era que ela fosse seu cachorrinho de estimação. Era muito óbvio que ele estava procurando uma empregada e não uma esposa.

"Senhor He, quantos encontros como este você já teve?", Leena perguntou.

"Agora é um pouco difícil para mim lembrar uma quantidade exata. Só sei que houve muitos. Por que essa pergunta?"

"Sendo um homem rico, por que parece que ninguém quer ter algo com você?" O rosto de Leena assumiu uma expressão travessa ao perceber que em nenhuma circunstância aquele homem lhe contaria a verdade. Ele não iria se expor dessa forma com ela.

Seu semblante mudou quando a jovem disse essas palavras. Em seguida, murmurou em tom mais frio: "Senhorita Leena, a razão de eu ter comparecido a este encontro é porque você me parece uma mulher muito bonita e educada. Não acho que você vai encontrar um homem potencial melhor do que eu, então te aconselho a não perder a oportunidade que foi apresentada a você. Nem preciso dizer que também conheço a história de sua família. Você acha que algum homem assumirá tal responsabilidade? Você apenas tem que ser obediente e complacente. Pense nisso como um pequeno sacrifício que você pode fazer por seu potencial futuro marido."

Leena simplesmente não conseguia acreditar na arrogância em suas palavras. Não havia nada que a atraísse naquele homem, na verdade, ele era exatamente o tipo de homem que a fazia desprezar. A única coisa que ele esperava desse casamento era manter o sobrenome e ter alguém para dominar o tempo todo. Ela suspirou forte o suficiente para estar mais do que desinteressada na oferta. Foi um sinal de que ele não teve muita dificuldade em decifrar. O senhor He imediatamente se levantou da mesa e parou na frente dela. Sua sombra cobriu Leena. "Já basta por hoje! Eu nunca vou sair com você novamente. Você nunca terá a sorte de encontrar um homem bom como eu. Não há mulher mais tola do que você que se recusa a obedecer e submeter-se ao marido!"

Ela ergueu uma sobrancelha e sua expressão era indignada. Não demorou muito para que ela respondesse ao ataque, mas sua mãe e Amy a impediram. "Você é uma mulher na casa de uns vinte anos e também vem de uma família bastante pobre. Fui atenciosa e gentil o suficiente para apresentá-la a um cavalheiro que pôde ter sido seu potencial marido. Nunca pensei que você se comportaria dessa maneira. Você acha que alguém melhor do que ele aparecerá magicamente? Você não pode se dar ao luxo de ser tão exigente e teimosa. Se continuar assim, nunca terá marido. Você vai ficar sozinha", disse a mulher ao se sentar no assento anteriormente ocupado pelo cavalheiro.

"É serio? E isso para quê?", Leena lutou em resposta. Ele já tinha ouvido falar muito de todas as porcarias que aquele homem disse. Tudo o que ele disse foi sufocante. Ouvir suas palavras de controle era algo que Leena não gostava.

"Amy, eu quero me desculpar pelo comportamento da minha filha. Realmente tem sido inaceitável. Ela ainda é muito jovem para saber que o mundo não funciona como ela pensa. Peço-lhe que a perdoe, ela não teve a intenção de ser insolente", a senhora Yang se desculpou por sua filha.

Leena apenas olhou para a mãe com uma expressão suplicante, depois pegou sua mão. "Mãe, por favor! Esse não é o tipo de homem com quem quero construir minha vida. Você quer me ver ser uma escrava? Porque é isso que esse tipo de homem procura: Escravas em vez de esposas. Você não tem que ser tolerante com um homem tão desagradável quanto ele!"

No meio de uma discussão, um homem se aproximou delas e pegou Leena pela mão. "Ouvi dizer que ninguém quer ficar com ela. Esta linda mulher não merece ser tratada de forma tão nojenta!"

Leena se virou no instante em que ouviu aquela voz. Uma voz que lhe era bastante familiar. Era Miguel, que estava ao lado de Leena e lançou um olhar acusador para o homem à sua frente. Ele apertou a mão dela de uma forma bastante possessiva. Uma ação com a qual talvez quisesse expressar que Leena era sua.

Comparado com aquele homem, Miguel era mais jovem e mais atraente. Ele poderia usar qualquer peça de roupa e ainda assim se destacaria na multidão. Ele não precisava parecer chamativo para impressionar ninguém. O homem ficou confuso e apontou para Miguel com raiva. "Quem é você?"

Amy também ficou surpresa com uma intrusão tão repentina. Em vez disso, senhora Yang estava serena e demorou a localizar aquele homem em sua memória. "Você é aquele..."

Miguel acenou com a cabeça quando ela achou difícil terminar a frase. "Prazer em conhecê-la, senhora Yang!" Ele a cumprimentou com entusiasmo particular.

Mais uma vez o homem insistiu e encarou Miguel: "Fiz-lhe uma pergunta, quem é você e o que está fazendo aqui?"

"Uma pessoa como você não merece saber nada sobre mim", Miguel respondeu. Ele então conduziu Leena para fora do restaurante sem nem mesmo se despedir dos presentes. Senhora Yang estava bem atrás deles. Miguel acompanhou a namorada e a mãe até o estacionamento. Aparentemente, o fato de ele estar no mesmo lugar que Leena, foi porque tinha estado em uma festa em um clube que ficava bem ao lado do restaurante. Ele foi primeiro se despedir de seus amigos e depois conduziu as duas mulheres até o carro. Ele entrou em seu Hummer e ligou o motor.

A senhora Yang continuou a fazer perguntas a Miguel, que felizmente tinha uma resposta para cada uma delas e respondia a todas de uma forma muito educada. Quando a senhora terminou de perguntar, Miguel começou a falar. "Senhora Yang, por favor, não deixe mais Leena ir a esses tipos de encontros."

A mãe de Leena franziu a testa ao ouvir Miguel e olhou para a filha. No entanto, ela não deu explicações. Ao chegar em casa, Miguel muito gentil e respeitosamente perguntou à senhora Yang, se ele pudesse levar Leena com ele por um tempo. Embora concordasse, a mulher não estava totalmente confortável com a situação. Havia algo que não a convencia sobre os dois jovens. Ela sentia que havia algo entre eles.

"Quero saber o que você estava fazendo no restaurante", Leena disse a ele, assim que ficaram sozinhos.

"Eu quero saber por que você estava em um encontro às cegas", disse Miguel ao mesmo tempo que Leena.

Um pouco envergonhada, ela olhou para o chão enquanto respondia. "Segundo minha mãe, eu já devo me casar. Ela acredita que nossa família é um fardo muito pesado para mim. Tem medo de que eu nunca me case."

"Nunca mais tenha outro encontro como esse. Os tipos de homens que você conhecerá nesses tipos de encontros não merecem você, e você não merece passar por aborrecimentos." Miguel ergueu uma sobrancelha para Leena.

"O engraçado é que este homem foi o mais decente que conheci até agora. Mas simplesmente não suporto um homem com uma personalidade tão machista!" Leena disse a ele ainda cheia de raiva.

"Você sabe? É exatamente por isso que conhecer pessoas assim simplesmente não vale a pena. Não há nenhuma maneira de você encontrar um homem bom se continuar a conhecê-los dessa maneira."

Leena suspirou quase resignada e começou a olhar pela janela. Ela estava percebendo que este homem a estava ensinando algo. E quando pensou sobre isso, também percebeu que era realmente impossível estar com ele. Que diferença isso fazia. Ele agora a via apenas como uma amiga íntima. "Miguel, agradeço muito por sua preocupação e conselho, mas vou pedir-lhe, por favor, essa é a minha vida pessoal, me deixe em paz. Posso lidar com isso sozinha", disse ela com um toque de aspereza.

Miguel não conseguia acreditar no que estava ouvindo. "Isso significa o quê? Que você planeja continuar indo a esses tipos de encontros?"

"Se isso deixa minha mãe feliz e tranquila, então sim. Eu continuarei a fazê-lo. Por que não?" Leena encolheu os ombros.

"Nesse nível de preocupação, você acredita que nenhum homem vai fazer de você sua esposa? Acho que você deveria dar uma olhada nas pessoas ao seu redor", disse Miguel sugestivamente.

"Você conhece alguém que quer se casar com uma coitada de uma família fracassada como eu?", Leena perguntou com indiferença e desdém.

Miguel engoliu em seco e por um momento até hesitou. "Quanto a mim?"