Era um cômodo amplo, cheio de janelas e cortinas escuras, como as do resto da casa. A vista do jardim era bela, calma e harmoniosa. A música que corria pela casa era agradável, mas eu não conseguia admirar ou gostar de nada. Não de verdade. Eu me aproximei da mesa de mogno polido e puxei uma cadeira - a da ponta - e sentei. Mack, do outro lado, ergueu os olhos e me fitou de longe.
A mesa era grande.
Devia ter, pelo menos, doze lugares.
- Insisto que sente ao meu lado. - Ele disse. Sua voz soou firme como um aviso, mas ponderada como um conselho.
Os dois, pensei.
Era uma ordem.
- Sim, senhor. - Eu disse, e levantei. Eu me encaminhei para perto de Mack. Ao lado dele.
Sentando-me, mantive meus olhos voltados para baixo, como um bom cão faria, esperando as ordens de seu dono.
- Pode comer. Deve estar com fome. - Ele disse, apontando para o farto banquete sobre a mesa. Eu o olhei do canto do olho, e inexpressivo, ele adicionou, dando uma garfada: - Não está envenenada, se é isso o que está pensando. - Ele não olhou para mim quando disse. Seus olhos azuis frios se mantiveram concentrados na comida à sua frente. Ele pegou a taça do que suponhei ser vinho e deu um gole. - Coma. - Notando que eu o observava, silenciosa, ele olhou para mim. - Acompanhe-me, por favor. - Acrescentou, como se essas palavras fossem incentivo o suficiente para amenizar meu sofrimento.
- Sim, senhor. - Eu disse. Era a única coisa que eu havia dito.
Ele bateu na mesa.
Eu sobressaltei.
- Mack. Não senhor. Por favor, me chame de Mack.
- Suas vítimas costumam criar laços antes de serem mortas? - Perguntei.
Idiota...
Eu devia mesmo ser uma idiota.
Mack procurou meus olhos.
- Talvez as que eu deixei viver - ele disse. - Se pensa que sou um monstro, não posso arrancar isso de sua cabeça. - Ele deu um gole de sua taça. - Mas sim, minhas vítimas costumam ter laços comigo.
Eu senti meu coração disparar.
Um nó se formou na minha garganta, e era como se aquilo pudesse me sufocar. Eu podia senti-lo em volta do meu pescoço como uma forca invisível.
- Agora coma.
- Não estou com fome.
Meu estômago tinha um buraco. Eu não conseguiria engolir nada, sentir o gosto de nada e sustentar nada em minha barriga.
Ele me encarou, os olhos tão azuis, tão intensos... eu não consegui olhar para ele.
- Erga os olhos, menina - ele disse. - Olhe para mim.
- É o que diz para todos?
Eu definitivamente estava provocando um predador. Eu, uma simples presa, provocando um ser que poderia acabar comigo em segundos.
Ele bufou.
Ele pegou o meu braço e me puxou. Seus dedos eram firmes em torno do meu braço. Seu semblante era rígido e amargo. Eu não sabia se era ódio ou afronta em seus olhos, mas podia sentir uma mágoa tremenda. Mack continuou me segurando.
- Não vou admitir que continuei me provocando - ele disse, o tom áspero explodindo na voz. - Se não quer comer, então que morra de fome.
E puxou a toalha junto da bebida e da comida. Eu dei um pulo para trás e vi os pratos virando um amontoado no chão.
Uma lágrima brotou em meu olho.
Oh Deus... o que eu havia feito?
Eu estava paralisada quando ele me pegou pelo braço, lançou-me contra a mesa e se colocou atrás de mim.
-Se acha que vou matá-la e deixar de saborear seu medo e tormento - ele disse, segurando meu maxilar - está enganada. - Eu não me machucara quando me colocou contra a mesa, mas quando pousou meu corpo sobre a superfície, e eu, sem protestar, apenas segui suas ordens caladas, senti uma dor quase profunda. - Seu pai deve sentir a mesma dor que senti. - Disse ele. - E você, você é um caminho para isso. Não importa nada para mim. Se eu quisesse matá-la, faria, mas... não. É pouco. Eu preciso de mais.
Eu o encarava - como uma presa prestes a ter um fim - e estava paralisada. Mack avançou em mim como uma fera e rasgou meu vestido de tecido frágil, revelando meus seios e minha calcinha. Eu não colocara sutiã naquele dia. Mas já não importava mais. Seria uma barreira inútil contra sua fúria impiedosa, feito uma barragem para conter as ondas de um tsunami. Inútil.
Mack abriu minhas pernas com força. Eu me sentia tão...incapaz.
- Olhe só...que bela surpresa! - Ele disse, o tom sarcástico. Seus dentes brilhavam como a lâmina de uma espada. Ele enganchou os dedos nas laterais da minha calcinha e a puxou, revelando a minha intimidade. - Parece que a filha do lorde guarda mais que um belo rosto. - Ele disse. Seus braços musculosos me seguravam com força. Eu me debati, mas fora em vão. O que devia fazer com um monstro que tem quase o dobro da minha altura e músculos sobressalentes? Era inútil.
Inútil como minha vida em sua mão.
- Relaxe - ele disse, trazendo a mão até o meio de minhas pernas. - Eu vou ser gentil hoje.
Hoje.
Hoje!
Isso queria dizer que iria fazer aquilo todos os dias? Todos os malditos dias?
Ele sorriu maliciosamente, seus olhos frios correndo pelo meu corpo. Ele me arrastou para perto. Meu peito subia e descia. Ele cuspiu na direção da minha intimidade e usou dois dedos para me tocar. Ele apoiou o braço num lado do meu corpo, e usava a outra mão para acariciar minha entrada.
- Vai ser delicioso ser o primeiro a tocá-la, meu doce. - Ele se inclinou sobre mim. Mack agarrou meu punho, abocanhou um de meus mamilos e tomou-me. Uma mordida forte me fez gritar. Uma lágrima correu por meu rosto. Ele roçou sua ereção contra a minha feminilidade. - Fique quieta... quieta a menos que queira que seja doloroso. Eu posso ser cruel, meu doce. Posso ser muito cruel. Tão cruel quanto pensa que sou. - Sua voz era grave e rude. Um rugido de uma fera.
Ele pegou a taça de vinho meio cheia que havia caído no chão, mas que se safara de derramar-se por completo e despejou em mim. Mack correu a língua pelo meu abdome até encontrar meu púbis e o tomou em sua boca. Seus lábios me possuíam e sua língua me reivindicava.
Eu não poderia simplesmente lutar contra ele. Seria melhor ficar quieta e lutar contra qualquer sensação. Mack Montonni até poderia ter meu corpo, mas não teria minha alma. Nunca.
Ele agarrou minhas coxas e continuou me umedecendo. Quando enfim cansara-se, ergueu a cabeça e me encarou. Seus olhos frios e vazios me encaravam. Ele passou as costas da mão e limpou a boca. Quando tirou a calça e posicionou o membro contra a minha intimidade, que estava começando a ficar inchada e pulsante, engoli um grito de dor. Ele me adentrou. E ao contrário do que havia dito, não foi carinhoso e cuidadoso. Ele se enterrou dentro de mim desesperadamente, quase de uma única vez. Eu tive que segurar a mesa com tanta força, que podia dizer que meus dedos sangraram.
- Apertada pra caralho - ele resmungou. - Eu vou esfolá-la até que esteja aberta o suficiente.
Ele começou a estocar com força. A dor intensa e incessante estava começando a dar lugar ao prazer, e então, Mack estourou dentro de mim, soltando um gemido gutural e animalesco. Ele me agarrou, continuou estocando com mais força e dobrou sobre mim, apalpando meus seios com força.
- Esteja preparada para a sua nova vida. Seja bem-vinda. - E então, largou-me e saiu de perto.
Eu senti seu gozo escorrendo de dentro de mim.
Minhas pernas doíam.
Todo o meu corpo doía.
Eu sentia minha abertura pulsar, e quando ergui a cabeça, as lágrimas correndo por meu rosto, notei as costas do meu dono. Cicatrizes horríveis tomavam conta de toda ela. Eu arregalei os olhos, assustada.
Gerda se aproximou rapidamente, vindo de algum lugar.
- É melhor se limpar, srta. Watson, é melhor se limpar. - Foi o que ela disse.
Meu corpo cedeu, e tudo ao meu redor ficou escuro e frio - por um momento achei que fosse a morte, mas então, percebi que até isso Mack Montonni controlaria.