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AMBER...
Amber acorda.
Amber vamos esta na hora.
- Hm.
Amber!
-To indo.
Os gritos histéricos da minha madrasta logo cedo da manhã, não é legal.
- caramba Kim são... - olho pro relógio. - seis e meia da manhã. Kimberly! - minha madrasta sorri sacana de lado, com uma sobrancelha arqueada ela aponta para o outro lado do quarto onde estão minhas roupas já separadas para hoje.
- Te dou cinco minutos. - ela diz e sai fechando a porta antes de ouvir meus protestos. Deito-me na cama outra vez extravasando minha raiva às seis e meia da manhã gritando com o travesseiro na minha boca. - Quatro minutos Amber.
- Oh caramba, to indo desesperada. - saio chutando as cobertas e me dirijo ao banheiro.
Vinte minutos depois, já vestida desço para a cozinha onde os encontro já tomando o café.
- Sério Amber? - Oliver me olha incrédulo, examina minha roupa. Calça jeans surrada, camiseta dos Ramones, Bota preta e minha inseparável Jaqueta preta com touca, presente dado pela minha avó no meu aniversário de doze anos.
- O que foi? É só uma roupa. - sento-me à mesa ao lado do meu pai. Ele me olha por cima do jornal local de Beaufort.
- Uma que você usa diariamente... Qual é Amber, você não se cansa de me envergonhar não? Cara, eu sou popular, e ter minha irmã vestida durante Quatro anos com a mesma jaqueta não rola cara. - Oliver às vezes parecia uma menininha, reclamona e cheio de querer. Tomo um sorvo do meu café lentamente enquanto o encaro.
- Tô nem ai. - digo com sarcasmo.
- A cara, mãe? - ele apela, Kim olha para o filho sem emoção no rosto.
Kimberly entrou na minha vida e na do meu pai quando eu tinha dez anos, três anos depois da morte da minha mãe. No começo eu odiei essa coisa toda de madrasta. Enlouqueci a coitada por quase um ano e meio, mais foi só depois de acorda uma hora à noite, fui até o quarto do meu pai, ele estava sentado na cama olhando pra uma foto dos dois. Quando perguntei o que tinha acontecido ele me disse que ela tinha ido embora. Meu pai ficou triste por várias semanas, esquecia-se de tudo, não tomava conta direito de mim e da minha irmã. Kim sempre fazia isso, ia nos buscar no colégio, nos dava banho, ensinava nosso dever, quando deixávamos claro. Um mês depois de ver meu pai decair, fui atrás dela e exige que ela voltasse pra casa. Kim ria enquanto eu esbravejava tudo, meu medo dela tomar o lugar da minha mãe, o meu medo dela ser uma bruxa em pele de cordeiro, que eu odiava o seu macarrão com queijo, e que ela devia trocar o fusca. Lembro-me de ficar muito brava com ela por estar rindo, mas então ela veio na minha direção e me abraçou.
- Não quero tomar o lugar da sua mãe. Também prometo que vou trocar meu carro, e acho que vou aprender a cozinhar um macarrão com queijo, e enquanto eu me tornar uma bruxa. Eu não preciso você já faz isso por nós duas.
Daquele dia em diante nos tornamos "amigas", ela me ajudou na minha primeira menstruação, segurou minha mão enquanto eu gritava ao mundo meu ódio por ter nascido com uma vagina. Ajudou meu pai a criar a mim e Ashley, minha irmã mais velha. Oliver nessa época morava com o pai, veio morar conosco quando fez dez anos.
- Oliver, Amber não precisa seguir padrões de beleza, ela é o que ela é. Já devia ter se acostumado. - Kim diz e pisca pra mim.
- Eu sempre vou preferir a Ashley. - ele esbraveja e sai da mesa. Dou de ombros e volto a comer.
- Planeja atormentar quantos hoje? - meu pai diz colocando seu jornal de lado. Olho pra ele com carinha de inocente.
- Uns dez ou vinte, depende da primeira aula. - digo piscando os olhos.
- Ouvi dizer que é de álgebra. - Kim diz esconde o sorriso.
- Já vi que vai ser trinta. - sorrio para os dois e saio. Pego minha bolsa no sofá da sala, Oliver já tinha ido.
Mando beijo no ar para meus pais e vou para a tortura diária do adolescente americano.
Vinte minutos depois cheguei ao colégio. Um abarrotar de selvagens na puberdade, indo e vindo, correndo para abraçar amigos que não se viam durante as férias, uma loucura de gritos até que um me fez virar com um sorriso aberto nos lábios.
- Amigaaaa. - kyra pula no meu pescoço me abraçando.
- Que louca, vai me engasgar criatura. - me afasto da louca que se recompõe.
- Então... Como foram as férias? - ela me olha com sorrisinho manhoso nos lábios.
- Sério kyra? Você sabe como foi. - ponho a mochila nas costas e vou andando até a entrada principal.
- Eu ainda não acredito. Amber você já tem quase dezessete anos e seu pai ainda não te deixa ir nem na esquina compra um bombom. - ela balança a cabeça em negação.
- Não começa com esses dramas Kyra, sabe muito bem que meu pai me deixar sim. Eu saio todos os dias pra trabalhar e ir à sua casa. Não o culpe por eu não gostar das mesmas coisas que você. Não gosto de festas, nem de multidão, ou seja, odeio essa junção de festa e multidão. Meu pai agradece. Eu já to acostumada. - dou de ombros.
- Acostumada é o cacete. - ela exclama irritada. - Amber, você precisa pôr sua cara na rua, como você vai arrumar um cara lindo e gostoso e boa vida pra você? - ela põe a mão na cintura, seus cabelos arrumados como de uma princesa, seu vestido azul claro, uma perfeita patricinha.
- Primeiro. Não quero namorar, Segundo, eu já ponho a cara na rua todos os dias.
- Ir pra biblioteca não é pôr a cara na rua, do que adianta? Se você vai ficar trancada de novo. Esta decidido vou roubar você do seu pai. - kyra diz literalmente irritada. Dou um beijo no topo da sua cabeça e entro na sala.
- Meu pai não é mal essas coisas toda Kyra, ele só é super protetor. - dou de ombros.
- Isso tudo por causa da Ashley. - me sento na minha carteira pensativa. Tocar no nome dela me entristece.
Kyra percebe minha mudança de humor, e senta ao meu lado e se desculpa. - Falei demais né? Desculpa.
- Não, você só fala a verdade.
- Mudando de assunto... Vai mesmo pra UCLA? - meu humor mudou nível hard de alegria.
- Fiz minha inscrição pra bolsa. Estou preparando tudo, obvio, sem meu pai saber, mais acho que tenho chances. - mordi o lábio inferior em nervoso. Kyra dá um dos seus gritinhos e bate as mãos.
- Nem acredito, minha amiga vai fazer psicologia na UCLA... E se você quer saber. - kyra tira um pequeno espelho da sua bolsinha. Ajeita a franja como quem não quer nada e diz. - Eu também me inscrevi... Semana passada. - minha boca escancara, meus olhos ficam em tempo de saltar.
- Sua vaca ordinária. - grito alto, nossos colegas de sala me olham como se eu fosse uma ET, enquanto abraço e belisco minha louca. - sua vaca, por que não me disse.
- Ué, por quê? E perder seu espetáculo, nem mortinha. - ela ri jogando cabelo pra trás.
Risadas essas cessadas quando o garoto problema da escola entra na sala, arrancando suspiros das garotas, inclusive de kyra.
- Ai, eu só queria um beijinho. - ela olha encantada para Landon que desfila pela sala sendo acompanhado por mais dois amigos.
- Eu só queria que o ano acabasse assim não teria que ver esses showzinhos do Sullivan.
- Amiga vai me dizer que não tem assim, nem um tiquinho de vontade de beijar aqueles lábios rosados e afundar os dedos naquele cabelo loiro, ai, ele é meu tamanho, Josh também. - ela suspira
- Eca, chega dessa conversa, hoje eu só quero que o dia acabe, e ir me enfiar naquela montanha de livros na biblioteca.
- Nossa você é tão nerd, que coisa, espero que isso não seja contagioso.
- Se ser uma nerd me ajudar a entrar na UCLA então sim, eu prefiro ser nerd sim, aceito esse titulo.
- Caramba, agora eu fiquei mal, vou até abrir meus livros e afundar neles.
Landon se senta duas cadeiras depois da nossa no nosso lado esquerdo, olhei de relance para ele e flagrei o momento em que Landon me observava, ele me encarava com um típico sorriso no canto da boca.
Respirei frustrada e me virei pra frente.
Hoje eu só quero que o dia termine... Assim como os outros 365.