/0/8006/coverbig.jpg?v=05c2d07fea1609114a9faa044efab093)
TEFFA
Acordei com o barulho chato do despertador, depois de ter despertado umas sete vezes, eu não nasci para acordar cedo.
Calcei meus chinelos, e fui direto para o banho, pois o dia mal havia começado e o calor estava de matar.
Aquele era meu primeiro dia de aula na universidade, era a realização de um sonho de menina, eu sempre quis estudar arte, afinal só ela me entendia. Mas eu estava completamente nervosa. E se não gostassem de mim ? E se eu não fosse boa ou talentosa o suficiente ? Não queria desapontar minha mãe, depois que meus pais se divorciaram as coisas ficaram complicadas pra ela, eu sabia o quanto custava me manter ali.
Coloquei um shorts jeans meio rasgado e uma blusa branca mais soltinha, eu gostava desse estilo meio boho, mas pensei se não deveria usar algo mais estiloso. O meu minúsculo apê era bem perto da faculdade, mas para variar eu já estava atrasada.
Fui praticamente voando pra aula, quando cheguei me deparei com aquelas construções históricas maravilhosas e o quão bela era aquela estrutura, poderia facilmente ter sido um castelo no passado, me peguei imaginando quantas histórias de amor teriam se passado ali, pensamento que afastei imediatamente, sinceramente, não lembro qual foi a última vez que beijei alguém, acho que uns dois anos atrás, em um jogo de verdade ou desafio, o que não vem ao caso.
Depois de virar vários corredores finalmente encontrei minha sala, e para meu azar a aula já havia começado, bati educadamente na porta para entrar, e logo todos voltaram sua atenção para mim, o que me fez querer morrer por dentro.
Sentei em uma das últimas cadeiras, retirei meu material e comecei a observar meus colegas, de fato, meu estilo era péssimo perto daquilo. Alguns muito coloridos, outros com argolas, tinha até uma garota que metade do cabelo era um moicano, mas uma coisa eles tinham em comum, todos respiravam a arte.
O professor aparentava ter uns 40 anos, e estava longe de ser alguém comum. Seu rosto denunciava que já havia feito inúmeras plásticas e sua forma de se expressar era exagerada, como se estivesse declamando versos de uma ilustre poesia, mais tarde ouvi seu nome, era Antony.
Na saída passei por um grupo de pessoas um tanto peculiares e um dos garotos, que me viu saindo, disse que com aquele sotaque carioca para mim "colar no rolê" que teria mais tarde.
Eu praticamente fugi. Chegando em casa, me deparo com uma outra garota, e somente pelo jeito e pelas roupas percebo que ela também cursa artes.
Fui querer ser simpática com ela, e ela quase me xingou, mas depois se desculpou dizendo que teve um ataque de estrelismo e que costumava se identificar como uma fada, mas nas horas restantes era somente Mia.
Assimilei tudo e percebi que ela era minha vizinha do andar de baixo, pois bem, parece que vou ver bastante a Mia.
Quando eu estava subindo ela me convidou para o rolê do pessoal e disse que era nossa recepção de calouros, eu realmente queria fugir, mas ela me puxou pelo braço dizendo que queria me produzir.
Eu não sabia mais como negar, então simplesmente permiti que ela me levasse para o apartamento dela e me produzisse como achasse melhor.
Horas depois, eu estava irreconhecível. Uma boca com um gloss discreto, mas olhos bem marcados com um forte delineado, brincos enormes e um rosto brilhoso e iluminado. Um chapéu conceitual com algumas penas e um salto maravilhoso, cheio de formas geométricas.
Mia estava indiscutivelmente maravilhosa, ela era loira e tinha olhos verdes, e, apesar de exagerar no preto, seus traços ainda eram marcantes, rua roupa era toda preta e pink denunciando sua personalidade extravagante.
Nós fomos íamos encontrar algumas amigas dela lá, e logo me senti aliviada. O problema é que chegando no local marcado, nos deparamos com uma exposição de arte extremamente chique, mas fechada, fora de seu horário de exposição.