Capítulo 3 A exposição

Olhei confusa para Mia tentando entender o que estava acontecendo, ela apenas deu uma piscadinha e me conduziu para uma porta lateral da galeria.

Por fora o ambiente parecia pagado, mas ao entrar estava exatamente o oposto. Devia ter umas 100 pessoas naquele ambiente, todos com seu estilo único de ser, vendo minha expressão assustada, Mia apenas falou:

- Se divirta gata, a noite está apenas começando. Com uma piscadinha, ela sumiu na multidão.

Fiquei meio atordoada e perdida, mas aproveitei a visita privilegiada para admirar as peças daquela exposição, quem a criou, tem, de fato, muito bom gosto.

Muita gente bêbada, alguns chapados e outros se pegando, aquela altura era difícil identificar alguém "normal".

Decidi pegar uma bebida também, nessa hora tinha um rapaz próximo do balcão de bebidas, ele era extremamente bonito, devia ser ator ou algo assim, tinha olhos dourados, pele bronzeada e cabelos loiros, mas parecia um pouco chapado. Ele se aproximou de mim perguntando quem era a novata, pelo seu tom, logo percebi que não deveria dar confiança, mas então ele se apoiou em mim e começou a me agarrar, querendo me puxar para próximo ao seu corpo, o que me deixou bem nervosa, pois eu não tinha experiência e ele era um estranho.

Comecei a tentar me afastar dele, mas todos estavam bêbados demais para tentar entender ou me ajudar, não sabia mais o que fazer, ele estava passando a mão em mim descontroladamente, me desesperei e comecei a chorar, eu não queria aquilo.

Não sei de onde, e nem como, alguém chegou e simplesmente deu um soco no rosto dele, que caiu na hora, e ficou resmungando me chamando de volta, então mais um soco, é mais um, e mais um, até que separaram os dois.

Eu quase chorei de alívio, só conseguia pensar no quanto estava agradecida e em como tinha me livrado daquilo. Virei para agradecer ao meu salvador, quando me deparei com olhos terrivelmente azuis e marcantes. Eu já tinha os visto antes. Só não acreditava que veria novamente.

Nessa hora Mia apareceu, como se nada tivesse acontecido.

- Olha só, quem é vivo sempre aparece. O rapaz dos olhos azuis deu um sorriso de tirar o fôlego, me deu uma leve encarada, e sumiu na multidão.

Ele é muito gatooo!!! Mia exclamava, saltitava e suspirava. E eu concordava mentalmente.

Ela me olhou e disse que ele era o dono da galeria, e que liberava o ambiente para festinhas, mas não se misturava muito, pois era um artista e outras coisas mais.

Tentei não mostrar muito interesse, mas fiquei secretamente me lembrando do dia que o vi dentro daquele carro, tenho certeza que ele, impossível alguém mais no mundo ter aqueles olhos, e aqueles cabelos pretos e sedosos, aquela mandíbula marcada, e voz sedosa... Ahhhh eu não posso surtar, chega Teffa.

Olhei para Mia e falei que queria ir para casa, ela disse que um amigo ia nos dar carona, fiquei imaginando que tipo de amigo era esse.

Um tempo depois, entramos no carro, o "amigo" estava nitidamente bêbado e eu só queria chegar viva em casa, sim, eu tinha aula no dia seguinte.

Eles foram se pegando o caminho inteiro, eu nem sabia que era possível dirigir e fazer aquilo ao mesmo tempo, mas para eles era.

Quando chegamos agradeci e sai correndo com os saltos na mão, eu realmente precisava de um banho quente e refletir sobre aquele dia bizarro.

Fui para um rolê em um lugar incrível cheio de gente doida, que por acaso eram meus colegas, quase fui estuprada, e conheci o dono daqueles olhos incríveis que quase havia me atropelado dias antes.

Muita coisa para uma menina de cidade pequena, eu preciso realmente dormir.

                         

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