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Estava um dia lindo de primavera e depois de ter discutido com meu pai que queria a todo custo que eu começasse a trabalhar toda a tarde na empresa, após a escola com o pretexto que eu devia a me interessar pelos negócios muito cedo. Eu estava frustrado e confuso o que eu quero mesmo é curtir a minha vida, tenho apenas 16 anos, quero viajar, conhecer o mundo e não começar a trabalhar como qualquer empregadinho de vendinha da cidade. Porque era isso que ele queria me expor, trabalhar de atendente na venda turística da Usina "Doce Flor" que de doce não tinha nada.
Imagina eu filho do dono da Usina, o qual um dia vai herdar tudo, trabalhando como um mísero empregadinho de venda era só o que me faltava.
Sai perplexo com as palavras do meu pai em dizer que era necessário eu passar por todos os processos na empresa assim como meu avô e o pai do meu avô fizeram com todos os herdeiros da empresa. Eu me recuso a ter que passar por essa humilhação logo eu, nunca! Deixa pensar que isso irá acontecer. Perdido em meus pensamentos sai com minha bicicleta pela Usina logo depois de sair do escritório do meu pai e sem destino cheguei ao açude e foi quando me deparei com alguém ou com algo se afogando nas águas. Nem pensei o que era ou quem, larguei a bicicleta e mergulhei para salvar o que quer que fosse.
- Calma, por favor pare de se debater eu preciso tirar você da água!
Chegando próximo percebi que era uma moça que estava com dificuldade em sair do lugar e tentei me aproximar, mas ela se debatia tanto que não conseguia ver a possibilidade de salva-la.
- Meu Deus pare de se debater preciso te tirar da água ou você vai morrer.
Me lembrei de um filme que assisti que a pessoa quando fica desesperada num salvamento ela tem que ser desacordada, mas não dava tempo de pensar muito, foi quando percebi que pelo esforço ela tinha desmaiado.
- Ah caramba! Moça calma eu estou te salvando....
Com muito esforço mergulhei para pega lá e percebi que o pé dela estava preso num galho seco, ainda bem que esse lado do açude não era tão profundo. Retirei a moça do açude e levei para a borda foi quando reparei o quanto ela era linda.
Ela tinha os cabelos loiros ondulados até as costas um rosto angelical daqueles que você tem certeza que nunca mais esquece. Fiquei esperando-a acordar mais nada acontecia e me lembrei que devia fazer a tal reanimação que aprendi no curso de primeiros socorros da Usina. Depois de um tempo ela voltou a si colocando toda a água do pulmão para fora.
- Oiee onde estou? Quem é você? Eu estava nadando, o que você está fazendo aqui?
- Obrigado! De nada! Eu estava andando de bike quando percebi que tinha algo de errado no lago e vi você se afogando no açude. Então se você me der um obrigado eu me esqueço da sua má educação.
- Ah desculpe eu estava mergulhando quando percebi que algo me prendia no açude e não conseguia sair. Só me lembro disso, desculpe é que eu.... acordei vi você me beijando e não entendi nada.
- Te beijando? Se ta louca? Eu estava fazendo os procedimentos de reanimação você tava se afogando para sua informação. Você não sabe que é irresponsável nadar nesse açude? Tem diversos perigos e animais peçonhentos nessa água, além de não ser muito higiênico.
- Nossa senhor limpinho, desculpe te dar trabalho. Bem que todos falam que você é grosso e de um mal humor daqueles.
- Ué então você sabe quem eu sou?
- Claro quem não conhece você nessa cidade? Senhor Eduardo Magalhães. Estudamos na mesma escola, e claro você é muito popular sendo o dono filho do dono da cidade.
- Se estudamos na mesma escola, por que eu não sei quem você é?
- Porque você no seu mundinho perfeito não presta atenção as pessoas a sua volta, só ao seu umbigo.
- Você é bem malcriada, menina desconhecida. Devia ser mais agradecida por eu ter te salvado, afinal eu poderia ter ignorado já que tenho o rei na barriga.
- Desculpe minha grosseria Eduardo, eu ainda estou assustada. Meu nome é Ana sou filha do Alberto Sanches que trabalha com seu pai na administração da Usina.
- Ah bacana, não sabia que o Eduardo tinha uma filha.
- Uma não somos 2. Tenho uma irmã.
- Bacana, mas me diz o que você estava fazendo aqui nesse local sozinha e ainda mais nadando no açude. Gosta de perigo?
- Perigo? Claro que não. Essa árvore é meu local preferido de refúgio quando quero fugir da minha mãe e das grosserias da minha irmã. Gosto de vir aqui me refrescar e ler na sombra. É um momento de paz só meu antes de enfrentar o dia a dia. Toda vez que me sinto triste ou me acontece algo venho aqui.
- Eu não conhecia esse lugar, hoje depois de brigar com meu pai sai com minha bike e por algum motivo parei por aqui e vi você com problemas e resolvi ajudar.
- Nunca vou conseguir te agradecer por ter me salvado. Mas quero te pedir uma coisa.
- Peça Ana, se eu puder cumprir.
- Peço que você não conte a ninguém o que houve aqui. Se a minha família souber nunca mais me deixarão sair de casa. Quero saber se pode ser um segredo nosso?
- Hummm.... só com uma condição?
- Qual? Faço qualquer coisa para minha mãe e pai não ficar sabendo disso.
- Que amanhã nesse mesmo horário possamos nos encontrar aqui. Gostei de você e quero te conhecer.
- E por que não podemos conversar na escola?
- Não na escola, não. Lá tem muitas pessoas e elas não iam entender nossa amizade e eu teria que contar a verdade de como te conheci.
- Não isso não, Eduardo. Se essa for sua única condição eu aceito, amanhã estarei te esperando aqui nesse horário.
- Perfeito, adoro meninas obedientes. Nos vemos amanhã então, Ana. Ah... e por favor nem pense em entrar no açude de novo para nadar. Eu posso não estar aqui da próxima vez.
Realmente Ana tinha me encantado, mas eu não podia simplesmente aparecer conversando com ela na escola, o que eu diria aos meus amigos, que estava conversando com a ralé, não nem pensar. Eu podia conhece la melhor me aproveitar da situação e quem sabe tirar alguma vantagem da menina, afinal ela era linda e tínhamos um segredo em comum.
Ana – Descobrindo o amor
Voltando para casa e tentando entender tudo que aconteceu, meu quase afogamento, a conversa com Eduardo o cara mais lindo da escola, da cidade. Ver ele assim tão de perto, sentir o seu cheiro me deixou inebriada e confusa ao mesmo tempo. Mas eu não posso me esquecer que ele me salvou do afogamento e prometeu guardar segredo. Se minha mãe ou irmã ficar sabendo disso socorro, nunca mais saio de casa, principalmente se a Bia souber ela com certeza vai usar isso para me prejudicar. Não nunca! Isso jamais vai se tornar público.
Eduardo era lindo, um pouco marrento confesso, mas mesmo assim charmoso demais e eu estava ansiosa para vê-lo novamente amanhã no açude.
- Sonhando acordada irmã? Viu algum passarinho verde onde você esteve? Aliás lembrando bem, onde você passou a tarde, mamãe vai me perguntar e preciso saber.
- Bia deixa de ser enxerida eu estava na casa da Ro. Passamos a tarde juntas batendo papo e estudando.
- Humm.... sei, mas algo me diz que isso não aconteceu de verdade. Você passando a tarde com a Roberta e volta de lá toda sonhadora. Tem algo errado nessa sua versão.
- Você que gosta de implicar e achar sempre algo para ficar me atazanando. Vai passear Bia que eu estou ocupada.
- Sei ocupada sonhando com um passarinho verde. Vou guardar essa. Mas vim te chamar para descer para o jantar. Você sabe como nosso pai faz questão de estarmos a mesa no jantar, então para de sonhar e desce logo.
- Muito obrigada senhora perfeita, já vou descer.
Bia era minha irmã a 15 anos, mas nunca entendi porque dessa rivalidade toda comigo, desse mal humor e principalmente dessa necessidade de maldar tudo o que eu fazia. Lembro que quando criança ela não perdia uma oportunidade de fazer algo errado e colocar a culpa em mim usando de toda a sua fragilidade e doença para manipular meus pais. Nunca me preocupei com isso enquanto éramos pequenas, mas agora essa rivalidade e maldade me preocupava.
- Até que enfim a bela adormecida desceu para jantar, já estávamos cansados de te esperar.
- Bia para de implicância com sua irmã, nem foi tanta demora assim.
- Você como sempre defende sua santinha pai, nunca se preocupou comigo de verdade.
- Quanto drama Bia.
- Alberto por favor você sabe que a Bia tem o pulmão frágil e não pode ter aborrecimentos. Venha filhinha sente aqui na sua cadeira e vamos jantar em paz.
E assim eram nossas noites de jantar em família, minha irmã sempre dava um jeito de arrumar um pretexto para se fazer de vitima da situação e implicar comigo e fazer com que eu fosse sem coração.