Capítulo 3 O Motivo da minha dor

Menos de vinte minutos depois, já estava em casa. Seu apartamento confortável estava escuro e isso o deixou aliviado. Jonas era conhecido por levar uma vida boêmia e tinha sempre uma mulher consigo. Seu apartamento era movimentado, e o porteiro do prédio já conhecia todas as mulheres que Jonas levava pra lá. Algumas vezes, tinha autorização pra deixar entrar, mesmo que ele não estivesse.

Ao entrar e perceber que passaria a noite sozinho, Jonas ficou satisfeito. Estava cansado e ao mesmo tempo com muitos pensamentos pra organizar, uma companhia essa noite só ia atrapalhar. Ele não entendia o porquê, mais hoje não se incomodava de estar só.

Colocou as chaves no gancho, caminhou até a sala e, literalmente, se jogou no sofá. A janela, que ficava bem em frente tinha uma linda vista para o centro da cidade. As luzes, o parque, parte da orla, dava pra ver tudo dali, de onde ele estava, jogado no sofá.

Pensou naquela moça que, por um acidente de percurso, acabará de conhecer. Linda, olhar firme, e que fala delicada. Percebia- se que era uma mulher muito bem educada, e também muito inteligente.

- Laura!!! - suspirou.

Mais no mesmo instante, se agitou, levantou e partiu para o banho. Quando terminou foi direto para a cama e adormeceu muito rápido e profundamente. Parecia que tinha sido beijado por anjos, seus muitos pensamentos sumiram e agora ele só conseguia pensar nela, na mulher do acidente.

Na manhã seguinte, como em todas as outras, ele se levantou, calçou o tênis de corrida e partiu em direção ao parque da cidade. Correu como se não houvesse amanhã. Quando se deu conta, estava em frente ao prédio, onde havia deixado Laura na noite anterior. Parou um pouco pra respirar e a viu saindo do prédio. Como podia ser tão linda, mesmo ao longe, Jonas observava e ficava mais encantado coma beleza da jovem.

Enquanto Jonas se perdia em meio aos seus devaneios, ouviu vozes alteradas, e logo viu, sua bela dama se exaltando com um homem que se aproximava dela. Sem saber ao certo o que fazer, ficou parado analisando a situação.

- Por favor, apenas me escuta. Deixa eu te explicar o que aconteceu. - Vitor tentava desesperadamente ser ouvido.

- Você não pode por um fim em tudo o que vivemos por causa de um errinho.- completou.

- Eu não quero ouvir nada, vai embora. Esquece o que eu existo.

Laura não queria mais conversa, a cena que ela presenciou na noite anterior ainda estava nítida em sua memória. Seu namorado ali, na sala do apartamento dele, sem camisa abraçado e beijando uma mulher seminua em um clima que claramente terminaría na cama se Laura não tivesse chegado de surpresa.

Ao ver aquilo, ela saiu correndo de lá. Vitor ligou e insistiu pra que ela voltasse, mas ela não queria conversa. Depois ainda teve o acidente, o tempo que ficou no hospital e as dores que ainda estavam lá, gritando em seu corpo.

Ao perceber que a conversa estava sendo observada, Vitor se exaltou:

- Já que você quer assim, eu vou. - então, percebendo a expressão de desespero no rosto dela, ele falou ainda mais alto:

- Você achou mesmo que eu ia ficar esse tempo todo esperando por você. Assim como eu tive você, eu posso arrumar várias outras. Você sempre soube quem eu era. - terminou de falar e imediatamente entrou no carro. Saiu do local a toda velocidade.

Só então Laura se deu conta das pessoas olhando pra cena que acabara de acontecer. Um turbilhão de emoções ruins tomou conta, enquanto em sua cabeça ela gritava que não ia mais chorar, e seus olhos foram se enchendo de lágrimas. Laura sabia que aquela não seria a última vez que encontraria Vitor. Quando as primeiras lágrimas estavam a ponto de rolar em seu rosto, ela sentiu aquelas mãos em seus ombros. Aquele toque já havia se tornado familiar. Ela ergueu a cabeça e os olhos imediatamente se encontraram. Naquele olhar ela, finalmente, encontrou a paz e a tranquilidade que precisava.

            
            

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