- Eu acho que você me irrita mais quando soa como Nino que com seu próprio tipo de loucura, - disse Fabiano. - Não consigo acreditar que estou a poucos quilômetros do meu pai e não posso rasgá-lo em pedaços.
- Você vai pegá-lo. Meu plano vai trazê-lo até você eventualmente.
- Eu não gosto da parte final. Tenho a sensação de que esse plano é mais do que matar meu pai e punir a Outfit.
Eu me inclinei contra o assento do carro. - E o que seria isso?
Fabiano encontrou meu olhar. - Sobre você colocar as mãos na sobrinha de Dante por qualquer motivo insano.
Minha boca curvou em um sorriso sombrio. - Você sabe exatamente porque a quero.
Fabiano se recostou em seu próprio assento, expressão tensa. - Eu não acho que você saiba exatamente porque a quer. Mas sei que a garota vai pagar por algo que ela não é responsável.
- Ela faz parte do nosso mundo. Nascida e criada para ser mãe de mais bastardos Outfit. Nascida e criada para obedecer como uma ovelha sem cérebro. Ela foi criada para seguir seu pastor sem hesitação. Ele a levou em direção a um bando de lobos. O erro é dele, mas ela será despedaçada.
Fabiano balançou a cabeça. - Porra, Remo. Você é um filho da puta maluco.
Enrolei meus dedos firmemente em torno de seu antebraço, sobre sua tatuagem de Camorra - a lâmina e o olho. - Você é um de nós. Nós sangramos e morremos juntos. Nós mutilamos e matamos juntos. Não esqueça seu juramento.
- Eu não vou, - ele disse simplesmente.
Eu o libertei. Meus olhos se moveram para frente do hotel, onde os pais de Serafina, Ines e Pietro Mione, tinham acabado de sair pela porta com uma jovem garota de cabelos escuros entre eles. Usando trajes formais para o casamento do ano, Ines parecia muito com seu irmão. Alta, loira e orgulhosa. Orgulhosa e controlada pra caralho.
- Não vai demorar muito agora, - eu disse, olhando para a rua onde o carro com meus dois soldados esperava.
Fabiano colocou as chaves na ignição enquanto observávamos os Miones partirem. - Seu gêmeo estará com ela, - disse ele. - E há também o guarda-costas.
Meus olhos procuraram o cara de meia-idade ao volante de uma limusine Bentley estacionada na entrada do hotel. Um maldito arranjo de flores no capô. Flores brancas. Eu queria esmagá-las sob minhas botas.
- Eles tornaram muito fácil descobrir o carro da noiva, - eu disse com uma risada.
- Porque não esperam um ataque. Isso nunca foi feito antes. Funerais e casamentos são sagrados.
- Houve casamentos sangrentos antes. Eles deveriam ter mais cuidado.
- Mas esses casamentos tornaram-se sangrentos porque os convidados brigaram entre si. Não acho que alguém já atacou um casamento, especialmente a noiva, de propósito. A honra proíbe isso.
Eu ri. - Nós somos a Camorra. Temos nossas próprias regras, nossa própria ideia de honra.
- Acho que eles perceberão isso hoje, - disse ele com firmeza.
Meus olhos examinaram a frente do hotel. Em algum lugar atrás de suas janelas, Serafina estava se preparando para seu casamento. Ela seria preparada a perfeição, uma aparição em branco. Eu mal podia esperar para colocar minhas mãos nela, manchar o tecido perfeitamente branco em vermelho-sangue.
SERAFINA
- Você não precisa ter medo, querida, - disse a mãe em voz baixa para que Sofia não a ouvisse. Minha irmãzinha estava ocupada puxando os grampos, mantendo seu cabelo arrumado acima da cabeça, fazendo caretas.
- Eu não tenho, - eu disse rapidamente, o que era uma mentira. Não era que estivesse com medo de dormir com Danilo, mas estava nervosa e preocupada em me envergonhar. Eu não gostava de ser ruim nas coisas, e eu seria ruim, já que não tinha experiência.
Ela me lançou um olhar sábio. - Tudo bem estar nervosa. Mas ele é um homem decente. Dante fala sempre enaltecendo Danilo. - Mamãe tentou soar casual, mas falhou miseravelmente. Ela acariciava meu cabelo como costumava fazer quando eu era pequena.
Nós duas sabíamos que havia uma diferença entre ser um homem decente e um soldado leal a Outfit. Tio Dante provavelmente baseava seu julgamento de Danilo no segundo. Não que isso importasse. Danilo sempre foi um cavalheiro e seria meu marido em poucas horas. Era meu dever me submeter a ele, e eu faria isso.
Meu cabeleireiro ocupou o lugar de mamãe e começou a prender meu cabelo loiro, arrumando pérolas e cordões de ouro branco. Mamãe notou Sofia brigando com o penteado e rapidamente se aproximou dela. - Pare com isso, Sofia. Você já soltou alguns fios.
Sofia baixou as mãos com um olhar resignado. Então seus olhos azuis encontraram os meus. Eu sorri para ela. Evitando as mãos de mamãe, ela veio para o meu lado e olhou para mim. - Eu mal posso esperar para ser uma noiva.
- Primeiro, você vai terminar a escola, - eu a provoquei. Ela tinha apenas onze anos e ainda não havia sido prometida a ninguém. Nos casamentos dela, era sobre parecer bonita e o nobre cavalheiro com quem se casaria. Eu invejava sua ignorância.
- Pronto, - o cabeleireiro anunciou e recuou.
- Obrigada, - eu disse. Ela assentiu e rapidamente saiu, nos dando um momento.
O vestido era absolutamente deslumbrante. Eu não conseguia parar de me admirar no espelho, virando para a esquerda e para a direita. As pérolas e linhas bordadas em prata atraíam a luz lindamente, e a saia era um sonho que consistia em várias camadas do mais fino tule. Mamãe balançou a cabeça, as lágrimas borrando seus olhos.
- Não chore, mãe, - eu avisei. - Você vai estragar sua maquiagem. E se começar a chorar, vou chorar também e então minha maquiagem também ficará arruinada.
Mamãe assentiu, piscando. - Você está certa, Fina. - Ela enxugou os olhos com o canto de um lenço de papel. Mamãe não era o tipo emocional. Ela era como seu irmão, meu tio Dante. Sofia sorriu para mim.
Uma batida soou e papai espreitou da porta. Ele congelou e lentamente entrou. Ele me observou sem dizer uma palavra. Eu podia ver a emoção nadando em seus olhos, mas ele nunca mostraria isso abertamente. Ele veio em minha direção e tocou dois dedos nas minhas bochechas. - Pombinha, você é a noiva mais linda que eu já vi.
Mamãe levantou as sobrancelhas em choque simulado. Papai riu e pegou a mão dela, beijando os nós dos dedos. - Você foi, claro, uma noiva de tirar o fôlego, Ines.
- E eu? - Perguntou Sofia. - Talvez eu seja ainda mais bonita?
Papai levantou um dedo. - Vou mantê-la como minha filhinha para sempre. Nenhum casamento para você.
Sofia fez beicinho e papai balançou a cabeça. - Precisamos ir para a igreja agora. - Ele beijou minha bochecha, em seguida, pegou a mão de Sofia. Os três saíram. Mamãe virou mais uma vez e me deu um sorriso orgulhoso.
Samuel apareceu na porta, vestido um terno preto e gravata azul. - Você parece muito elegante, - eu disse a ele e senti uma onda de melancolia. Ele estaria a centenas de quilômetros de mim quando eu me mudasse para a vila de Danilo em Indianápolis.
- E você está linda, - ele disse baixinho, seus olhos me examinando da cabeça aos pés.
Ele se afastou do batente da porta e andou na minha direção, com as mãos nos bolsos. - Vai ser estranho sem você.
- Vou avisar Sofia que ela precisa mantê-lo na ponta dos pés.
- Não será o mesmo.
- Você vai se casar daqui a alguns anos. E logo você estará ainda mais ocupado com os negócios da máfia. Você nem vai notar que parti.
Samuel suspirou, em seguida, olhou para o Rolex que o pai lhe deu por sua iniciação, cinco anos atrás. - Também precisamos ir. A cerimônia deve começar em quarenta e cinco minutos. Vai demorar pelo menos trinta minutos para chegar à igreja.
A igreja ficava fora dos limites da cidade. Eu quis que a celebração acontecesse em um celeiro reformado no campo, cercado por florestas, não na cidade.
Eu balancei a cabeça, em seguida, verifiquei meu reflexo mais uma vez antes de pegar sua mão estendida. Com os braços ligados, saímos da suíte e entramos no saguão do hotel. As pessoas olhavam na minha direção e tinha que admitir que gostei da atenção delas. O vestido custara uma pequena fortuna. Foi justo, já que um grande número de pessoas me veria nele. Este casamento era o maior evento social da Outfit em anos.
Samuel abriu a porta do Bentley preto para mim e eu deslizei no banco de trás, tentando ajeitar a saia do vestido ao meu redor. Samuel fechou a porta e entrou na frente ao lado do motorista, meu guardacostas.
Nós nos afastamos e meu estômago explodiu com borboletas. Em menos de uma hora eu seria a esposa de Danilo. Ainda parecia irreal. Logo, os prédios altos deram lugar a campos e árvores ocasionais.
Samuel se mexeu no banco da frente, puxando sua arma.
- O que há de errado? - Eu perguntei.
Nós aceleramos. Samuel olhou por cima do ombro, mas não para mim. Eu me virei também e vi um carro logo atrás de nós com dois homens. Samuel pegou o telefone e levou-o ao ouvido. Antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, outro carro surgiu do lado e colidiu com o nosso. Nós giramos. Eu gritei, segurando o assento enquanto o cinto beliscava minha pele.
- Abaixe-se! - Samuel gritou. Eu me soltei e me joguei para frente, meus braços sobre a minha cabeça. Nós colidimos com outra coisa e paramos. O que estava acontecendo?
Samuel empurrou a porta e começou a atirar. Meu guarda-costas o seguiu. As janelas explodiram e eu gritei quando cacos de vidro caíram sobre minha pele. Um homem gritou e minha cabeça voou para cima. - Samuel? - Eu gritei.
- Corra, Fina!
Eu me enfiei no espaço entre os bancos da frente e encontrei Samuel encostado na lateral do carro, o sangue escorrendo sobre a mão que ele pressionava ao seu lado. Eu lutei para fora da porta e afundei no chão ao lado dele, tocando-o. - Sam?
Ele me deu um sorriso tenso. - Eu vou ficar bem. Corra, Fina. Eles querem você. Corra.
- Quem me quer? - Eu pisquei para ele, sem entender. Ele atirou em nossos atacantes novamente. - Corra!
Eu levantei. Se eles me queriam, me seguiriam se eu corresse e deixariam Samuel em paz. - Chame reforços.
Eu chutei meus saltos, agarrei meu vestido e comecei a correr o mais rápido que pude. Pétalas brancas do arranjo de flores destruídas ficaram presas aos meus dedos. Ninguém atirou em mim. Isso significava que eles me queriam viva, e eu sabia que isso não poderia ser uma coisa boa. Eu virei para a direita, onde uma floresta se estendia na minha frente. Era a minha única chance de despistá-los. Minha respiração saía em suspiros curtos. Eu estava em forma e era uma boa corredora, mas o tecido pesado do meu vestido me atrasou. Galhos puxaram o vestido, rasgando-o, fazendo-me tropeçar.
Passos mais pesados soaram atrás de mim. Eu não ousei olhar por cima do meu ombro para ver quem estava me perseguindo. Os passos se aproximavam de mim. Oh Deus. Este vestido estava me deixando muito lenta.
Samuel já havia chamado reforços?
E então um pensamento pior baniu esse último. E se Samuel não sobreviveu? Virei para a direita, decidindo correr de volta para o carro. Outro som de passos se juntou ao primeiro. Dois perseguidores.
Medo bateu em minhas veias, mas não diminuí. Uma sombra apareceu no canto do meu olho e, de repente, uma forma alta chegou ao meu lado. Eu gritei um segundo antes de um braço circular minha cintura. A força disso me fez perder o equilíbrio e caí no chão. Um corpo pesado esmagou o meu. O ar saiu dos meus pulmões e minha visão ficou preta pelo impacto de aterrissar com força no chão da floresta.
Eu comecei a chutar, bater, arranhar e gritar com todas as minhas forças. Mas algumas camadas de tule cobriram meu rosto e tornaram o movimento difícil. Se papai e Dante chegassem com reforços, precisavam me ouvir para me encontrar.
Uma mão apertou minha boca e eu a mordi.
- Porra!
A mão se afastou e a voz era familiar, mas não pude identificá-la em meu pânico. O tule ainda obstruía minha visão. Consegui ver duas formas acima de mim. Altos. Um moreno, um loiro.
- Precisamos nos apressar, - alguém rosnou. Eu tremi com a dura brutalidade da voz.
Algo pesado firmou meus quadris, e duas mãos fortes agarraram meus pulsos, empurrando-os no chão. Eu tentei fugir, mas uma mão veio em direção ao meu rosto. Tentei mordê-la novamente, mas não consegui. Meu raio de ação era limitado com meus braços acima da minha cabeça. O tule foi removido do meu rosto e finalmente pude ver meus agressores. O homem sentado nos meus quadris tinha cabelos e olhos negros e uma cicatriz no rosto. O olhar que ele me deu enviou uma onda de terror pelo meu corpo.
Eu o tinha visto antes, mas não tinha certeza de onde. Meus olhos dispararam para o outro homem segurando minhas mãos e eu congelei. Eu conhecia o homem loiro e aqueles olhos azuis. Fabiano Scuderi, o garoto com quem eu brincava quando era mais nova. O garoto que fugiu e se juntou à Camorra.
Finalmente, clicou. Meu olhar disparou de volta para o homem de cabelos negros. Remo Falcone, Capo da Camorra. Eu empurrei violentamente, uma nova onda de pânico me dando força. Eu arqueei, mas Remo não se mexeu.
- Calma, - disse Fabiano. Uma de suas mãos sangrava de onde eu o mordi. Calma? Calma? A Camorra estava tentando me sequestrar!
Abrindo minha boca, tentei gritar novamente. Desta vez, Remo cobriu minha boca antes que eu tivesse a chance de machucá-lo. - Dêlhe o tranquilizante, - ele ordenou.
Eu balancei minha cabeça freneticamente, mas algo picou o interior do meu cotovelo e perfurou minha pele. Meus músculos ficaram pesados, mas eu não desmaiei completamente. Eu fui liberada e Remo Falcone deslizou as mãos debaixo de mim, levantando comigo em seus braços. Meus membros pendiam frouxamente ao meu lado, mas meus olhos permaneciam abertos e no meu captor. Seus olhos escuros se fixaram em mim brevemente antes de começar a correr. Árvores e céu passavam enquanto eu olhava para cima.
- Fina! - Eu ouvi Samuel à distância.
- Sam, - eu ofeguei, apenas um sussurro.
Então papai. - Fina? Fina, onde você está?
Mais vozes masculinas soaram, vindo me salvar.
- Mais rápido! - Gritou Fabiano. - À direita! - Galhos estalavam sob os pés. Remo respirava mais pesado, mas seu aperto em mim permaneceu firme. Saímos da floresta e entramos em uma rua.
De repente, pneus guincharam e a esperança me encheu, mas desapareceu quando fui colocada dentro de um veículo no banco de trás, e Remo deslizou ao meu lado.
- Dirija!
Eu olhei para o teto cinza do carro, minha respiração irregular.
- Nossa, que linda noiva você é, - disse Remo. Eu levantei meus olhos e encontrei os dele, desejando que não tivesse, porque o sorriso torcido em seu rosto queimava através de mim como uma tempestade de terror. Então eu desmaiei.
REMO
Serafina desmaiou ao meu lado. Eu a observei atentamente. Agora que ela não estava se debatendo ou gritando, eu podia admirá-la como uma noiva merecia. Pontos de sangue salpicaram seu vestido como rubis e estragaram a pele macia de seu decote. Pura perfeição.
- Parece que os despistamos, - murmurou Fabiano.
Meus olhos foram atraídos para a janela de trás, mas ninguém nos seguia no momento. Nós machucamos, não matamos os dois companheiros de Serafina, então parte das forças perderia tempo cuidando de seus ferimentos.
- Ela é um belo pedaço de bunda, - Simeone comentou por trás do volante.
Eu me inclinei para frente. - E você nunca mais vai olhar para ela a menos que queira que eu arranque seus olhos e enfie-os na sua bunda. Mais uma palavra desrespeitosa e sua língua fará companhia aos olhos, entendeu?
Simeone deu um aceno brusco.
Fabiano me olhou com uma expressão curiosa. Eu me inclinei para trás e retornei meu olhar para a mulher enrolada ao meu lado no banco. Seus cabelos estavam presos firmemente à cabeça, como se até mesmo essa parte dela precisasse ser domada e controlada, mas um fio rebelde se libertara e se enrolara descontroladamente sobre sua têmpora. Eu o enrolei em volta do meu dedo. Eu mal podia esperar para descobrir quão mansa Serafina realmente era.
Levei Serafina para o quarto do motel e a coloquei em uma das duas camas. Alcançando um galho que se emaranhou em seu cabelo, eu o removi antes de desfazer seu penteado, deixando seu cabelo cair no travesseiro. Eu me endireitei.
Fabiano suspirou. - Cavallaro buscará retaliação.
- Ele não vai nos atacar enquanto a tivermos. Ela é vulnerável e ele sabe que não pode tirá-la de Vegas viva.
Fabiano assentiu com a cabeça, os olhos se movendo para Serafina, que estava deitada na cama, com o rosto inclinado para o lado, o pescoço longo e elegante em exibição. Meu olhar baixou para a renda fina acima do suave volume de seu seio. Um vestido de gola alta. Modesto e elegante, nada vulgar ou excessivamente sexy sobre a sobrinha de Dante, e ainda assim ela teria deixado muitos homens de joelhos. Ela parecia um maldito anjo com seus cabelos loiros e pele pálida, e o vestido branco apenas enfatizava essa impressão. O epítome da inocência e pureza. Eu tive que engolir uma risada.
- O que você está pensando? - Fabiano perguntou cautelosamente enquanto seguia meu olhar em direção à noiva.
- Que não poderiam ter enfatizado mais sua inocência se tivesse tentado. - Eu me aproximei, meu olhar percorrendo seus estreitos quadris. - Eu prefiro as manchas de sangue em seu vestido.
- Era o casamento dela. É claro que enfatizariam sua pureza. Você sabe como é. Meninas em nossos círculos são protegidas até o casamento. Elas devem perder sua inocência na noite de núpcias. Cavallaro e seu noivo provavelmente farão qualquer coisa para garantir que ela volte a eles intocada. Danilo é subchefe. Seu pai é subchefe. Dante fodido Cavallaro é seu tio. Não importa o que você peça, eles lhe darão. Se você pedir que entreguem meu pai agora, eles farão isso e nos livraremos dela.
Eu balancei a cabeça. - Eu não vou pedir nada ainda. Não tornarei isso tão fácil para eles. Eles atacaram Las Vegas. Eles tentaram matar meus irmãos, tentaram matar você e eu. Eles trouxeram guerra à minha cidade e levarei guerra para o meio deles. Eu vou destruí-los de dentro. Eu vou quebrá-los.
Fabiano franziu a testa. - Como?
Eu olhei para ele. A sugestão de cautela em sua voz era quase imperceptível, mas eu o conhecia bem. - Quebrando alguém que eles deveriam proteger. Se há uma coisa que sei, é que mesmo homens como nós raramente se perdoam por deixar as pessoas que deveriam proteger se machucar. Sua família ficará louca de preocupação por ela. Todos os dias se perguntarão o que está acontecendo com ela. Eles imaginarão quanto ela está sofrendo. Sua mãe vai culpar seu marido e irmão. E eles vão se culpar. Sua culpa se espalhará como câncer entre eles. E vou alimentar sua preocupação. Eu os separarei.
Fabiano baixou o olhar para Serafina, que começou a se mexer levemente. O rasgo em seu vestido de casamento mudou, expondo sua longa perna nua. Ela estava usando uma liga branca de renda. Fabiano pegou a saia do vestido e cobriu sua perna. Eu inclinei minha cabeça para ele.
- Ela é uma inocente, - ele disse de forma neutra.
- Ela não voltará para eles inocente, - eu disse sombriamente.
Fabiano encontrou meu olhar. - Machucá-la não vai quebrar a Outfit. Eles se unirão para derrubá-lo.
- Vamos ver, - murmurei. - Vamos ligar para Nino e ver qual caminho escolher. - Fabiano e eu nos aproximamos da mesa e colocamos o telefone no viva-voz.
Quando terminamos nossa ligação Serafina gemeu. Nós nos viramos para ela. Ela acordou sobressaltada, desorientada. Ela piscou lentamente para a parede e depois para o teto. Seus movimentos eram lentos, moles. A respiração dela acelerou, e ela olhou para o seu corpo, suas mãos sentindo suas costelas, em seguida, mais abaixo, descansando em seu abdômen - como se ela achasse que a havíamos fodido enquanto estava desmaiada. Eu supus que fazia sentido. Ela teria ficado dolorida.
- Se você continuar se tocando assim, não serei responsável por minhas ações.
Seu olhar disparou para nós, seu corpo endurecendo.
- Nós não tocamos em você enquanto estava inconsciente, - Fabiano disse a ela.
Seus olhos dispararam entre ele e eu. Era óbvio que ela não tinha certeza se poderia acreditar nele.
- Você saberia se Fabiano ou eu a tivéssemos fodido, confie em mim, Serafina.
Ela apertou os lábios, medo e desgosto rodando em seus olhos azuis. Ela começou a se contorcer e balançar como se estivesse tentando sair da cama, mas não conseguia controlar seu corpo. Por fim, fechou os olhos, o peito arfando, os dedos tremendo contra o cobertor.
- Ela ainda está drogada, - disse Fabiano.
- Vou pegar uma coca. Talvez a cafeína a deixe sóbria. Eu não gosto dela tão fraca e indiferente. Não é um desafio.
SERAFINA
Eu assisti Remo sair da sala e me forcei a sentar. - Fabiano, - eu sussurrei.
Ele chegou mais perto e se ajoelhou diante de mim. - Fina, - ele disse simplesmente. Só meu irmão me chamava por esse nome, mas Fabiano sempre brincava conosco quando éramos pequenos e me conhecia pelo apelido.
Minha mãe não me criou para implorar, mas eu estava desesperada. Eu toquei a mão dele. - Por favor, me ajude. Você fazia parte da Outfit. Você não pode permitir isso.
Ele afastou a mão, os olhos duros. - Eu sou parte da Camorra. Ele se levantou e olhou para mim sem uma sugestão de emoção.
- O que vai acontecer comigo? O que o seu Capo quer comigo? - Eu perguntei com voz rouca.
Por um segundo seus olhos suavizaram, e essa foi a resposta mais aterrorizante que ele poderia ter me dado. - A Outfit nos atacou em nosso próprio território. Remo está retaliando.
Um terror gelado arranhou minhas entranhas. - Mas eu não tenho nada a ver com seus negócios.
- Você não, mas Dante é seu tio e seu pai e noivo são membros de alta patente da Outfit.
Eu olhei para as minhas mãos. Meus dedos estavam brancos como giz, agarrados ao tecido do meu vestido. Então notei as manchas vermelhas e rapidamente soltei o tule. - Então ele vai fazê-los pagar, me machucando? - Minha voz quebrou. Limpei a garganta, tentando com força e não conseguindo manter a compostura.
- Remo não divulgou seu plano para mim, - ele disse, mas eu não acreditei nele por um segundo. - Ele pode usá-la para subornar seu tio a entregar partes de seu território... ou seu Consigliere.
Tio Dante nunca desistiria de parte de seu território, nem mesmo pela família, não importava o quanto minha mãe lhe pedisse, nem entregaria um de seus homens, seu Consigliere. Ele não podia, não por uma garota. Eu estava perdida.
Minha visão nublou novamente e caí de volta no colchão.
Através da nebulosidade, ouvi a voz de Remo. - Mudança de planos. Deixe-a dormir até as drogas saírem de seu sistema enquanto dirigimos. Perdemos muito tempo neste lugar. Nino ligou novamente. Ele sugere que saíamos agora. Ele enviou nosso helicóptero para nos pegar no Kansas. Ele ouviu de Grigory que Cavallaro convocou todos os soldados a procurarem sua sobrinha e ainda estamos à margem de seu território.
Dante estava tentando me salvar. Papai e Danilo estariam procurando por mim também. E Samuel, meu Samuel, procuraria por mim. Se ainda estivéssemos no território da Outfit, nem toda a esperança estava perdida.