Nos Braços da Máfia - ESPECIAL SERAFINA
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Capítulo 7 7

SERAFINA

Minhas mãos estavam espalhadas contra os azulejos brancos do chuveiro. Eu não conseguia respirar. O terror entupiu minha garganta. Nada na minha educação me preparou para isso. Nada poderia ter. Eu estava desmoronando rápido. Mais rápido do que jamais pensei ser possível.

Orgulho e honra eram os pilares do nosso mundo, os pilares da minha criação. Eu precisava me apegar a isso. Ele poderia tirar tudo de mim, mas não isso. Nunca isso.

Simeone estava gritando e pressionei as palmas das minhas mãos contra os meus ouvidos, tentando ignorá-lo - sem sucesso.

Princesa do gelo não mais.

Meus olhos estavam embaçados pelas lágrimas e pela água. Mas a imagem de Remo afundando sua faca em um homem com aquele sorriso torcido em seu rosto estava gravada em minha mente. Como eu deveria manter meu orgulho? Como poderia manter minha cabeça erguida e não deixá-lo ver meu medo? Nada jamais me assustara mais do que Remo Falcone.

Monstros não são reais, minha mãe havia me dito há muito tempo quando eu tinha medo de dormir no escuro e continuei rastejando na cama de Samuel. Eu não tinha acreditado nela naquela época, e isso foi antes de conhecer Remo.

Os gritos pararam.

Estremeci e abaixei minhas mãos lentamente. Algo vermelho chamou minha atenção. Eu olhei para o chão do chuveiro onde a água vermelha estava em volta dos meus pés. Eu pisquei. E então percebi. Chuveiro ao nível do chão. Remo enfiando a faca no homem... Meus pés pareciam ainda mais pálidos contra o vermelho. Minha visão mudou e algo se rompeu em mim. Eu estava de pé no sangue de alguém.

Eu me ouvi gritando e tentei sair do sangue, mas o chão estava escorregadio. Eu me virei, segurando as paredes do chuveiro. E então vi o resto da cela. O chão inteiro estava coberto de sangue, e em meio a tudo estava Remo, alto e sombrio, a faca ainda brilhando em sua mão. Seu peito e braços estavam manchados de sangue. Vermelho. Vermelho. Vermelho. Em toda parte.

Eu ainda estava gritando e gritando até que não consegui mais gritar porque não havia mais ar nos meus pulmões. E eu não conseguia respirar.

Remo embainhou sua faca e se aproximou de mim.

Eu me debati, tentando me afastar dele, do sangue, da visão do homem morto atrás de Remo.

Meus pés escorregaram no piso e eu estava caindo. Meus joelhos afundaram no sangue, minhas mãos seguiram.

Remo me puxou para cima, meu corpo pressionado contra o dele, e o cheiro de sangue encheu meu nariz. Eu agarrei seus ombros por equilíbrio. E então puxei uma mão para trás e ela estava vermelha. E um olhar para baixo. Vermelho. Minha pele. Vermelho. Tudo vermelho.

Meus olhos encontraram o corpo coberto de sangue de Remo. Vermelho. Vermelho. Vermelho.

Eu comecei a lutar contra o seu domínio. Eu lutei com tudo que tinha. - Por favor, - eu ofeguei. Remo me levantou em seus braços e eu não tinha mais nenhuma luta em mim. Ele me carregou descalço pela cela, passando por cima do homem morto. Quando ele se livrou de seus sapatos?

Uma risada histérica borbulhou na minha garganta, mas se transformou em um soluço. Isso era demais.

Remo entrou em outra cela e me colocou no chão do chuveiro. Eu afundei, deitando de lado, incapaz de permanecer na posição sentada. Meu peito estava arfando, mas eu não estava respirando. Através da minha visão nebulosa, vi Remo tirando suas roupas ensanguentadas e andando em minha direção. Nu. Eu não registrei mais do que isso.

Eu fechei meus olhos.

Ele colocou seus braços sob meus joelhos e costas e me levantou mais uma vez. Então água fria caiu em cima de mim, e eu respirei fundo, meus olhos se abrindo. Remo se deslocou comigo em seus braços, inclinando-se para frente, sua testa pressionada contra os azulejos enquanto olhava para mim. Seu corpo me protegeu da água fria caindo sobre nós, e seus olhos escuros seguraram os meus.

- Demora um pouco antes que a água esquente aqui, - ele disse calmamente.

Tão calmo. Meus olhos procuraram seu rosto. Assustadoramente calmo. Nenhum sinal de que ele tivesse acabado de matar um homem de maneira bárbara. Estremeci, meus dentes batendo. Mesmo quando a água ficou quente, meus dentes continuaram a bater, e eles não pararam nem quando Remo saiu do chuveiro comigo ainda em seus braços.

Remo saiu da cela e me levou pelo corredor. O pânico rasgou meu peito.

- Porra, - alguém disse. Um homem.

- Pegue-me uma porra de cobertor, Savio, - Remo rosnou.

Ele aumentou seu aperto enquanto me levava para cima. Fechei os olhos, muito abalada para lutar. Algo suave e quente me cobriu, e então fui colocada em couro quente.

- Você não pode dirigir pela cidade nu. E ainda há sangue em seu corpo.

- Você pode dirigir, - disse Remo, e então seu corpo relaxou ao meu lado.

- Para onde diabos vamos levá-la?

- Casa.

- Nino não vai gostar dessa porra. Você sabe como ele é protetor com Kiara.

- Eu não dou à mínima. Agora cale a boca e dirija.

Eu me concentrei em respirar, focada em lembrar o que me fazia feliz. Samuel. Mãe. Papai. Sófia.

Eu não tinha certeza de quanto tempo tinha passado. Os minutos pareceram se misturar, quando Remo me pegou de novo e eventualmente me colocou em algo macio. Meus olhos se abriram, com as pálpebras pesadas e queimando de tanto chorar.

A primeira coisa que registrei foi a cama em que estava deitada. Lençóis de cetim macios, vermelho-sangue. Uma majestosa cama de dossel feita de madeira preta, os postes torcidos como se dois galhos tivessem se enrolado em volta de outro para formar um. Cortinas vermelho sangue pesadas pendiam do dossel, bloqueando a luz do sol brilhante que entrava no quarto. Eu coloquei minha mão trêmula contra o lençol suave, branco contra vermelho, como no chuveiro. Estremeci e comecei a hiperventilar novamente.

Remo apareceu ao lado da cama e afundou, fazendo com que o colchão cedesse sob seu peso. Ele estava nu, exceto por um coldre de faca, que estava preso ao peito. Músculos e cicatrizes e força mal contida.

Eu desviei meus olhos, meus dentes começando a bater novamente. Remo se aproximou de mim. - Não, - eu disse fracamente. Então, mais firme: - Não me toque.

Os olhos escuros de Remo seguraram os meus atentos. Ele se inclinou até que seu rosto encheu minha visão. - Depois do que você me viu fazer hoje, ainda me desafia? Você não acha que se submeter a mim tornará as coisas menos dolorosas para você? - Sua voz era suave, baixa, quase curiosa.

- Sim, - eu sussurrei, e algo mudou em seus olhos... era decepção? - Mas eu prefiro sentir dor a me submeter à sua vontade, Remo.

Ele sorriu sombriamente e se aproximou de mim novamente. Antes que eu pudesse reagir, ele puxou um cobertor sobre o meu corpo, cobrindo minha nudez. Meus olhos se arregalaram.

- Como você pode saber o que prefere se nunca experimentou? Nem dor... - ele roçou os lábios levemente em minha boca, não um beijo, mas uma ameaça -... nem prazer.

Um arrepio percorreu minha espinha. Minha garganta estava seca, meus membros pesados.

- Eu quero mostrar-lhe ambos, Angel. - Ele fez uma pausa, seus olhos escuros queimando em mim. - Mas temo que você prefira se matar a se entregar a mim. - Ele puxou a faca e colocou ao meu lado. - Você deve acabar com a sua vida, tomar o caminho mais fácil, porque ninguém virá salvá-la, e eu não vou parar até quebrá-la, corpo e alma.

Eu acreditei nele. Como eu não poderia com a intensa determinação e frieza em seus olhos escuros? Eu peguei a faca, em seguida, me sentei e pressionei a lâmina contra a garganta de Remo. Ele não recuou, apenas me olhou com olhos inquietantes.

- Eu nunca vou me matar. Não farei isso com minha família. Mas você nunca vai me quebrar. Eu não deixarei.

Remo inclinou a cabeça, novamente com um toque de curiosidade. - Se você quiser me matar, faça isso agora porque não terá outra chance, Angel. - Minha mão segurando a faca tremeu. Remo não tirou os olhos de mim quando se aproximou, apoiado em um joelho e depois no outro até que se inclinou sobre mim. Eu pressionei com mais força e o sangue escoou para a superfície. Meus olhos se concentraram no revestimento vermelho da lâmina contra a pele de Remo.

Remo se moveu sobre mim e pressionou a faca com mais força em sua carne. Eu cedi, obcecada pelo sangue escorrendo por sua garganta, por seu cheiro, sua cor brilhante.

Remo se abaixou em cima de mim, a faca entre nossas gargantas, seu corpo cobrindo o meu com apenas o cobertor entre nós. Ele me olhou, olhos escuros descascando camada por camada de paredes protetoras que tentei segurar.

Histeria rodou no meu peito, as memórias do porão arranhando os cantos da minha mente. Remo enrolou a mão ao redor da minha e do punho, em seguida, lentamente tirou minhas mãos dele e me tirou a faca. Ele deixou cair na cama ao nosso lado.

Eu podia sentir cada centímetro de seu corpo forte e musculoso contra o meu, mas meus olhos não podiam se concentrar em nada além do sangue em sua pele, pingando do corte que eu havia infligido. Ele pressionou dois dedos na minha garganta, sentindo meu pulso errático. - Ainda nas garras do pânico, hmm?

Engoli. Ele se afastou e se levantou. Então ele se inclinou sobre mim. - Você está segura em seus momentos mais fracos, Angel. Eu não gosto de quebrar os fracos. Eu vou te quebrar quando você estiver forte.

Ele pegou a faca e se virou, me dando as costas. Meus olhos traçaram a tatuagem do anjo caído ajoelhado. Era assim que Remo se via? Um anjo caído com asas quebradas? Um anjo negro renascido do inferno?

E o que eu era?

Antes de sair do quarto, ele me olhou por cima do ombro. - Não tente fugir, Angel. Há mais homens como Simeone esperando para colocar as mãos em você. Eu odiaria ter que mandá-los atrás de você e machucá-la.

Como se alguém pudesse me machucar mais do que Remo faria.

Eu forcei um sorriso. - Nós dois sabemos que você está mentindo. Você não vai deixar ninguém me machucar.

Remo levantou uma sobrancelha escura. - Eu não vou?

- Você não vai porque quer ser o único a me quebrar, me fazer gritar.

A boca de Remo puxou em um sorriso que levantou os pequenos cabelos da minha pele.

Um sorriso que me assombraria para sempre.

- Oh, eu vou fazer você gritar, Angel. Isso eu juro.

Suprimindo um estremecimento, cavei minhas unhas nas palmas das mãos e forcei mais palavras da minha garganta apertada. - Não perca seu tempo. Mate-me agora.

- Todos nós temos que deixar parte de nós mesmos morrer para nos erguermos mais fortes. Agora durma bem. Voltarei mais tarde para gravar uma mensagem de vídeo adequada para sua família.

- Por que você me salvou de Simeone? Por que não o deixou começar a tortura que você tem em mente para mim? Por que me trouxe aqui para sua mansão?

Remo me olhou como se também estivesse se perguntando a mesma coisa, e seu silêncio me disse que meu palpite estava correto; esta era de fato a mansão Falcone. Surpreendeu-me que ele arriscaria me trazer para a casa de sua família.

- Como você disse, eu vou ser o único a fazê-la gritar e mais ninguém. - Ele fechou a porta.

Fechei meus olhos e puxei as cobertas ao meu redor.

Um jogo de poder. Um jogo de xadrez distorcido.

Eu não seria um peão ou uma rainha, e Remo não seria o rei.

            
            

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