Capítulo 9 9

ALESSANDRO

Quase assim que Angelo entra na sala, Ivan aparece parecendo o

selvagem que é.

Sua expressão áspera cai sobre sua esposa, que corre para seus braços abertos e enquanto seus fortes braços tatuados se dobram em torno dela, eu o invejo. Ele garantiu o futuro dela com ele. Nada jamais os separará e eles têm um ao outro. Meu olhar se move rapidamente dentro da sala e meu coração se contorce quando vejo Angelo afastar o cabelo dos olhos de sua irmã enquanto leva a mão dela aos lábios. É um ato tão gentil de amor fraternal que me atinge com força. Se estou no inferno, ele está bem ao meu lado porque estamos enfrentando o desconhecido e acho que nenhum de nós pode lidar com isso.

Ivan se aproxima e rosna. - Maldito filho da puta.

Seu braço está em volta dos ombros de Charlotte e por um segundo nós

apenas olhamos para a cena dentro da sala.

- Onde ele está? - Eu rosno e Ivan dispara. - Indo de férias para a

Itália.

Charlotte suspira. - Ele está vivo?

Ivan ri sombriamente. - Alguns podem dizer que ele está pairando entre

a vida e a morte.

- O que isso deveria significar? - Eu rosno e Ivan coloca um braço reconfortante nas minhas costas e diz baixinho. - Significa que ele não é mais uma ameaça, meu amigo. Vamos mantê-lo vivo até que o Chefe diga o contrário.

A voz de Charlotte treme. - Terei que vê-lo novamente?

- Não. - A resposta de Ivan é firme e ela exala bruscamente. - Bom.

Uma vez foi o suficiente.

Eu digo baixinho. - E os homens de Massimo?

- Você quer dizer meus homens.

Meu coração cede de alívio. - Então, o plano funcionou.

Ivan assente. - Agora você está olhando para Don Volkov. Eu tenho

meu exército, agora só preciso de uma fortaleza.

Ele se vira para Charlotte. - É hora de ir à caça de uma casa, malyshka.

- O que você quer dizer? - Os olhos dela estão arregalados quando ele sussurra. - O negócio de seu pai agora é meu. O que sobrou dele, de qualquer maneira.

- Desde quando?

- Desde que o avô de Alessandro fez o negócio. Nós livramos o mundo do bastardo e eles trocam sua lealdade para mim. Atualmente estou sem minha própria Bratva, então faz todo o sentido permanecer aqui e levar tudo o que Massimo possui. O fato de termos incendiado todos os seus bens é um problema menor, mas encontraremos novas instalações, uma nova casa e faremos funcionar.

Ele diz em voz baixa. - Flynn relatou que a operação foi um sucesso. Pedro Carlos e seus homens invadiram, acabaram com sua operação na América do Sul, os Romanos cuidaram de qualquer negócio na Flórida. Os Morettis ficaram com Chicago, Flynn cuidou do meio-oeste e Angelo tratou dos negócios californianos.

- Então, não sobrou nada.

Penso na escala da operação que envolveu muitas alianças com famílias

rivais e não acredito que conseguimos. No entanto, nada disso significa merda toda vez que a mulher responsável pelo ataque paira entre a vida e a morte.

Angelo sai e acena com a cabeça. - Sua vez.

Eu nem espero para ouvir o que ele diz por que estou tomando seu lugar

antes mesmo que a porta se feche.

A sala está silenciosa, exceto pelas máquinas conectadas à mulher que

amo, mantendo-a viva até que ela acorde e volte para mim.

Ao me aproximar da cama, nunca experimentei tamanha agonia porque

não há absolutamente nada que eu possa fazer para ajudá-la.

Ela parece tão pequena, tão pálida e tão sem vida. A máquina respira por ela, os hematomas roxos que cobrem seu rosto e pescoço são a única cor em sua pele.

Quando tomo o assento que Angelo acabou de deixar vago, pego a mão dela, que é tão pequena e macia na minha. Meu peito aperta enquanto luto para respirar porque há muito que quero dizer à mulher que amo e pela qual sofri nos últimos dois anos.

- Winter baby, é Alessandro.

Se eu pensei que isso mudaria alguma coisa, sou um tolo porque não há reação alguma. Eu me inclino mais perto e pressiono meus lábios nos dela e é como uma volta para casa. Como eu ansiava por sentir aqueles lábios nos meus e imaginá-la em meus braços. Mas não assim, nunca assim e é a mais pura agonia saber que não há nada que eu possa fazer para ajudá-la.

Enquanto seguro sua mão, espero que ela possa me ouvir quando sussurro. - Eu esperei por você, querida. Nunca houve ninguém além de você. Sempre você. A noite que compartilhamos é minha lembrança mais feliz e doce. Quando você foi levada, morri um pouco naquele dia. Desde então, não pensei em mais nada além de trazer você de volta para mim. Eu te amo, Winter Sontauro e nunca parei. Se alguma coisa, o amor cresceu na besta dentro de mim. Mais forte, mais raivoso e mais apaixonado. Sempre foi você e sempre será, então volte para mim, Winter, deixe-me provar isso pelo resto de nossas vidas.

Minha resposta é o barulho da máquina, que é a única indicação de que ela está viva. Ela dorme como a Branca de Neve em seu caixão de vidro. Pele branca pálida, lábios vermelhos rubi e cabelo preto brilhante. Ela é minha princesa e sempre será, não há nada na terra que me tire do lado dela.

A porta se abre e Angelo diz rispidamente. - Preciso de um momento.

Sinto uma dor física por dentro ao ser forçado a largar a mão dela e ao

trocar de lugar com seu irmão, odeio cada passo que dou para longe dela.

Charlotte olha para mim com preocupação. - Alessandro, você deveria dormir um pouco.

Ivan revira os olhos. - Você acha que ele consegue dormir?

Ele se vira para ela, segura seu rosto em suas mãos ásperas e sussurra. - Você acha que eu dormiria se você estivesse naquela cama? Você possivelmente imagina que eu daria um passo do seu lado? Você está afirmando um fato impossível porque meu amigo só vai sair daqui com sua mulher ao lado dele.

Os olhos de Charlotte brilham com lágrimas enquanto ela acena, a

emoção de seu marido atingindo onde deveria. O coração dela. Ivan lança um olhar para a janela de vidro e a dor em sua expressão me lembra que todos nós amamos Winter à nossa maneira.

- Você está bem cara? - Descanso minha mão em suas costas e ele

assente.

- Eu vou ficar bem quando Winter acordar. Todos nós iremos.

Angelo sai e diz com um suspiro. - Eu vou encontrar o médico. Ivan... - ele se vira para nosso amigo selvagem e diz com firmeza - Leve Charlotte de volta para casa. Roberto providenciará isso. Você tem um império para construir e não pode ficar por aí.

- Mas Winter.

- Informaremos se algo mudar. Flynn está colocando fogo no meu

telefone, eu não deixaria que ele aparecesse. Malik está lidando com toda a merda sozinho agora, então coloque sua casa em ordem. Chegamos longe demais para deixar isso falhar agora.

Ivan está em conflito e quando seu olhar encontra o meu, eu inclino minha cabeça em direção a Charlotte. Parece que a adrenalina está passando e o choque está começando a atingi-la.

Ele encara sua esposa e sua expressão se suaviza. Ele concorda. - Eu

quero saber o minuto em que ela acordar. Todos nós fazemos.

Ele pega a mão da esposa e sorri suavemente. - Vamos levar você para

casa.

Seus olhos cansados piscam entre nós, ela hesita por um momento e depois diz com tristeza. - Eu nunca conheci Winter até hoje, mas ouvi muito sobre ela. Entendo o quanto ela é especial para todos vocês e observar sua bravura no meio de um possível tiroteio me faz admirá-la mais do que qualquer outra pessoa que já conheci. Ela é forte e as mulheres que lutam continuam lutando sempre. Pode não parecer agora, mas por dentro, Winter está lutando para voltar para vocês, quer saber, ela vai conseguir. Você espera e verá.

Nós olhamos para a beleza frágil que tem mais força do que qualquer um poderia imaginar, sua pura emoção envolve a todos nós com conforto. É quase demais, então eu digo com diversão. - O que você é, uma cartomante agora, além de médica?

Meus amigos sorriem enquanto ela sorri. - É melhor você acreditar. Chama-se manifestação e acredito muito no pensamento positivo.

Ela sorri tristemente quando Ivan a puxa para perto dele e dá um leve

beijo no topo de sua cabeça.

- Venha malyshka. Estou manifestando algo em minha própria mente

que preciso fazer acontecer.

Ele sorri quando ela revira os olhos, enquanto eles partem, Angelo ri baixinho. - Nunca me cansarei de ouvi-los. Quem diria que havia uma mulher por aí capaz de domar o Selvagem?

- Ou o chefe. - Eu o lembro de sua própria felicidade doméstica

esperando em casa, ele balança a cabeça, parecendo um pouco pensativo.

- O que é isso? - Espero sinceramente que não haja problemas no paraíso, ele diz com um tom áspero. - Devo-lhe um pedido de desculpas.

- Para quê?

- Por dizer para você ficar longe da minha irmã. Estou supondo que

você ignorou esse pedido de qualquer maneira, mas eu só quero que você saiba que se tudo der certo, eu não poderia pedir um cunhado e marido melhor para ela.

Eu não posso nem responder a ele porque deve ter sido difícil de dizer e enquanto nos abraçamos, eu luto contra minhas emoções mais uma vez, porque se eu tivesse a chance de continuar de onde parei com Winter, eu seria o bastardo mais sortudo do mundo.