A garota que eu perdi
img img A garota que eu perdi img Capítulo 4 4
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Capítulo 4 4

Depois

Quando abro os olhos, sei que estou atrasado. Viro o relógio novamente e observo que deveria ter acordado meia hora antes. Levanto e visto a primeira coisa que encontro no guarda-roupa, sem saber se combinam ou não.

- Atrasado? – minha mãe, tricotando acomodada no sofá da sala, não se incomoda em erguer os olhos para mim.

- Estou. – respondo, vasculhado desesperadamente em busca das chaves, que encontro dentro de uma xícara.

Minha mãe sabe que eu estou atrasado, mas nunca me chama em casos assim e eu nunca soube o porquê. Ela está familiarizada com a minha rotina, então eu tenho certeza que é de propósito.

Manobro carro às pressas e acelero.

--

Antes

Escuto meu celular vibrando, um som irritante que me tira do sono. Tateio o móvel ao lado da cama, sem conseguir abrir os olhos direito.

- Você está pronto? – a voz de Samela me faz lembrar do nosso combinado – Já cheguei. – repentinamente estou desperto.

- Pode ir. – digo, exasperado – Acabei de acordar.

- Eu espero. – ela diz, mas já estou soltando o celular e não escuto o resto.

Coloco a primeira roupa que consigo achar no amontoado de coisas do meu guarda roupa enquanto vasculho o amontoado de tralhas no chão em busca do meu material. Nunca sei onde deixei as coisas na noite anterior.

Quando finalmente consigo sair para a rua, sinto a luz do sol ofuscar meus olhos. Samela não foi, ela continua com o carro estacionado bem na minha porta – o que é um alívio porque eu me complicaria se precisasse ir a pé.

Abro a porta piscando freneticamente e derrubando minhas coisas no chão do carro.

- Tudo bem? – a voz de Samela toca fundo na minha irritação matinal.

- Tudo. – resmungo, tentando reorganizar minhas coisas.

Quando consigo me acomodar no banco, meus olhos são atraídos pela forma como seus dedos seguram o volante. Suas unhas estão pintadas de vermelho – o que sempre fica muito bem na sua pele branca. A luz da manhã contorna seu perfil, seu nariz delicado e a testa com alguns fios de cabelo se soltando. Os olhos dela estão concentrados no caminho e a testa levemente franzida, como se estivesse um pouco preocupada.

Viro o rosto e começo a me concentrar nas coisas realmente importantes que preciso fazer essa manhã. Meu foco precisa estar todo nisso, não preciso me distrair com toda essa bobagem de unhas, cabelo, nariz...

Quando descemos do carro, dou um abraço breve em Samela e seguimos em direções opostas. Raramente demonstro afeto por ela em público, acho completamente desnecessário abrir nossa intimidade aos outros.

Volto ao carro, horas depois, plenamente satisfeito pelo resultado da minha manhã produtiva, e encontro Samela sentada no banco do motorista de cabeça baixa.

- O que foi? – pergunto entrando do lado do passageiro, pensando no que vai ter para o almoço em casa.

- Perdi um teste na primeira aula por me atrasar. – Samela suspira profundamente.

- Bem – falo, colocando o cinto -, eu disse para você não me esperar.

            
            

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