A garota que eu perdi
img img A garota que eu perdi img Capítulo 5 5
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Capítulo 5 5

Depois

O dia termina e eu fico livre, mas percebo que não sinto nenhuma vontade de ir para casa. O que antes me era apreciável, agora só me faz sentir só e deslocado.

Enquanto rodo com o carro, fico pensando nas coisas que eu não fiz. As memórias tem sido cada vez mais insistentes, mas agora eu costumo vê-las completamente diferente da forma como via quando a "história" estava acontecendo. Por mais que eu tente, é impossível não pensar sobre o tempo que deixei passar sem me dar conta do que realmente estava acontecendo na minha vida.

Quando dou por mim, já estou estacionado na casa do meu melhor amigo. Respiro fundo, soltando o volante lentamente. Já faz algum tempo que não nos falamos, mas sempre estávamos juntos no ensino médio – e esporadicamente na faculdade - e nos dávamos muito bem. Espero que isso não tenha mudado.

Desço do carro, observando o quanto esfriou, e toco a campainha. Passam-se alguns instantes, enquanto observo a rua relativamente deserta e ensaio algumas palavras para nosso reencontro.

Escuto alguns sons baixos e indecifráveis dentro da casa e a ideia de estar sendo inconveniente me atinge. Porém, quando estou me virando para ir embora, a porta se abre de uma vez, lançando uma luz sobre mim.

- Ei. – a voz dele me atinge, familiar e reconfortante – Felipe.

- Ei. – respondo, me virando novamente – Atrapalho? – coloco as mãos geladas nos bolsos.

- Claro que não. – ele diz, me dando passagem.

Entro, grato pela familiaridade do local. Em todo tempo que não estive em sua casa, nenhuma grande mudança havia sido feita.

- Foi mal sumir, Eduardo. Andei meio ocupado. – falo, tentando quebrar o gelo que parece haver entre nós dois.

- Tudo bem. – ele cruza os braços, tentando não parecer desconfortável, mas eu o conheço bem.

Então percebo a camiseta do avesso. Imediatamente meus olhos varrem a sala e descobrem duas taças na mesa de centro.

- Cara! – exclamo, envergonhado – Você está acompanhado! – me sinto cheio de culpa por estar ali.

Os olhos dele seguem os meus até as taças, mas ele permanece em silêncio. Eduardo olha novamente para mim, soltando os braços, pronto para dizer algo que menospreze a situação – eu o conheço bem, como disse -, e normalmente eu aceitaria, mas não hoje. Não mais.

- Foi mal. – vou para a porta da rua, observando a porta do quarto bem fechada – Foi mal, mesmo! – e saio.

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Antes

- Casamento, para mim, só depois dos quarenta. – falo, articulando bem as palavras.

Dois dos meus primos mais velhos sentados ao meu lado, riem, e algumas mulheres da família soltam sons de desaprovação – minha irmã me olha de cara feia porque Antônio escutou isso -, mas meus olhos só buscam os de Samela, pouco distante dali, mas perto o suficiente para ter ouvido.

Ela está séria, com a expressão indecifrável. Sorrio, apenas para provocá-la um pouco.

Quando ela se afasta em direção à mesa para pegar algo para comer, Eduardo diz baixo ao meu ouvido:

- Você já tinha dito isso a ela?

- Não. – dou de ombros – Foi uma boa forma de evitar uma boa parcela de drama, não?

Continuo a conversa, agora sobre minha formatura que se aproxima, enquanto permito que Samela pense um pouco sobre o assunto. Que se acostume sobre como as coisas devem ser – meu jeito, é o melhor jeito.

Um ano e meio depois, eu já sei que ela gosta de mim e não irá a lugar algum.

                         

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