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Chloé desceu do táxi, enxugou as lágrimas, engoliu seco e decidiu que morreria de coma alcoólico naquela noite. Entrou na casa de festas Coliseu e foi direto ao bar. Sem olhar a sua volta, chamou por Júlio, seu amigo barman.
- JU!
- Ooooi, loirinha! - respondeu com um sorriso afetuoso.
- Oi, Ju! - respondeu fungando.
- O que foi? - indagou, com olhar triste.
- Nada, não! Quero uma garrafa de uísque. - pediu, abrindo a bolsa, pegando cinco cartelas de remédios. Tirou um comprimido de cada e colocou na boca. Olhou ao lado e havia um copo servido com cerveja. Sem pedir, ela o bebeu. O dono da bebida, que estava ao lado, nem reparou. Chloé estava tão fora de si que já não administrava com racionalidade suas atitudes.
- Vai beber toda essa garrafa sozinha?
A moça olhou para o lado e percebeu quem era. Seu coração acelerou ao ponto de ela achar que sairia pela boca. Aquele homem ali, diante dela, era o seu maior perigo e o seu maior sonho também. Sorrindo, ele estendeu a mão e falou:
- Oi, sou o Marcelo!
- Ah! Oi! É Marcelo seu nome! - respondeu sorrindo, enxugando seus olhos. - Achei que fosse Anjo! - resmungou.
- O quê? - aproximou-se.
- Nada, nada! - fungando.
Marcelo respirou fundo e engoliu seco. Atemorizado, tremeu-se por dentro. A menina Bourbons era, escandalosamente, linda e ele não resistia a uma linda mulher. Seus pensamentos o perturbaram, pois, realmente, aquela moça era algo muito perigoso, pois sua beleza era sem igual. Até mesmo o durão Ricco, pronto para estrangulá-la por sequestrar sua esposa, ficou impactado. Era uma sensação muito estranha e isso o aterrorizou e o perturbou.
Chloé era alta, media um metro e setenta e cinco, cabelos lisos e loiros na altura da cintura, estavam escovados com as pontas onduladas. Olhos verdes, nariz pequenininho e arrebitadinho. Sua boca era grande e carnuda, seu corpo era perfeito: seios grandes e siliconados, cintura fina e quadril avantajado. Seu perfume, de imediato, embriagou o mafioso e isso o deixou extremamente zangado.
- Seu uísque, loirinha! - falou o barman Júlio.
- Obrigada, Ju! - agradeceu, pegando sua garrafa e saindo do bar.
Assim que sentou em uma mesa, em lágrimas, serviu uma, duas, três, quatro e na quinta dose já estava totalmente embriagada. Sentada, baixou a cabeça e chorou. Logo sentiu alguém tocar no seu braço:
- Chloé!?
- Oi! - respondeu, fungando e enxugando seus olhos.
- O que você tem?
- Nada! Só quero morrer de coma alcoólico! Me deixa! - afirmou, servindo mais uma dose.
- Por que uma garota tão jovem e linda quer morrer? - questionou Marcelo, sentando-se ao seu lado.
- Ah, gatinho! Você é muito lindo! Se eu não precisasse morrer, eu até ficaria com você de novo, mas hoje é o dia da minha morte e eu só quero morrer sossegada! Me deixa, tá? - explicou enxugando seus olhos, fungando.
- O que aconteceu? - perguntou, passando a mão no seu cabelo.
- Nada! Não quero bancar a bêbada chata no meu último dia de vida! - afirmou, servindo mais uma dose.
- Chega, Chloé! - falou Marcelo, pegando a garrafa da sua mão.
Ela olhou em seus olhos, tentou pegar a garrafa, Ricco fez cara de bravo e ordenou:
- Chega!
A jovem pegou sua bolsa e levantou-se. Ele segurou seu braço:
- Aonde você vai?
- Marcelo! Meu irmão que te mandou atrás de mim?
- Não! Nem sabia que você tem irmão! Só estou preocupado, você está muito alcoolizada, garota! - respondeu, coçando a barba.
- Mas eu já te expliquei que quero morrer! Me deixa em paz! - argumentou, chorando.
Marcelo levantou-se e a abraçou. Chloé estava tão embriagada que retribuiu o abraço. Ela sabia que ele a mataria, contudo, naquele minuto, sentia-se sozinha, desamparada e fragilizada. Aquele foi o mix perfeito para cair nas garras dele.
- Xiiii! Não precisa chorar assim! - carinhosamente falou, passando a mão na cabeça dela.
- Só quero morrer! Só quero morrer! - afirmou, grudada em seus braços afetuosos e envolventes.
- Quer sair daqui? - segurou o rosto da moça com a sua mão.
- Arram! - respondeu fungando.
Marcelo deixou duas notas de cem euros na mesa, pegou sua mão e saíram da casa de festas. Na porta, um carro de luxo os esperava. A mulher estava tão embriagada que não temeu, afinal, aquilo, com certeza, foi algo leviano e descabido de sua parte. Ela entrou, Marcelo entrou em seguida e sentou-se ao seu lado.
Chloé chorava sem parar e Ricco, com seu coração acelerado, não sabia ao certo o que fazer! A garota precisava se acalmar e confiar nele para que contasse a verdade e o paradeiro de sua esposa. Isso era o mais importante. O homem olhou nos seus olhos, a puxou e ela chorou abraçada nele. Chloé olhou nos olhos de Ricco e acariciou sua barba:
- Posso sentar no seu colo? - indagou, enxugando seus olhos.
Sua respiração parou naquele momento. Lembrou de toda a conversa com o mafioso Ugo e os conselhos de seu amigo Riccardo. Em fração de segundos, precisou arquitetar uma forma de ganhar a confiança dela para que pudesse ter a chance de encontrar sua Iza. Disposto a qualquer coisa:
- Vem! - respondeu, a puxando, com o olhar enigmático.
Chloé sentou-se, se encolheu e chorou. Como um bichinho acuado, abrigou-se naquele colo. Ela só queria um carinho e um abraço paternal e ali havia encontrado. Com aquela mulher desmanchando-se em lágrimas em seu colo, ele suspirou, fez carinho nos seus cabelos e a deixou desabafar.
Quando ele colocou a mão na sua coxa, para a segurá-la em seu colo, a moça sentiu seu sangue incendiar e um calor a fez suar. Marcelo em sua estratégia a acolheu com ternura e isso foi terrivelmente arriscado, afinal, Chloé estava atrás de amor e naqueles braços estranhos, pensou ter encontrado. Minutos se passaram e ela já não chorava mais. Sorrindo, dengosa, questionou:
- Posso te fazer carinho?
- Que tipo de carinho?
- Nada sexual! - explicou sorrindo, enxugando seus olhos, ao final de contas, ela não estava atrás de sexo, e sim, de amor e proteção.
Marcelo a olhou fixamente, passou os dedos em seu bigode, respirou fundo e olhou pela janela. Manter o controle emocional seria o essencial para aquele momento. Ele precisava fazer o seu melhor. Sem desviar o olhar dele, a garota aguardou, ansiosamente, por sua resposta. Quando seus olhos voltaram ao encontro dos dela, ele indagou:
- Como seria um carinho nada sexual?