Capítulo 3 Injustiçada

- Téo, o que está fazendo?

Ela se cobriu com as mãos. Seu corpo era sedutor e muito sexy. Foi a primeira vez que ela se sentiu tão humilhada. O capataz empurrou a jovem que caiu no chão, enquanto ele montou em cima dela e pressionava os seios dela com desejo. Ela sentiu dor.

- Socorro!! Alguém me ajudaaa!!! - A jovem gritava desesperada.

Porém, ela lembrou que ninguém veria. Ela estava sozinha. Mas jamais permitiria que se aproveitassem dela. Perder sua dignidade era algo que ela prezava muito.

- Grite o quanto quiser, ninguém virá te salvar. Você me provoca o dia todo com esse corpo delicioso.

Ela batia nele e o chutava, mas ele nem se mexia. O olhar dele de luxúria era algo repulsivo para ela.

- Eu vou te denunciar para o patrão. Me solta!!!

Ela levou um tapa no rosto e sentiu sangue em sua boca.

- Acha que ele vai acreditar em você? Cala boca sua órfã maldita. Eu farei um favor a você mostrando como é um homem de verdade.

Ele tirou o cinto e puxou seu membro para fora, o desespero da jovem se prolongou. Ela só tinha ela mesmo. Ela tinha que pensar em algo para se livrar de uma tragédia que ela estava prestes a enfrentar.

Na casa grande, James estava revisando os últimos detalhes do documento que trouxe. De repente, ouve um estrondo arrepiante de um trovão que o fez pensar na jovem sozinha. Franzindo o cenho, ele ficou perturbado por ter deixado ela sozinha por tanto tempo. Mas queria castigá-la por sua desobediência. A chuva não parecia que iria acabar aquela noite. Branca e Sara não voltariam hoje da capital. Algo em sua mente o perturbava, e o rosto desesperado da jovem veio em sua cabeça. Ele levantou da mesa, pegou um casaco, um guarda chuva e saiu.

Na casa abandonada, Teo abriu as pernas da jovem com os joelhos enquanto ela pedia socorro sem esperanças. Pensando nos órfãos do orfanato, ela tateou até encontrar um pedaço de madeira próximo a cama e com toda sua força, ela bateu no rosto do capataz que caiu desacordado. No lapso de pavor, ela bateu nele mais uma vez agarrando sua blusa, vestindo enquanto fugia em meio a chuva pensando que havia matado o homem. Ela tinha que sair dali, e desaparecer.

Como se sua vida dependesse de sua sobrevivência, ela correu sem rumo. Ela já havia se decidido, ela iria embora dali, trabalharia na fazenda vizinha. Ela correu pela chuva, suas mãos já estavam limpas do sangue que saiu da cabeça do homem, mas ela não teve escolha. Ele iria se aproveitar dela.

Na casinha, James chegou encontrando a porta aberta e um corpo no chão. Ele se aproximou e percebeu que era seu capataz, com o rosto e cabeça ensanguentado.

- O que aconteceu aqui?

Ele perguntou fazendo uma busca procurando a jovem. Nesse momento, ele sentiu um arrepio percorrer suas entranhas e voltou a si quando uma mão agarrou seu tornozelo.

- Téo, que porcaria aconteceu aqui?

A pergunta dele já deduziu o que houve. Para não ser descoberto, Teo mentiu.

- Aquela... me seduziu e.... chefe, ela tentou me matar....

James não duvidou do seu parceiro de confiança e ficou furioso. Sua mandíbula estalou e ele fechou sua mão em punhos, onde surgiu veias. Ele ligou a lanterna para notar roupas femininas. Ele sabia que eram as dela. Ele lembrou que eram as roupas que ela usava. Seu olhar caiu sobre as calças de seu braço direito.

- O que aconteceu aqui exatamente? É melhor me dizer a verdade.

Havia fúria em seu olhar, havia raiva e nojo.

- Eu trouxe ela. Depois...depois eu vim ver se ela estava bem....aí ela ficou nua.... patrão ela vem me seduzindo a dias, eu desmaiei quando pedi para ela se afastar... Não lembro de mais nada. - Teo segurava a cabeça ensanguentada.

No minuto seguinte ele desmaiou e James chamou sua força tarefa via rádio.

Vinte minutos depois, seus seguranças chegaram na casinha.

- Levem ele para o hospital enquanto o resto me segue em busca daquela jovem.

Os seguranças assentiram e levaram Teo para o hospital. James iria fazer a jovem pagar pelo que fez a seu capataz.

No meio da estrada, a chuva continuava enquanto uma jovem caminhava cansada. Ela estava pálida e chorava ao lembrar do que teria acontecido se ela fosse abusada. Não havia nenhum carro passando e ela estava começando a ficar fraca. No momento seguinte, ela avistou faróis se aproximarem e ela se escondeu atrás de uma árvore. Os carros passaram, mas o último parou. No momento em que ela se virou para correr pelo lado oposto, percebeu que havia alguém atrás dela.

- Acha que termina assim? - A voz furiosa de James causou um pânico na jovem.

Ela sentiu repulsa ao vê-lo e se afastou. Ele achou aquela atitude dela estranha. Mas ignorou.

- Você tem consciência do que fez com meu capataz?

- Ele tentou abusar de mim!!! - Ela gritou alto. Sua voz havia desespero e dor.

- Você realmente acha que eu vou acreditar em você? Olhe para você, esse jeito petulante e olhe para os anos que eu conheço o Teo. Em quem devo acreditar?

Ela percebeu que o que ele disse fazia sentido e ficou calada. Ninguém acreditaria nela.

Ele percebeu que o silêncio dela era uma confissão de culpa e olhou para um dos seguranças.

- Leve ela para a delegacia.

- Não, não. Não posso ir para a delegacia. Por favor, por favor....

Ela se debateu diante dos braços do segurança e pedia misericórdia ao homem que permaneceu impassivo.

- Vou garantir que nunca saia da prisão. Você agrediu meu funcionário e o acusa de abusar de você. Você me dá nojo. Eu sabia que você seria um problema desde do dia que chegou na fazenda. Anda, tirem logo ela daqui.

A jovem soluçava em desespero. Se ela fosse fichada, suas chances de ter a guarda das crianças seriam baixas. Mas como iriam acreditar nela? Ou melhor, quem acreditaria nela? Ela aproveitou a oportunidade que o segurança perguntou algo e pulou no rio. James ficou surpreso com a ousadia dela e pulou atrás dela deixando seus seguranças em pânico.

- O que deu no patrão? Ela é apenas uma funcionária.

- Chefe não gosta de trabalho pela metade. Essa jovem não sabe como quem se meteu. Vamos esperar eles no cais.

Eles entraram no carro e se dirigiram ao cais.

No meio do rio agitado, a jovem estava cansada de nadar e afundou. Ela estava fraca e como não comeu metade do dia, ela perdeu o fôlego e afundou no rio.

Minutos depois, ela despertou no hospital. Demorou um tempo para ela abrir os olhos pois a luz intensa doía seus olhos. Ela tentou se mexer mas percebeu que estava algemada.

- Não faça tanto esforço. Só sairá daqui para a prisão.

James falou. Ele estava sentado no sofá num canto escuro. Ele estava furioso, pois aquela jovem causou um problema imenso em sua fazenda.

- Não, não. Eu não fiz nada! - Ela chorou.

Diante de suas explicações, James permaneceu calado. Um médico entrou na sala.

- Senhorita, que bom que acordou. Já pode ir embora.

- Me ajuda, Doutor! Aquele capataz tentou abusar de mim eu só me defendi.

- Não se preocupe senhorita. Não ocorreu nada com a senhorita e seu patrão cuidará de tudo.

- Não. Ele não é meu patrão! Chame o Caio da fazenda...

- Chega!!! Saia!!!

O médico saiu depressa e o homem segurou forte o pulso da jovem que sentiu dor.

- Você acha que alguém nesse mundo vai me enfrentrar para proteger você? Está pensando muito bem sobre si mesma hein?! Caio esta na sua festa de noivado,acha que ele largaria noiva para vir socorrer uma órfã?

As palavras dele atravessaram o coração da jovem como uma faca afiada. Ela chorou. Ele estava certo, ninguém acreditaria nela.

- Suas ações, tiraram a vida de um homem bom.

Quando ela ouviu isso ela ficou com medo. Ela era uma assassina. O medo, as lembranças do que ele fez fizeram ela se defender. Mas ela não queria ter matado um homem. Ela ficou desesperada, a máquina apitou. Médicos correreram e ela recebeu sedativos. Um policial entrou.

- Quando ela acordar, leve-a para a delegacia. Ela é responsável pela morte do capataz da minha fazenda.

Ele saiu dali enquanto um policial foi orientado a ficar vigiando a sala. James se dirigiu ao enterro do capataz que era seu amigo leal. A fazenda ficou em choque ao descobrir sobre a morte e a culpada. Branca foi a única que não acreditou na história. Os funcionários sabiam sobre a fama do capataz, mas Sara contou mentiras para eles que acabaram acreditando que a jovem era culpada. James ligou para seu advogado.

- Volte para a vila e cuide da prisão de uma funcionária para mim. Teo só tinha a mãe, e ela exigiu prosseguir com a acusação.

- Irei imediatamente.

A chamada foi desconectada e o homem sentiu na sua cadeira de couro. Ele sentiu repulsa pela jovem e destruiria ela até ela definhar.

- Patrão, mandou me chamar? - Sara entrou.

- Sim. Entre e sente-se.

Ela obedeceu. Seu coração bateu apressado. Ela desejava seu chefe e faria de tudo para tê

- Como era o comportamento da Cleia na fazenda?

Ele perguntou rolando a caneta nos dedos. Estava impaciente. Teria que lidar com aquele problema.

- Ela chegou acreditando que era a dona do lugar, depois quis seduzir os peões. Pode perguntar a quem quiser que ela vivia mostrando os dentes para eles, servia cada um no prato, cortava a carne para eles, até chegou a tentar flertar com o Teo. Pobre homem, ele era tão bom para nós. Sempre sorrindo, falava da mãe com orgulho. Eu nunca gostei dela, porque ela sabia que eu era a única que desconfiei dela. - Ela falava com tanta convicção que até ela acreditava nas suas palavras.

- Ela até disse uma vez que seria a dona da fazenda.

Nesse momento, o olhar de James escureceu. Ele parecia outra pessoa.

- Sei que posso estar cruzando uma linha aqui, mas a Branca nunca parou ela. Sempre passava a mão na cabeça daquela menina e olha o que aconteceu!

James concordou. Afinal, a mais velha parecia gostar bastante da jovem.

- Você vai depor contra ela. Diga tudo o que sabe.

- Claro que direi. Sou justa e farei o certo. Teo não merecia morrer assim.

Ele olhou para a mulher que saiu. O ódio dela pela jovem só aumentou. Ele estava disposto a destruir aquela jovem.

                         

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