Capítulo 9 Rodolpho sumiu

Nos dias que se seguiram, Mel não viu Rodolpho e era obrigada a ouvir piadas dos irmãos, enquanto ficava pensativa deitada na rede do terraço na frente da sua casa.

- Cadê o filho do doutor Antônio Queiroz? Se arrependeu de falar com o pai? Não quer mais namorar a moça pobre?- Era Tito, que parecia um chefe de gangster, andava sempre acompanhado do irmão Celso e logo atrás vinha os outros Joaquim e Jonas.

- O pai nem gostou que o play boy estivesse aqui!- disse Celso com olhar desafiador.

Mel sacudiu a cabeça e deu de ombros, os ignorando. O que estava doendo mesmo, era o fato de Rodolpho ter sumido. Ela sabia que era diferente das moças daquele lugar. Parecia ter medo de homem, mas com o pai que tinha e os irmãos a lhe perseguir, de que outro jeito poderia ser? Pensava que Rodolpho a tinha esquecido. Voltou à realidade quando ouviu a voz de Dino, seu irmão querido.

- Não liga para eles, Mel, você vai vê como o seu namorado vai voltar!- ele disse se sentando na mureta do terraço.

Mel sorriu sentindo-se confortada.

- Ai Dino, tomara! Ele parece um príncipe, meu irmão! É o homem mais lindo que já vi! Ele é elegante, charmoso, fala macio...

Dino sorriu meneando a cabeça, enquanto se ajeitava no assento de concreto, ele dizia:

- Você também parece uma princesa, Mel. A mais linda dessa cidade!

Mel olhou o irmão com carinho e sorriu.

- Você poderia me ajudar a encontrá-lo, Dino!- ela disse se levantando da rede.

Dino colocou a mão no peito assustado e disse:

- Eu? Que jeito? Se o pai descobre que eu fui à cidade vizinha atrás do seu namorado, ele me mata!

Mel olhou para os lados desolada e desabafou:

- Eu senti que Rodolpho é o homem da minha vida, meu Deus! Por que parece que eu o perdi para sempre?

Dino coçou a cabeça e se levantou dizendo:

- Por que não vai ao baile semana que vem? É na cidade dele, com certeza ele vai estar lá.

Mel cruzou os braços e suspirou dizendo:

- O pai só vai me deixar ir se o Tito ou o Celso me levar.

- Eu vou com você Mel - Dino disse sorrindo inocente.

- Você não conta Dino, é mais novo do que eu!- Mel disse pensativa.

Depois disso, Mel entrou na casa correndo e foi encontrar a mãe na cozinha. O seu pai estava sentado tomando um café.

- Pai, mãe, eu quero ir ao baile na semana que vem. É na cidade das Rosas e todas as moças daqui vão estar lá.

Helena estava lavando a louça e nem sequer se virou ou falou qualquer coisa.

José de Aquino deu de ombros segurando a sua caneca de café e respondeu com indiferença:

- Se o Tito ou o Celso for junto, tudo bem.

Mel ficou confusa e triste, sabia que os irmãos não iriam querer levá-la.

Helena se virou e ficou penalizada, então saiu chamando os filhos aos gritos até chegar na frente da casa.

- O que houve, mãe!- Tito chegou correndo curioso, os outros três irmãos vinham logo atrás, enquanto Dino que estava no terraço, se achegou com os olhos ansiosos.

- Aconteceu alguma coisa, mãe?- ele quis saber.

Helena nem olhou para trás e respondeu nervosa sacudindo uma das mãos, enquanto dizia:

- É o teu pai! Ele quer falar com Tito e Celso agora!

Helena saiu apressada para dentro da casa e os filhos saíram a enrabichar atrás dela.

Mel olhou para os irmãos com os olhos pedintes.

José de Aquino suspirou impaciente, pois não gostou da mulher ter ido chamar os filhos com aquela sangria desatada.

- Vocês dois vão pro baile da cidade das Rosas, semana que vem?- ele indagou olhando para os dois filhos mais velhos que só assentiram com a cabeça.

Ele então continuou a falar virando-se de costas para eles e voltando a tomar o seu café segurando a caneca com as duas mãos.

- Levem a Mel então!

- Não!- Tito disse com voz alterada.

José de Aquino se virou tranquilamente e disse:

- Então vocês também não vão.

- Tudo bem!- Tito disse isso e se retirou levando junto os irmãos, com exceção de Dino que se achegou.

- Eu vou com a Mel, pai!- Ele disse estufando o peito.

José riu zombeteiro e tomou o resto do café, depois saiu falando:

- Uma criança cuidando da outra.

- Eu não sou mais criança, pai!- Mel disse nervosa.

José de Aquino respondeu já longe dali:

- Mas é mulher!

Mel cruzou os braços e sentiu vontade de chorar.

Helena foi abraçá-la.

- Não fique assim filha! O que tiver que ser, será!- ela dizia com voz carinhosa.

Dino assentiu com a cabeça, depois seguiu Mel até o seu quarto e chegando lá teve uma ideia:

- Porque não fala com a sua amiga. Aquela que vive aí pelos cantos com o Tito!

Mel sobressaltou-se.

- Dino, você é incrível!- ela disse sorrindo abraçando o irmão.

Mel saiu correndo atrás de Iara que morava não muito perto dali.

Depois de um tempo, chegou esbaforida a casa da amiga.

Iara saiu de dentro da casa agitada falando:

- Mel, porque está gritando menina, entra!

Mel segurou as duas mãos da amiga e começou a falar sem parar, logo que alcançou o terraço da casa:

- Amiga precisa me ajudar! Convence o Tito a me levar para o baile semana que vem na cidade das Rosas! Rodolpho vai estar lá. Me ajude Iara, por favor!

Iara estava confusa e preocupada.

- Mel, confesso que estou começando a ficar preocupada com esse seu interesse exacerbado por Rodolpho!- Iara disse franzindo a testa.

Mel não se importou com o que a amiga falou, só queria que ela dissesse que iria convencer o seu irmão.

Iara suspirou percebendo que nada faria Mel desistir de ver o seu príncipe.

- Eu vou te ajudar, mas é a última vez!- Iara disse apertando os olhos se esforçando para parecer brava.

Mel deu pulos de alegria e abraçou Iara. Depois se afastou e disse olhando nos olhos da amiga:

- Ele é o amor da minha vida!

Iara meneou a cabeça e disse angustiada:

- Não queria que você sofresse Mel. Rodolpho é rico e bonito, o que não falta é mulher dando em cima dele!

Mel ergueu as sobrancelhas e disse surpresa:

- Nossa, parece o meu pai falando!

Iara tentou argumentar, mas sabia que a amiga estava encantada pelo Rodolpho e nada que dissesse mudaria isso.

Mel suspirou, os olhos brilhando e apenas disse:

- Tem algo mágico entre eu e Rodolpho! Eu vou amá-lo para sempre e ninguém vai me separar dele.

Mel saiu toda feliz e Iara se contagiou com a sua alegria. Ficou a olhar a amiga sorrindo, meneando a cabeça.