Capítulo 9 Hélio e Angel

Insisti com ela, para tentar acalmar meu amigo.

- Será só um instante, sei que está aborrecida com ele, mas preciso me situar para saber o que dizer - insisti.

- Tá bom. Ela desligou na minha cara. - Essa combina bem com Danilo, fazem o par perfeito.

Fui até o porteiro, que já havia recebido a liberação para minha entrada, agradeci e fui para o elevador. Chegando lá, ela já estava esperando na porta.

- O que é tão importante, Hélio? - Pelo visto, continua irritada.

- Fui até o Danilo e ele está num estado lamentável. Pedi os dados da mulher que o está rejeitando para investigar e descobri que é você. Não falei nada, mas quero saber como você pretende resolver a situação.

- Eu não preciso resolver nada, ele que tem que largar do meu pé, ainda faltam dois anos para terminar a faculdade. Não preciso desse tipo de assédio. Dê um jeito no seu amigo.

- Não seria o caso de vocês aproveitarem esse encontro e se aproximarem? Afinal, ele gostou de você - tento uma aproximação entre eles, o que resolveria o impasse daquele contrato.

- Para ele me tratar como as tantas namoradas que ele teve nestes dois últimos anos? Não! - respondeu ela, com toda a razão do mundo.

- Está bem, mas não vou poder manter a mentira por muito tempo. Ele vai acabar vindo bater aqui na sua porta!

- Tudo bem, então, tente entretê-lo por dois dias e depois solte a besta.

Ela está decidida no que vai fazer, só não sei o que é.

- Tá bom, vou segurar a fera. Mas o que pretende fazer? - Não pude deixar de perguntar.

- Vou quebrar o jugo de vocês sobre mim, tchau. - Entrou e bateu a porta na minha cara.

O que será que ela vai aprontar agora?

Desci pelo elevador e ao sair no rol de entrada, me deparei com a visão mais linda e angelical. Um rapaz, alto, magro, loiro e lindo, abraçava vários ramalhetes de flores. De olhos fechados, acariciava as pétalas delicadas com seu rosto, aspirando o perfume doce e embriagante das flores.

Me aproximei, ficando de frente para ele, encarando aquele rosto angelical. Ele endireitou o rosto e abriu os olhos, percebendo minha presença. Quando aquelas duas bolas de gude, azuis, me encararam, soube que estava no céu.

Ele se assustou, arregalando os olhos, mas não emitiu som algum.

- Oi, meu anjo, como posso fazer parte do seu céu? - perguntei, embevecido.

Ele piscou várias vezes, abaixou-se colocando as flores no chão e voltou a olhar para mim. Ainda meio chocado, estendeu a mão e se apresentou:

- Angelo Prates, às suas ordens. - Sua voz rouca e suave, me deixou, mais ainda, hipnotizado.

Ele tinha anjo até no nome, não podia ser mais perfeito. Minha vontade era tirá-lo dali e trancá-lo em meu apartamento, para ninguém mais ter chance de tirar ele de mim. Estendi minha mão, segurando a dele.

- Hélio de Angelo, todo irremediavelmente seu - sua mão é tão macia, que a mantive cativa, acariciando com meu polegar, percebendo que ele estava tão embevecido quanto eu.

- Você é meu? Seu nome diz que sim. - ele também notou.

O porteiro falou algo que não entendi, mas nos tirou do transe.

- Ela já liberou sua entrada, seu Ângelo!

- Obrigado, já vou subir - meu anjo respondeu.

- Mas, não! Você não pode me deixar aqui, assim. - reclamei, choramingando.

- Venha comigo, amor, vou ver o que ela quer e saímos, ok? - Eu não consigo resistir a ele.

Subimos e quando percebi, estava novamente de frente para a Stela.

- Porque você voltou, Hélio? - perguntou ela, enfezada.

- Ele tá comigo, miga, é meu crush! - Meu anjo respondeu, já assumindo nossos sentimentos, adorei.

- Meu Deus, isso está virando um inferno, acho melhor vocês irem se resolver, depois te ligo, Angel. - Ela falou, deu dois beijinhos em seu rosto e entrou, fechando a porta em "nossa" cara.

Eu aproveitei e puxei-o pelos braços, forcando-o a largar as flores que trouxe consigo e esparramou-se pelo chão. Encaixei-o em meu peito e abocanhei seus lábios carnudos e vermelhos, como se saboreasse um suculento morango, suavizei a pegada, envolvendo-o com meus braços e pedindo passagem para seu pote de mel.

Ele correspondeu ao beijo, enlaçando meu pescoço e relaxando o corpo junto ao meu. Aprofundando nosso beijo, ouvi seu gemido e despertei para o lugar onde estámos. Afastei minha boca da dele, só o suficiente para olhar em seus olhos e falar:

- Vamos sair daqui. Não é conveniente.

Ele sorriu e não recusou, antes, segurou minha mão ee puxou para o eevador:

- Vamos, meu Hélio.

Entramos no elevador e nos beijamos novamente, mas logo chegamos a recepção e nos afastamos. Ainda de mãos dadas, saimos e no caminho, peguei um buque de rosas para ele.

Ele recebeu, cheirando as rosas e me afastei dele, muito a contragosto, para sairmos dali. Nunca mais deixaria meu anjo longe de minhas vistas ou de meu contato. Entramos em meu carro e queria levá-lo direto para a minha cama, em meu apartamento, mas não queria isso para nós.

Com Angel, quero um relacionamento maduro, de casal, vivendo maritalmente e não só uma transa e por isso, maneirei e perguntei para onde ele queria ir.

- Para onde vamos, meu amor?

- Só siga em frente...

- Vamos dar uma volta e conversar para nos conhecermos, conheço um lugar ótimo.

- Gostei disso, é a atitude acertada, vamos sim - ele concordou e saimos.

Fomos em direção ao rio, mas era proibido chegar lá de carro, então estacionei próximo e fomos a pé. No caminho, comprei um lanche e refrigerantes, ele sorriu e perguntou:

- Vamos fazer um picnic?

- Quase isso, creio que você vai gostar.

Estou totalmente apaixonado e vendo que ele também, tivemos um excelente encontro. Vamos nos dar muito bem, como sempre sonhei.