Capítulo 7 Flores

Érida

Me juntei novamente ao Naldo e fomos comemorar em uma choperia. Liguei para Anita, avisei o sucedido e onde estava, para que ela se unisse a nós. Duas amigas vieram também e nos divertimos sem pensar na malhação que teríamos que fazer, no dia seguinte, para queimar tantas calorias.

- Vocês deviam ter visto essa perua desfilando, gentem!!! Parecia uma deusa grega. - comentou Naldo.

- Mas como? Eu, pra conseguir uma vaga é uma luta, você nem tentou e conseguiu o top dos tops! Tu nasceu mesmo de bunda pra lua, amor! - Disse uma das meninas que fazia modelagem.

- Eu fui confundida com a manequim certa e não tive tempo de desfazer o engano, foi tudo muito rápido. - expliquei.

- O melhor, vocês não sabem, ela ainda esnobou o Danilo Scapola!!!!

Então foi uma mistura de fofoqueiros falando, todos riam e davam suas opiniões, Anita me olhava, sem falar nada, mas com certeza iria me questionar quando chegássemos em casa.

Danilo

Fiquei sem entender a reação daquela deusa. Que mulher linda! Nunca uma mulher me rejeitou dessa forma. Fiquei sem ação. Justo eu, que posso escolher uma mulher diferente a cada noite, fui esnobado. E como se não bastasse a modelo escolhida para desfilar apareceu, me agradecendo, sei lá pelo quê, pois nem dei chance para que explicasse, descartei logo, agora meu foco é outra, que infelizmente me esnobou.

Mas não vou deixar barato, vou correr atrás, ela não me escapará. Mulher alguma pode rejeitar Daniel Scapola e ficar por isso mesmo. Desde que terminei meu caso com Luiza, não tive acompanhante fixa. Não posso me dar ao luxo de me apaixonar e ter que casar com outra. Tenho tudo planejado em minha cabeça, mas agora ficou tudo confuso com o aparecimento de Stela, maravilhosa Stela.

Faltam dois anos e ainda nem conheci minha noiva, se depender de mim só a verei no dia do casamento. Não sei porque eu fui lembrar dela justo agora, Talvez seja porque não tinha me passado pela cabeça a possibilidade de me interessar por alguém.

Por enquanto, vou mandar meu assessor procurar por aquela deusa e enviar uma dúzia de rosas. Vou começar meu ritual de conquista, ela vai ficar caidinha. Nunca, nenhuma modelo, rejeitou meus métodos de conquista, não será aquela ninfa, a primeira.

Érida

Amanheceu e eu só quero ficar na cama, de preguiça, mas hoje é domingo e domingo pode!

Depois das cervejas de ontem, o organismo reclama um pouco, só um pouco, proporcional ao que bebi.

Hoje vou por em dia os negócios, agora que terminei a faculdade de direito, terei mais tempo e conhecimento para poder agir dentro da lei e acabar com os demônios psicopatas que dominam o tráfico e a prostituição de menores.

Aaaahhh!!!!

Mas se eu não levantar, não conseguirei fazer nada. Num impulso sento na cama e esticando os braços, me espreguiço. Finalmente vou ao banheiro executar minha rotina matinal. Me visto e vou tomar o café da manhã com Anita, que pelo aroma delicioso, já está preparando nosso desjejum.

- Bom dia! - cumprimentei-a com um sorriso, mas falando baixo.

- Bom dia querida e obrigada por falar baixo, minha cabeça tá o ó! - Resmungou ela.

Percebi que ela estava bem mal, a ressaca a pegou de jeito. Era melhor eu aliviar ao máximo o seu dia. Então avisei:

- Hoje vou revisar aqueles últimos relatórios que chegaram, vou pedir comida pronta do Dino's Grill, ficarei quietinha e você pode ir descansar, se quiser, mas tome um analgésico.

Ela olhou para mim com uma carinha de gatinho chorão, mas agradecida.

- Obrigada, querida, você realmente me entende. O café já está pronto e reforçado, vamos comer e depois vou aceitar a sujestão.

Sentamos e nos fartamos. Tinha frutas, bacon, ovos, linguicinha frita, pães, frios, bolo, suco, café e leite.

Foi bom, pois passaria horas sem precisar comer e faria uma refeição leve, no almoço ou talvez, nem almoçasse.

Anita tomou o comprimido e se retirou para o quarto, enquanto eu fui para o meu canto de trabalho. A sala do ap é tão grande, que pude improvisar um mini escritório num dos cantos. Tenho até um mini arquivo para meus documentos ficarem organizados.

Quando liguei o computador, o interfone tocou. Levantei com desagrado e atendi.

- Alô!

- Dona Stela, tem um entregador aqui com um buquê de flores pra senhora, posso deixar subir?

- Por favor, seu Gilson, veja o remetente para mim. - Tive uma desconfiança de quem as enviou.

- Mas aí eu vou ter que ler o cartão. - falou ele, pois era contra lei, ler correspondência alheia.

- Eu lhe autorizo, por favor. - pedi, assumi a responsabilidade.

- É de Danilo... - nem deixei ele completar.

- Pode jogar fora, seu Gilson, ou mande o entregador levar de volta.

- Mas são tão lindas, dona Stela.

- Então fique com elas para o senhor. Se chegar mais alguma coisa, com o mesmo remetente, não deixe subir.

- Sim, senhora, dona Stela. - respondeu ele, parecendo alegrinha.

- Obrigada, você será bem recompensado. - dispensei-o, chateada por ainda ter que gastar, por causa daquele homem arrogante

Ele agradeceu novamente e pude sentir o sorriso em suas palavras.

Sentei outra vez, de frente para o computador e abri finalmente os relatórios. Os dados eram alarmantes, eles ampliaram a área de ação, abrangendo um território bem próximo, que era do avô de Danilo,

Parei, me encostei na cadeira olhando para a tela sem enxergar, concentrada em decidir que atitude deveria tomar. Levantei e fui à cozinha beber água, talvez me ajudasse. A questão era: será que o Danilo sabe? Fique pensando um pouco sobre isso e decidi avisá-lo.

Voltei ao computador e abri a página de e-mail clandestina, que uso quando não quero ser identificada. Puxei o e-mail do advogado que nos tem assistido. Enviei a cópia do relatório referente à firma antiga dos Scapola em anexo em um e-mail.

Pronto, agora é só esperar a reação. Enquanto isso, investigo as operações bancárias do novo dono do pedaço e vejo que ele, apesar de viver uma vida banhada em ouro, tem uma conta bem modesta no banco. Vou ter um trabalho maior, mas eles não conhecem a @ratinhafaminta.