Os músculos de seus ombros e costas flexionaram quando ele se inclinou para frente. Cicatrizes cobriam suas costas de ferimentos de faca e arma que ele sofrera ao longo dos anos como homem feito. Lentamente, meu olhar caiu para sua bunda firme e um rubor aqueceu minhas bochechas. Eu rapidamente desviei meu olhar quando Mauro se virou, suas sobrancelhas franzidas em concentração. Seu peito era esculpido, bronzeado e um pequeno fio de cabelo escuro escorria do umbigo até a calça de moletom baixa. Era a primeira vez que o via sem camisa em muito tempo. Ele sempre usava uma camisa ao meu redor. Meu estômago esquentou.
Os olhos de Mauro cortaram para mim e eu corei, sentindo-me presa, como se meus pensamentos inadequados estivessem escritos por todo o meu rosto. Fiquei feliz por ele não saber como eu me sentia em relação a ele. Ele acharia que eu fosse tola. - Estamos bem abastecidos com comida enlatada e mudas de roupa. Alguns dias aqui em baixo não serão um problema.
Eu balancei a cabeça, depois me encolhi quando algo caiu sobre nossas cabeças.
Mauro estreitou os olhos.
- O que foi isso?
- Eu acho que eles derrubaram uma das estantes. Eles devem estar procurando um cofre. Talvez esse ataque não seja sobre nós, mas sobre as informações que esperam conseguir.
Mais uma vez, assenti. Eu nunca me importei muito com negócios da máfia. Eu nunca tinha experimentado o que isso implicava – até agora. Mauro vinha arriscando sua vida há anos, desde que era mais jovem do que sou agora. Talvez fosse por isso que a diferença de idade de cinco anos entre nós às vezes parecesse muito maior.
- Tente dormir um pouco. Eu posso diminuir a luz, - disse Mauro.
Eu rapidamente balancei minha cabeça. Não havia como adormecer agora. A adrenalina bombeava pelo meu corpo.
- Por que você não assiste TV enquanto eu tento descobrir uma maneira de enviar um sinal de emergência?
Caí na frente da TV como uma criança de cinco anos, mas o que mais poderia ter feito? Minhas pernas estavam tremulas e minha capacidade cerebral quase zero. Peguei o controle remoto e comecei a navegar pelos canais inconscientemente. Mas mantive o volume baixo para ouvir o que se passava acima de nossas cabeças, e meu olhar continuava retornando ao alçapão, a única coisa entre nós e nossos possíveis assassinos.
Isso e Mauro. Ele é um bom atirador. Ele nos protegeria.
Mauro
Eu me interessava por tecnologia, mas tentar enviar um sinal de emergência além do bloqueio que nossos invasores haviam instalado estava muito além do meu conhecimento.
Os olhos de Stella continuaram me seguindo e alternadamente olhando para o teto. Ela ainda estava tremula e arrepios pontuavam sua pele. Seus mamilos culminavam sua camisola da maneira mais perturbadora possível. - Você está com frio? Você pode trocar de roupa - sugeri eventualmente.
Stella seguiu minha sugestão e me surpreendeu quando vestiu uma das minhas blusas. Por alguma razão, a visão dela em minhas roupas grandes demais era ainda mais excitante do que sua camisola frágil tinha sido. Dane-se tudo.
Passei a noite e a maior parte do dia revisando o manual do teclado de segurança e ligando o aquecimento. Mais para me distrair do que por quaisquer propósitos práticos. Sentei-me em uma das camas de beliche enquanto Stella estava enrolada no sofá, apenas as canelas e os pés espreitando da minha blusa.
Ela cochilou duas vezes, mas acordou assustada logo depois, com a respiração trêmula até que seus olhos se fixaram em mim. - Você não pode ler ao meu lado?
Levantei-me e fui até ela, depois sentei ao lado de seus pés. Stella os apoiou nas minhas coxas e, sem pensar, coloquei a palma da mão na sua panturrilha. Sua pele estava macia, quente e agora que eu a sentia, não conseguia parar de pensar em como seria melhor se eu levasse minha mão até a sensível parte interna da sua coxa ou até mais.
Afastei o pensamento da minha cabeça e foquei nas minúsculas letras do manual. Stella sentou e me pegou de surpresa, virando-se e colocando a cabeça no meu colo. Por um momento, olhei seus cabelos cor de caramelo, meio dividido entre empurrá-la para longe, porque eu realmente não precisava de imagens adicionais de seu rosto perto do meu pau, puxando meu pijama para baixo e deslizando meu pau em sua boca assombrando minhas noites.
Eu me acomodei quando senti o sangue traiçoeiro fluir para a região da minha virilha.
- Alguma coisa interessante?
- Não, - eu disse. Stella encontrou meus olhos, franzindo a testa. Minha tensão repentina não fazia sentido para ela.
- Você ouviu alguma coisa? Estamos em perigo?
Eu estava em perigo de perder o ultimo fragmento de autocontrole e ela de perder sua honra. Algo em sua expressão mudou, como se ela soubesse o que eu estava pensando.
Ocasionalmente, pensei que ela tivesse me olhado com mais do que afeto de meia-irmã, mas culpara meus próprios desejos proibidos. Agora eu não tinha mais tanta certeza.
Depois de jantar cedo uma lata de creme de cogumelos e algumas bolachas, Stella entrou no minúsculo banheiro. A porta era fina e eu podia ouvir cada maldição murmurada enquanto ela tentava se mexer no espaço estreito. Tentei não imaginá-la enquanto se despia, como ficaria nua.
- Ai! - Stella murmurou.
Eu ri apesar da situação.
Silêncio seguiu atrás da porta.
- Você pode me ouvir?
- Claro que posso ouvi-la.
Mais silêncio. - Você tem que cobrir seus ouvidos.
- Stella, eu não vou cobrir minhas orelhas. Eu conheço o barulho quando alguém faz xixi, então vamos logo com isso e não ouse abrir a água para encobrir os sons.
- Eu não vou fazer xixi se você puder ouvir tudo! - Ela abriu a água. Eu me estiquei em um dos beliches, imaginando o que os invasores estavam fazendo lá em cima. Sem dúvida, tentando chegar aqui. Por que papai não pensou em instalar monitores aqui embaixo, ligados às câmeras da casa?
A porta se abriu e Stella saiu. Meu coração pulou uma batida. Que porra fodida ela estava vestindo? Sentei-me devagar, me perguntando se minha mente estava me pregando peças. Stella estava em algum tipo de camisola vermelha, fina e feita de um material sedoso. Só alcançava a parte superior das coxas e se agarrava aos seios. Porra.
Stella se mexeu, seu rosto ficando vermelho sob o meu escrutínio. - Somente minha mãe escolheria isso como roupa de dormir para uma situação de isolamento. As roupas da minha gaveta têm alguns anos e não servem mais em mim.
Eu mal registrei suas palavras. A maior parte do meu sangue havia deixado meu cérebro. É claro que eu já havia notado as curvas de Stella antes, mas tê-las enfiadas na minha cara assim, definitivamente provocaria um novo ataque de fantasias sujas que eu não achava absolutamente nada divertido.
Eu me levantei e fui até a gaveta com minhas roupas, abrindo-a com um pouco de força. Peguei uma camiseta e um short e joguei-os em Stella. Ela mal os pegou, os olhos arregalados de surpresa.
- Aqui. Coloque. Será mais confortável do que essa coisa.
Como se o conforto de Stella tivesse algo a ver com a minha necessidade de cobri-la com uma das minhas camisetas.
A mágoa cintilou em sua expressão, pegando meu cérebro, que tinha quase voltado a funcionar, de surpresa. Não tive a chance de analisar seu olhar, porque ela se virou e voltou ao banheiro.
Stella
Apertei as roupas no meu peito, atordoada pela onda de decepção que senti. No começo, quando percebi que teria que usar a camisola ridícula da minha mãe, fiquei envergonhada, mas depois de vesti-la, fiquei secretamente excitada com a reação de Mauro.
Eu não esperava que ele parecesse quase horrorizado. Tentar não levar isso a sério foi difícil, mesmo quando eu deveria estar aliviada. A reação de Mauro foi normal. A minha não era. Ele agiu como um meioirmão deveria.
Tirei a camisola e vesti as roupas de Mauro. O short estava muito baixo nos meus quadris e a camiseta chegava ao meio da coxa. Respirando fundo, sai novamente, determinada a me controlar e parar de ver algo mais do que família em Mauro.
Não consegui ler o olhar que Mauro me deu. Era pouco depois das sete, mas eu me sentia cansada. Mal dormi ontem à noite e não tinha certeza se dormiria esta noite. Estava silencioso acima de nossas cabeças por um tempo.
- Você acha que eles se foram? - Eu perguntei enquanto me dirigia para o beliche de Mauro, onde ele estava sentado debruçado sobre uma espingarda semiautomática que tinha tirado do armário atrás da escada, montando-a novamente depois de desmontá-la.
Ele olhou para cima, seus olhos arrastando sobre o meu corpo de uma maneira que enviou um pequeno arrepio na minha espinha. O olhar dele permaneceu nas minhas pernas nuas?
Não vá lá...
- Eu duvido. Eles podem estar vasculhando quarto após quarto em busca de algo útil. Como o código para este quarto.
Meus olhos se arregalaram.
Mauro balançou a cabeça. - Não está escrito em nenhum lugar. Somente o pai e eu sabemos disso, além de alguns homens de confiança.
Sentei-me ao lado de Mauro e seu corpo ficou tenso. Eu lamentei o fato de ele ter colocado uma camisa. Nossos olhos se encontraram, e prendi a respiração, sem saber ao certo o porquê. Algo nos olhos castanhos de Mauro enviou uma lança de desejo pelo meu corpo.
- Você não está cansada? - ele perguntou. Sua voz tinha uma nota estranha.
- Estou, - eu admiti. Meus olhos ardiam por falta de sono e pelo ar seco aqui embaixo.
- Por que você não deita naquela cama ali? - Ele acenou com a cabeça em direção ao beliche em frente ao seu.
- Você quer se livrar de mim? - Minha piada saiu pela culatra porque Mauro não riu.
Ele se concentrou na arma, e essa era toda a resposta que eu precisava. - Preciso verificar as armas restantes para garantir que tenhamos poder de fogo suficiente.
Eu levantei. Eu não queria me forçar sobre Mauro quando ele obviamente queria ficar sozinho. Escondendo minha decepção, deslizei para baixo do cobertor no beliche estreito. O material grosso era frio e cheirava levemente a desuso. Virei de costas para Mauro, precisando de privacidade.
O clique dele trabalhando nas armas ecoou no quarto do pânico. Não foi o que me manteve acordada, nem mesmo a luz - que ele diminuiu um pouco mais tarde. Meus pensamentos zumbiam na minha cabeça. Pensamentos sobre Mauro, sobre meus sentimentos por ele, sobre os homens em casa, sobre seus horríveis motivos. Preocupação de que meu relacionamento com Mauro ficaria ainda pior depois disso. Era como se algo estivesse mudando entre nós - novamente.
Olhei para o concreto cinza, ouvindo Mauro até que ele também perecia ter se deitado. Ele apagou as luzes, exceto por um brilho fraco, provavelmente da lâmpada que conseguiu ajustar esta tarde.
Eu não tinha certeza de quanto tempo estava deitada imóvel no beliche antes que não aguentasse mais. - Eu não consigo dormir. Eu fico pensando neles lá em cima, esperando uma chance de chegar até nós. E está congelando aqui em baixo. - O cobertor não era muito grosso.
Mauro suspirou. - Não posso aumentar o aquecimento. Não sei quanto tempo os geradores podem manter todas as instalações essenciais e precisamos ficar por três dias, a menos que alguém verifique a mansão mais cedo.
Estremeci novamente e me virei, olhando para Mauro na cama em frente à minha. Ele estava de frente para mim também. A lanterna a gás no chão entre nós jogou sombras em seu rosto que tornavam impossível ler sua expressão de onde eu estava. - Posso ficar debaixo do seu cobertor? Estou tremendo muito.
Mesmo quando eu disse as palavras, soou um alarme na minha cabeça. Considerando meus sentimentos por Mauro, dividir uma cama estreita com ele parecia uma opção perigosa.
Não seja estúpida.
Mauro só me via como sua meia-irmã. Eu não era uma mulher para ele. Ele provavelmente nem percebia que eu tinha seios e uma vagina.
Mauro ficou tenso. Ele não apenas tinha que tomar conta de mim, e agora estava preso em um quarto de pânico comigo, mas agora eu queria invadir seu espaço pessoal.
Minhas bochechas queimaram com o silêncio resultante. Fiquei feliz pela escuridão que escondia minha mortificação de seus olhos vigilantes. Por que eu não conseguia parar de agir como uma criança estúpida perto dele?
Quando perdi a esperança de que ele respondesse, sua voz baixa soou. - Claro.
Saí do meu beliche, tremendo quando meus pés descalços tocaram o chão frio de pedra, e corri os poucos passos em direção a Mauro. Ele levantou as cobertas e eu rastejei por baixo delas. O beliche era pequeno e nossos corpos roçavam, apesar da minha bunda pendurada na borda. Mauro chegou para trás até bater contra a parede, permitindo que eu me deitasse mais confortavelmente.
De repente, fui pega na realidade da situação. Mauro me olhava com uma expressão tensa. Ele estava deitado, com os braços estendidos, um braço apoiado desajeitadamente ao seu lado. Nossos rostos estavam próximos o suficiente para beijar, e eu não queria mais nada, mas não era louca. Eu não me faria de idiota de novo.
Limpei minha garganta, o que foi o equivalente a uma explosão no silêncio do quarto. - Eu vou me virar. - Mauro não disse nada. Eu rapidamente virei e minha bunda bateu contra sua virilha.
Sua expiração baixa me fez engolir. Deus, esse beliche era muito estreito para duas pessoas que não eram íntimas. - Você pode envolver seu braço em volta de mim.
O que havia de errado comigo?
Mas eu queria que ele passasse o braço em volta de mim.
Ele mudou de posição e hesitantemente tocou a palma da mão no meu quadril. Era quente e grande, e mais perturbadora do que eu imaginava que um toque como esse poderia ser.
Mauro era quase... tímido? Embora talvez tímido fosse a palavra errada. Ele foi cuidadoso. Talvez estivesse preocupado em me assustar? Ele sabia que eu nunca tinha estado na cama com alguém. O calor tomou conta de mim.
Ele finalmente passou o braço a minha volta, seu calor chamuscando minhas costas e parando meu tremor. Eu soltei um suspiro suave, aconchegando-me contra ele. A palma da sua mão contra a minha barriga parecia perfeito.
- Você é tão quente e forte.
Eu realmente tinha dito isso?
Mauro soltou um som estrangulado que poderia ter sido uma risada.
É claro que não consegui calar a boca porque, quando estava nervosa, e por algum motivo Mauro de repente me deixou muito nervosa, minha boca sempre corria livre. - Fico feliz que somos uma família então ninguém pensará nenhuma besteira maluca por compartilharmos uma cama. Não é como se algo pudesse acontecer entre nós. Quero dizer, somos praticamente irmã e irmão. - Mas caramba, meus sentimentos não eram nem um pouco fraternos.
- Mas não somos, - disse Mauro em um estrondo baixo que me fez derreter.
- Não, não somos, - eu concordei baixinho.
O perfume de Mauro me envolveu, seu calor estava por toda parte. E a sensação de seu corpo protegendo o meu, era melhor do que qualquer coisa que já senti. Apesar da minha preocupação com o que estava acontecendo na casa, adormeci, sabendo que Mauro me manteria segura.