Stella era minha droga favorita. Ela estava alheia aos meus pensamentos sujos, e a todas as maneiras que eu já a tinha fodido em minhas fantasias. Até hoje ela tinha dezessete anos, amanhã finalmente chegaria à maioridade. Finalmente? Outra barreira em ruínas, outro golpe para o meu autocontrole minguante.
Porra. Papai me deu uma tarefa: ficar de olho em Stella, proteger seu bem-estar físico e sua honra. O último provavelmente mais do que o primeiro. Afinal, uma garota em nossos círculos era julgada por sua maldita pureza. Essa era a razão da tradição nojenta dos lençóis ensanguentados. Ele ainda queria casá-la com a melhor oferta. Se eu agisse de acordo com minhas fantasias, isso poderia arruinar seus planos.
Meus olhos registraram uma sombra em movimento no local. No começo, tinha certeza de que minha mente estava me pregando uma peça. Tínhamos um sistema de alarme avançado para o jardim e a casa, que tocava assim que algo maior do que um gato tentava passar por cima da cerca. Isso era necessário porque nosso território fazia fronteira com o território inimigo, e a Outfit vinha atacando com frequência desde que a trégua havia terminado.
Outra sombra, depois outra. Que porra é essa?
Vidros quebraram em algum lugar da casa. Sem alarme. Nada.
Eu me virei, peguei minhas Berettas na mesa de cabeceira e saí correndo pelo corredor em direção ao quarto de Stella, enfiando uma arma na cintura da minha calça de moletom. Entrei correndo e cambaleei em direção a sua cama, segurando seu braço. Eu a puxei para cima e ela acordou com um suspiro, os olhos arregalados de medo. Seus lábios se abriram para gritar, mas minha mão apertou sua boca. Finalmente, seus olhos se fixaram no meu rosto e suas sobrancelhas franziram em confusão.
- Há invasores na casa. Vamos lá, preciso levá-la para o quarto do pânico.
- O alarme? - ela perguntou. Puxei-a para fora da cama quando ela não se mexeu.
-Stella, siga-me!- Depois de outro momento de hesitação, ela finalmente seguiu minhas ordens. Puxando minha segunda arma, entreguei a Stella. Ela balançou a cabeça.
- Eu não sei como atirar.
- Aponte para o invasor e aperte a porra do gatilho, é isso.
Ela pegou a arma e nos conduzi ao corredor. - Fique atrás de mim o tempo todo e não atire nas minhas costas por acidente. E pelo amor de Deus, faça o que eu digo, sem perguntas.
Ela assentiu em silêncio, obviamente atordoada pelo meu comportamento dominante.
Corremos em direção à escada. Vozes masculinas baixas vinham da sala de estar.
- Rápido, - eu murmurei. Agarrei seu pulso porque ela parecia congelada. Corri escada abaixo, arrastando Stella atrás de mim.
A entrada para o quarto do pânico ficava no escritório do pai, no térreo, a última porta à direita, saindo do saguão. Um invasor apareceu na porta da sala quando chegamos ao último degrau. Puxei o gatilho e coloquei uma bala no seu olho esquerdo. Ele caiu no chão com um baque retumbante. Arrastei Stella por cima do corpo, ouvindo passos de vários outros intrusos na sala de estar. Eu corri mais rápido, mesmo que Stella ofegasse desesperadamente atrás de mim. Com um forte empurrão, abri a porta, corri para dentro e digitei um código no teclado ao lado de uma das estantes de livros. O chão se separou ao lado da mesa, revelando uma escada estreita e o quarto do pânico subterrâneo.
- Entre! - Empurrei Stella na direção da abertura. Ela desceu alguns degraus.
- Não me deixe sozinha. - Os olhos dela estavam arregalados e medrosos.
- Desça! - Eu rosnei. Ela desapareceu e eu rapidamente desci também. Apenas minha cabeça espiou pelo buraco no chão quando outro invasor examinou a sala. Como o primeiro invasor, não reconheci o rosto dele. Eu atirei, mas ele recuou e a bala colidiu com a parede atrás dele, fazendo gesso voar por toda parte. Apertei o botão para fechar e o chão deslizou em segundos, depois digitei um código no painel que garantiria que ninguém chegasse até aqui sem saber os números corretos. Um lampejo de rosto me olhou um momento antes de a porta se fechar. Era a Bratva ou a Outfit? Ambos estavam nos dando problemas.
Cerrando os dentes, virei e fiquei tenso.
Stella estava no meio do quarto de trinta e cinco metros quadrados, os braços em volta da cintura, parecendo completamente perdida. Sua respiração saia em rajadas afiadas, pânico cintilando em seus olhos. Seu olhar percorreu o quarto inquieta.
- Está tudo bem. Este quarto é seguro. - Tentei acalmá-la, mas minhas palavras mal foram registradas. Ela parecia estar em choque, seu peito subindo e descendo rapidamente. Desviei meus olhos de seus seios, enfiei minha arma na cintura do meu pijama e me aproximei dela, tirando cuidadosamente a arma de seus dedos cerrados. Empurrando a arma na parte de trás da minha cintura, toquei a bochecha de Stella. Ela inclinou a cabeça, seu olhar encontrando o meu. Ela era mais do que uma cabeça mais baixa, e minha proteção se manifestou. Afaguei alguns fios de seu cabelo castanho caramelo da testa suada. - Você está segura, Stella.
- Você está aqui, - ela sussurrou como se isso afirmasse minhas palavras.
- Eu te protegerei.
Ela olhou em volta novamente. O quarto era feito para uma estadia curta. Seis beliches cobriam as paredes à nossa esquerda e direita. Nos fundos do quarto havia uma pequena cozinha e um banheiro estreito fechado. Embora fosse do tamanho de um armário de vassouras, nada mais. Você praticamente tomava banho sentado no vaso sanitário.
Bem ao lado da escada íngreme havia um sofá e uma pequena TV. Isso era tudo.
- Estamos presos no chão, - ela sussurrou, olhando para o teto baixo e engolindo em seco. Apenas uma lâmpada pendia sobre nossas cabeças.
- Pense nisso como um apartamento normal.
- Não tem janelas.
- Um apartamento de merda então.
Ela riu nervosamente. Meus dedos encontraram sua garganta e seu pulso palpitante sob a pele macia e acetinada.
- Não precisaremos ficar aqui por muito tempo. Logo chegarão reforços. - Mas o alarme não disparou. Fui até o pequeno console ao lado da escada e apertei o botão do alarme que estava conectado ao nosso sistema de segurança principal. Uma luz vermelha piscou. Sem conexão. Porra. Olhei para a escada, ouvindo passos acima de nós. Eles não podiam descer até aqui a menos que explodissem a casa inteira em pedacinhos. Mas se o reforço não foi alertado, Stella e eu ficaríamos presos aqui até nossos pais voltarem, e isso era em três dias. Muito tempo para ficar preso em um quarto subterrâneo, especialmente com sua meia- irmã tentadora e meio vestida. Meus olhos registraram a camisola frágil de Stella pela primeira vez. Isso era um pesadelo, e não somente por causa dos invasores que potencialmente queriam nos torturar e matar.
- Eu não ouvi o alarme, - disse Stella, procurando nos meus olhos.
Droga. Suspirei. Por alguma razão, nunca gostei de mentir para ela. ― Não. Eles desativaram.
Os olhos dela dispararam para o alçapão. - Mas eles não vão entrar?
- Não, não sem o código.
Ela assentiu, mordendo o lábio, ainda parecendo muito perdida e assustada.
Voltei para o lado dela e acariciei sua bochecha com a ponta do meu polegar. Porra, por que eu não conseguia parar de tocá-la? - Eu juro que você está segura.
Mais uma vez aquele pequeno sorriso confiante, que estava me dando ideias e ao mesmo tempo me lembrando de que eu era responsável por Stella. Ela confiava em mim, milagrosamente o fazia por muito tempo.
Olhei para o relógio na parede. Já passava da meia-noite. - Feliz aniversário, - eu disse.
Stella piscou, as sobrancelhas franzindo. - Se o início do meu aniversário for uma indicação para o resto do meu ano, eu gostaria de pular isso.
Eu sorri, balançando a cabeça, meus dedos ainda em sua pele. Meu olhar disparou para seus lábios, a maneira como eles se curvaram em um meio sorriso, apesar da ansiedade em seus olhos. Afastei minha mão como se tivesse sido queimado e dei um passo para trás, limpando a garganta. - Vou verificar tudo. Faz um tempo desde que estive aqui em baixo.
- Isso significa que você não tem um presente de aniversário para mim?
Uma imagem da minha cabeça enterrada entre as pernas dela surgiu na minha mente. Não era o presente de aniversário que ela tinha em mente. Eu precisava tirar minha mente da sarjeta. - Não aqui embaixo. - Consegui dizer.