Capítulo 4 O NOVO INSTRUTOR

Jania e Ulysses, chegaram ao templo, depois de se despedirem com boa noite, ela caminhou na direção de seu quarto, mas Ulysses a chamou. Quando ela virou olhou sem falar nada, só esperando-o dizer o porquê a chamou.

- Não saia mais sozinha, fique sempre em segurança - Disse Ulysses olhando-a com ternura.

Depois de consentir, Jania seguiu.

Ulysses, ficou olhando-a até ela sumir no imenso corredor onde dava para a ala dos quartos das mulheres.

Na manhã seguinte Jania despertou e seguiu igualmente com sua rotina de todos os dias desde que chegou naquele lugar.

Ao retornar de uma hora de corrida, seguiu direto para seu quarto, depois de tomar uma ducha para lavar-se e tirar o suor de todo seu corpo, seguiu para o refeitório para tomar seu café da manhã pois estava com muita fome já que só tinha ingerido uma barrinha de cereal, desde que se levantou na madrugada.

Depois de um reforçado café da manhã com direito a mingau de aveia e torradas. Jania seguiu para sala de treinamento pronta para iniciar mais um dia pesado como o mestre havia lhe avisado que seria. No entanto o mestre estava atrasado a mais de vinte minutos, coisa que era muito estranho, pois ele sempre era pontual com seus horários e compromissos.

Distraída pensando em que o mestre estaria ocupado para não comparecer, Jania não viu quando alguém se aproximou e falou bem perto de seu ouvido:

- Preparada para dar inicio a aula de hoje?

Ao ouvir aquela voz sedutora, Jania virou imediatamente se deparando com Ulysses ali a sua frente.

- O que faz aqui? Onde está o mestre? - perguntou olhando na direção da porta.

- O mestre teve que sair, um antigo amigo dele faleceu essa madrugada e ele está na casa dando apoio a família.

- Nossa sinto muito, de que o amigo do mestre faleceu?

- Ele teve morte natural, já era um senhor de idade avançada. Então hoje eu serei seu instrutor a pedido do mestre. - Disse Ulysses com o semblante sorridente.

- Não, eu prefiro não fazer aula hoje - disse Jania seguindo para a porta.

- Bom é você quem sabe, mas eu te garanto, estou preparado e sou capaz de lhe dar a aula que está marcada para hoje, senão o mestre não me daria essa missão, mas se você não quer não posso fazer nada, mas lhe digo, vai atrapalhar toda sua agenda de aulas se você pular essa.

Depois de hesitar por alguns minutos Jania consentiu e aceitou que Ulysses lhe desse a aula. E assim começou a se alongar como ele lhe instruiu.

Logo Ulysses deu início aos golpes na direção de Jania que demorou para se concentrar e por isso alguns acertaram fazendo-a gemer de dor. Vendo-a gemer, o homem não sabia o que fazer pois conhecia bem como era aquela dor, no entanto não podia facilitar, pois não a ajudaria em nada, pelo contrário iria deixá-la despreparada para seu adversário ou no caso dela, seus adversários.

- Vamos Jania, não amoleça, se concentre, e lembre-se nunca abaixe a guarda. Você já aprendeu que nunca devemos dar tempo do inimigo respirar e se recompor, você quer vencê-los não quer? Você deseja destruí-los, não é? Então, seja você a destruidora e vencedora.

Ao ouvi-lo, Jania o olhou com sangue nos olhos, lembrou-se da cena do marido morto no carro fazendo sua raiva fluir, tomando-a em um ódio sem fim, com os dentes rígidos levantou-se já com os punhos fechados e olhos cerrados, olhando-o como se não fosse Ulysses ali a sua frente e sim o homem a quem ela tanto deseja eliminá-lo.

E por duas horas, Jania lutou bravamente com Ulysses que mal podia acreditar no que tinha acabado de presenciar, a mulher que parecia tão frágil se revelou uma fera que a todo custo queria pegar sua presa e devorá-la.

A aula naquela manhã que foi de "Kung Fu" chegou ao fim, depois de cumprimentar Jania curvando-se em gesto de "Kin Lai" Ulysses, a deixou ir, mas antes dela desaparecer de sua visão, a chamou e falou:

- Mais tarde te esperarei para a aula de Karatê.

Sem falar nada, Jania saiu deixando-o sozinho arrumando os tatames.

Ao entrar em seu quarto esfregando os punhos doloridos de defender-se dos ataques, Jania parou diante da foto do esposo e filhos, em um porta retrato em cima de um móvel, com lágrimas nos olhos, falou:

"Por vocês não vou fraquejar, eu vou conseguir, ou morrerei tentando!"

Depois de beijar o dedo indicador da mão direita e depositado na foto seguiu para o banheiro entrando embaixo do chuveiro deixando a água quente cair sobre sua cabeça enquanto as lágrimas escorriam pela face. Após vestir-se saiu para o jardim e lá ficou sentada no gramado até que a senhora Xin chegou e a chamou para entrar para almoçar a senhora era a esposa do mestre que não se encontrava no templo.

Logo que a senhora saiu, Jania olhou mais um pouco para a paisagem das montanhas ao longe e entrou em seguida seguindo direto para o refeitório, encontrando muitas outras jovens já almoçando, uma moça de cabelos compridos tão preto com um brilho que chegava doer os olhos, a chamou para sentar-se ao seu lado, Jania aceitou de bom grado, logo que Jania sentou-se a linda moça disparou a falar se apresentando.- Oi, eu me chamo Jingyi. Você é muito linda! Desde que te vi quando chegou eu fiquei te olhando e admirando sua pele que é tão branquinha, não tem nem uma marca de espinha ou algo assim e vejo que você não usa maquiagem nenhuma. - Falou a moça olhando fixamente para o rosto de Jania.

- Não, eu realmente não uso, nunca gostei de maquiagem, às vezes eu passo só uma pequena quantidade de base por cima do protetor solar que uso todos os dias. Mas me fala esse seu nome é...

- Eu sou chinesa, mas fui criada aqui na região em um orfanato e depois que peguei maioridade fui trazida para o templo pela senhora Xin, ela é amiga da senhora que cuida das crianças no orfanato aqui perto, então a senhora Yu pediu que a senhora Xin me trouxesse para ficar aqui e aprender as artes em troca de ajudá-la nas tarefas do templo, mas acabou que a senhora Xin não me deixa fazer nada.

E você é de onde?

- Eu sou brasileira, muitos assim como meu falecido esposo, acham que eu não pareço brasileira, mas é porque meus pais são alemães, mas eu nasci e fui criada no interior de minas