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Bournemouth Beach
Quase uma semana se passou e o assunto do beijo não tinha sido mencionado. E isso era bom, pelo menos para William. Ainda estava confuso demais para lidar com aquilo e todas as consequências. Gostava de Edward é claro, mas nos últimos dias se perguntava como... Seus sentimentos por seus amigos de Londres, principalmente com seu melhor amigo de lá, Greg, era diferente. Só não conseguia entender o porquê.
Às vezes o olhava demais, tentando decifrar o que o amigo tinha de diferente, porque precisava entender. E quanto mais olhava, mais confuso ficava. A amizade dos dois parecia não ter mudado para quem via de fora, mas estava diferente. Edward estava mais carinhoso e carente do que o normal. Abraçava mais, o olhava de um jeito especial, o tocava mais... William acharia aquilo estranho demais se fosse outra pessoa, mas não Ed.
Ele estava gostando dessa mudança entre os dois. Sentia o coração bater um pouco mais forte quando saía todos os dias de manhã para surfar com o amigo, um frio na barriga quando sentia o toque do outro. A primeira coisa que pensava quando acordava era no amigo, e antes de dormir mal via a hora de quando acordasse para passar outro dia com ele.
Nos últimos dois dias estava pensando demais no beijo que dividiram. Não no beijo em si, mas em como seria se repetissem. Estava olhando demais pro lábios de Edward, tanto que sabia que o amigo tinha percebido. Sentia o rosto ficar vermelho só de pensar nisso. Iria embora da cidade dali uns dias, e isso o perturbava. Precisava fazer isso antes que fosse tarde demais.
E como uma ironia do destino, seu pai Troy parecia que estava adivinhando tudo o que acontecia entre os dois. Ele parecia estar cada vez mais interessado em fazer William se sentir a pior pessoa do mundo, fazendo piadinhas, o deixando sem graça e destilando seu veneno contra seu amigo. Mas agora fazia todas essas coisas escondido de sua esposa, porque sabia que assim não haveria brigas. Afinal, William nunca falava nada para sua mãe, para evitar qualquer confusão. Ele tinha e queria lidar com tudo aquilo sozinho. Sua maior arma era fingir não ouvir, apesar que muitas vezes as palavras rodavam por horas na sua cabeça. Mas era muito fácil fingir que não o atingia. Quem sabe um dia aquilo pararia e seu pai se cansasse.
Como de costume, as duas famílias iriam se reunir para um jantar e Troy estava com cara feia. William não queria saber de ninguém estragar sua noite e foi mais cedo para a casa do amigo.
Já estava tão acostumado em chegar mais cedo, que Edward apenas o arrastou para o quarto para jogarem videogame.
William mal prestava atenção no jogo... Talvez aquele pudesse ser o dia que finalmente teria coragem e tentaria beijar Edward. Não sabia se era porque era a noite mas o amigo estava particularmente muito bonito. Tão bonito que sentia que poderia ficar olhando a noite toda.
Nem percebeu o tempo passar e quando ouviu, sua família já havia chego. Logo eles foram jantar e Troy realmente estava mais educado naquela noite. Pelo menos não teria nenhuma briga em sua casa quando chegassem mais tarde. Quando acabaram de comer, William ficou na sala com Edward enquanto todos estavam sentados perto da piscina.
Não se importou quando o amigo deitou em seu colo e falava sem parar. Queria que o mundo congelasse naquele momento porque foi ali que percebeu o que sentia por Edward. O coração parecia que sairia pela boca de tão nervoso com essa nova descoberta. Tudo estava se encaixando, como um quebra cabeça. Não tinham mais peças soltas, ele só tinha agora essa certeza absoluta e estava feliz. Gostava realmente do outro, não como amigo, como pessoa. Talvez fosse jovem demais para dizer em amor, mas talvez fosse algo muito parecido com isso.
E chegar nessa conclusão inchou seu peito de coragem. Iria falar tudo, quem sabe fosse a coisa certa a ser feita. E mal tinha aberto a boca, para Edward levantar abruptamente.
- Por que não dorme aqui hoje? A gente pode ir pra praia ver o sol nascer.
- Tenho que pedir pra minha mãe.
- Eu falo!
William começou a rir da animação de Edward saindo correndo igual uma criança pela sala. Foi atrás do amigo e parou na porta da sala, o esperando enquanto ouvia a conversa deles.
- Tia Josie, o Will pode dormir aqui hoje?
- Claro meu anjo, sem problemas.
- Josie - Troy segurou no ombro da esposa, olhando para Edward com uma cara feia - William tem que ir pra casa hoje. E vocês dois já passaram o dia todo juntos.
- Deixa os garotos... As férias já estão praticamente no fim - Ane tentou convencê-lo - Eles precisam aproveitar esses últimos dias.
- Não, Ana, quero William em casa hoje, junto com a família. Ele mal passou os dias em casa.
William queria tanto que sua mãe falasse algo, mas sabia que era inútil. Ela não iria arrumar briga na casa de ninguém. Apenas deu um sorriso sem graça e George fez questão de mudar de assunto para tentar mudar o clima que havia surgido. Edward voltou para a sala com um vinco na testa e um bico nos lábios.
- Não entendo porque seu pai não gosta de mim.
- Quem te disse que ele não gosta de você?
- Eu disse. - Edward agora estava sentado ao seu lado com os braços cruzados - Não sou idiota.
- Ele gosta de você, só tem esse jeito mesmo. E realmente passamos o dia juntos e...
- Sempre passamos o dia juntos e isso nunca foi problema.
Edward disse, sem deixar William terminar de falar. Não sabia o que falar para tentar remediar o que seu pai fez, porque no fundo era mais do que óbvio que Troy não gostava mais de Edward.
- Amanhã vem cedo pra gente surfar né? - Ed perguntou -.
- Claro... sempre vou vir, você sabe disso.
***