Pego a roupa que irei trabalhar, coloco dentro do carro e me sento no banco do motorista para sair o quanto antes. Minha barriga ronca de fome, já que eu não comi nada desde a tarde do dia anterior, mas ignoro isso e dirijo até à a academia da minha mãe. Quando chego ao local, vejo algumas pessoas treinando, coloco os fones de ouvido e tento canalizar a raiva que estou sentindo nos exercícios. Em um dado momento, sinto alguém tocar em mim, sabendo de quem se trata, largo os pesos e tiro um dos fones.
– O que aconteceu, Timoty? – Minha mãe pergunta. Observo-a em seu traje fitness e sinto uma pontada de orgulho por ter uma mãe tão saudável.
– Nada, mãe! Eu posso treinar em paz?
– Você sabe que pode se abrir comigo, não sabe? Eu sei quando você não está bem.
Não digo nada. A academia está relativamente cheia, então me levanto e vou beber água a fim de tentar descansar da série de exercícios. Desde a adolescência eu treino, pelo menos três vezes por semana. Quando me casei com Mad, ela me acompanhou, Oliver ama vir aqui também e lembro dos nossos treinos em família, orientados pela minha mãe, que é apaixonada em exercícios. Bebo água, me sento em um aparelho que não está sendo usado e olho para os meus pés.
– Eu sei que as coisas não estão fáceis para você, meu filho, mas pegar 120kg, após mais de um mês sem se exercitar, não vai resolver as coisas. Na verdade, podem até piorar.
Eu apenas balanço a cabeça confirmando que entendi o que ela disse. Olho para o relógio e vejo que já são 6h40. Meu estômago ronca de fome novamente e decido parar com o treino do dia.
– Eu vou tomar um banho e comer alguma coisa. Tenho que chegar cedo na editora.
Vou no carro, onde pego a roupa que separei para usar e sigo para os banheiros coletivos onde tomo um banho demorado e me arrumo. Em seguida, vou para a lanchonete da academia, peço um café da manhã inglês tradicional e em poucos minutos sou servido. Enquanto como, fico repassando o que aconteceu na noite passada. Sei que minha mãe está curiosa sobre o meu comportamento, mas sei que falar algo do tipo para ela, pode fazê-la odiar a Madison, assim como eu estou odiando-a.
Decido então que vou me concentrar no meu trabalho e fazer a minha parte no que diz respeito à minha família, o que é o certo a ser feito, mas vou dar mais espaço para minha esposa. Será melhor não fazer mais investidas, como tenho feito. Melhor eu me distanciar até eu parar de odiá-la pelo menos.
Termino de comer e vou para a editora. Algumas pessoas perguntam sobre Mad e sempre que escuto seu nome os acontecimentos da noite anterior veem à minha mente. Tento não deixar nada transparecer em minhas expressões e apenas digo que ela está se recuperando a cada dia, com um sorriso no final. Avalio algumas obras aprovadas para publicação, dentre elas algumas de Madison.
Logo lembro das pesquisas que eu vi no histórico da internet que ela fez sobre Mathew. Francamente, acho simplesmente ridículo isso estar acontecendo. Por ora, acredito que tudo pode ser apenas um pesadelo. Mad e eu estávamos em um momento tão bacana, até falávamos de aumentar a família com mais um ou dois filhos, quem sabe até um cachorro. Mas tudo virou em cinzas após o acidente.
Recordo então daquele fatídico dia em que cheguei em casa com Oliver, Mad havia ficado em casa para tentar escrever algumas páginas de seu novo romance e quando entrei no escritório, me deparei com ela desacordada no chão. Um pouco de sangue estava no chão ao redor de sua cabeça e logo olhei ao redor, tentando perceber o que pudesse ter acontecido.
Liguei para a ambulância e para os meus pais, que foram ficar com Oliver e logo estávamos a caminho do hospital. Ela ficou algumas horas dormindo e, quando enfim abriu os olhos, a primeira coisa que fez, foi chamar pelo ex. Ignorei aquilo, apesar de ter me deixado muito triste vê-la procurando por outro homem, pior ainda um homem que a fez sofrer drasticamente. Ao que parece, as pessoas experimentam uma espécie de felicidade quando estão sofrendo e se martirizando por algo ou alguém que não vale a pena.
No horário do almoço, não tenho vontade de ir para casa, então peço que Maggie busque Oliver para leva-lo à escola. Tenho ido todos os dias almoçar em casa, para ver a Mad e ainda levar nosso filho para a escola. Tem sido ainda mais cansativa essa jornada, além de cara. Decido ficar na editora, como antes do acidente e voltar para casa apenas no final do dia nas próximas semanas, dessa forma, vou evitar ver minha mulher mais vezes, talvez assim, a raiva que estou sentindo dela se dissipe mais rápido.
– Tim, como está a sua esposa? – O dono da editora me encontra na saída.
– Está se recuperando. – Digo com um breve sorriso. – Em breve ela volta a trabalhar. – Acrescento, pois, sei que esse é o motivo pelo qual ele perguntou de Mad, já que o setor dela está meio parado.
– Ela está fazendo falta! – Vejo-o se afastando tão rápido como quando chegou.
Busco Oliver na casa de Maggie e sigo para casa, onde encontro Mad finalizando um jantar de dar água na boca. Vejo-a brincar com Oliver assim que eles se encontram. Ela me cumprimenta e seu perfume doce mexe um pouco com os meus sentidos, no entanto me mantenho distante e sigo para o quarto onde tomo um banho demorado. Apesar de estar com fome, não sinto vontade de descer e jantar com Madison, no entanto penso em Oliver e me obrigo a ir mesmo assim.
Jantamos ao som de risadas de Madison e Oliver. Não consigo entrar na brincadeira, apenas janto em silêncio, vez ou outra abrindo um breve sorriso quando a brincadeira é de fato engraçada. Após a refeição, fico no escritório até mais tarde trabalhando em algumas pendências da editora e vejo Oliver entrando para dar boa noite. Abraço meu filho e dou um beijo em sua cabeça. Meu olhar com o de Madison se encontram brevemente, mas logo desvio para o que estava fazendo antes.
Quando subo para dormir já passa da meia-noite e acredito que Mad já esteja dormindo profundamente, o que vai me evitar conversar com ela. No entanto, assim que entro no quarto a encontro lendo um livro. Ignoro-a e apenas me deito, após escovar os dentes.
– A gente pode conversar?
Mad pergunta e eu suspiro fechando os olhos com pesar, já que isso era tudo que eu queria evitar. Dou de ombros e a vejo guardando o livro que estava lendo. Continuo deitado, com os olhos pesados e a ouço começar a falar.
– Você ainda está com raiva de mim? – Lanço-a um olhar de paisagem. – Tudo bem, eu sei que você está. Mas podemos tentar esquecer isso e seguirmos em frente, Tim? A gente não precisa ficar se tratando mal.
– Eu não estou te tratando mal, Mad. Pare de drama.
– Mas está me evitando, mal fala comigo e quando fala...
– Mad... – Interrompo-a. – Eu estou cansado. Acordei às 5h da manhã para voltar a fazer meus exercícios, o trabalho na editora está intenso e eu não estou a fim de conversar mais agora. – Vejo-a calada me encarando. – E mais, eu preciso mais do que um dia para superar você falando o nome de outro homem na cama, enquanto estava quase fazendo amor comigo, então, me deixa em paz, por favor.
Me viro para o outro lado, após vê-la abaixando o rosto com os olhos marejados. Sei que acabei de ser muito bruto, mas sinceramente, não me importo nem um pouco. Sei que ela vai começar a chorar, pois Mad é bem sensível. Tento segurar algumas lágrimas também e desligo a luz do abajur do meu lado da cama. Sei que ela está tentando segurar o choro e posso senti-la se ajeitar na cama ao meu lado e fungar o nariz, provavelmente já chorando.
Demoro para adormecer, apenas escutando minha esposa chorando baixinho. Um lado meu quer virar para o seu lado, pedir perdão pelo que falei e confortá-la da minha brutalidade. No entanto, o outro, quer simplesmente continuar odiando-a pelo que aconteceu ontem. Quando percebo que ela dormiu, consigo então adormecer. Acordo pouco depois, quando meu despertador vibra embaixo do meu travesseiro e sei que preciso ir para a academia. Levanto exausto e dou início o meu dia.
Olho para Mad, vejo-a dormindo profundamente e sinto falta da minha esposa em todos os sentidos. Toda essa situação tem acabado comigo cada vez mais. No fundo eu acredito que vai dar certo, que ela vai voltar a ser a minha Madison, mas isso está tão profundo que nem consigo pensar nisso como uma realidade por muito tempo. Saio do quarto após me arrumar e vou em direção à academia.
Narrado por Timoty Courtney...
Levanto às 5h da manhã e me arrumo para ir à academia, onde costumava fazer exercícios diários. Há mais de um mês não me exercito e tenho sentido falta. Desde o acidente da minha esposa, tenho praticamente esquecido de mim mesmo e me concentrado somente em ajuda-la a se recuperar. Mas a noite anterior foi a gota d'água. Após escutar Madison falando o nome do ex-namorado enquanto estávamos quase fazendo amor, uma onde de raiva surgiu dentro de mim, o que me fez odiá-la.
Pego a roupa que irei trabalhar, coloco dentro do carro e me sento no banco do motorista para sair o quanto antes. Minha barriga ronca de fome, já que eu não comi nada desde a tarde do dia anterior, mas ignoro isso e dirijo até à a academia da minha mãe. Quando chego ao local, vejo algumas pessoas treinando, coloco os fones de ouvido e tento canalizar a raiva que estou sentindo nos exercícios. Em um dado momento, sinto alguém tocar em mim, sabendo de quem se trata, largo os pesos e tiro um dos fones.
– O que aconteceu, Timoty? – Minha mãe pergunta. Observo-a em seu traje fitness e sinto uma pontada de orgulho por ter uma mãe tão saudável.
– Nada, mãe! Eu posso treinar em paz?
– Você sabe que pode se abrir comigo, não sabe? Eu sei quando você não está bem.
Não digo nada. A academia está relativamente cheia, então me levanto e vou beber água a fim de tentar descansar da série de exercícios. Desde a adolescência eu treino, pelo menos três vezes por semana. Quando me casei com Mad, ela me acompanhou, Oliver ama vir aqui também e lembro dos nossos treinos em família, orientados pela minha mãe, que é apaixonada em exercícios. Bebo água, me sento em um aparelho que não está sendo usado e olho para os meus pés.
– Eu sei que as coisas não estão fáceis para você, meu filho, mas pegar 120kg, após mais de um mês sem se exercitar, não vai resolver as coisas. Na verdade, podem até piorar.
Eu apenas balanço a cabeça confirmando que entendi o que ela disse. Olho para o relógio e vejo que já são 6h40. Meu estômago ronca de fome novamente e decido parar com o treino do dia.
– Eu vou tomar um banho e comer alguma coisa. Tenho que chegar cedo na editora.
Vou no carro, onde pego a roupa que separei para usar e sigo para os banheiros coletivos onde tomo um banho demorado e me arrumo. Em seguida, vou para a lanchonete da academia, peço um café da manhã inglês tradicional e em poucos minutos sou servido. Enquanto como, fico repassando o que aconteceu na noite passada. Sei que minha mãe está curiosa sobre o meu comportamento, mas sei que falar algo do tipo para ela, pode fazê-la odiar a Madison, assim como eu estou odiando-a.
Decido então que vou me concentrar no meu trabalho e fazer a minha parte no que diz respeito à minha família, o que é o certo a ser feito, mas vou dar mais espaço para minha esposa. Será melhor não fazer mais investidas, como tenho feito. Melhor eu me distanciar até eu parar de odiá-la pelo menos.
Termino de comer e vou para a editora. Algumas pessoas perguntam sobre Mad e sempre que escuto seu nome os acontecimentos da noite anterior veem à minha mente. Tento não deixar nada transparecer em minhas expressões e apenas digo que ela está se recuperando a cada dia, com um sorriso no final. Avalio algumas obras aprovadas para publicação, dentre elas algumas de Madison.
Logo lembro das pesquisas que eu vi no histórico da internet que ela fez sobre Mathew. Francamente, acho simplesmente ridículo isso estar acontecendo. Por ora, acredito que tudo pode ser apenas um pesadelo. Mad e eu estávamos em um momento tão bacana, até falávamos de aumentar a família com mais um ou dois filhos, quem sabe até um cachorro. Mas tudo virou em cinzas após o acidente.
Recordo então daquele fatídico dia em que cheguei em casa com Oliver, Mad havia ficado em casa para tentar escrever algumas páginas de seu novo romance e quando entrei no escritório, me deparei com ela desacordada no chão. Um pouco de sangue estava no chão ao redor de sua cabeça e logo olhei ao redor, tentando perceber o que pudesse ter acontecido.
Liguei para a ambulância e para os meus pais, que foram ficar com Oliver e logo estávamos a caminho do hospital. Ela ficou algumas horas dormindo e, quando enfim abriu os olhos, a primeira coisa que fez, foi chamar pelo ex. Ignorei aquilo, apesar de ter me deixado muito triste vê-la procurando por outro homem, pior ainda um homem que a fez sofrer drasticamente. Ao que parece, as pessoas experimentam uma espécie de felicidade quando estão sofrendo e se martirizando por algo ou alguém que não vale a pena.
No horário do almoço, não tenho vontade de ir para casa, então peço que Maggie busque Oliver para leva-lo à escola. Tenho ido todos os dias almoçar em casa, para ver a Mad e ainda levar nosso filho para a escola. Tem sido ainda mais cansativa essa jornada, além de cara. Decido ficar na editora, como antes do acidente e voltar para casa apenas no final do dia nas próximas semanas, dessa forma, vou evitar ver minha mulher mais vezes, talvez assim, a raiva que estou sentindo dela se dissipe mais rápido.
– Tim, como está a sua esposa? – O dono da editora me encontra na saída.
– Está se recuperando. – Digo com um breve sorriso. – Em breve ela volta a trabalhar. – Acrescento, pois, sei que esse é o motivo pelo qual ele perguntou de Mad, já que o setor dela está meio parado.
– Ela está fazendo falta! – Vejo-o se afastando tão rápido como quando chegou.
Busco Oliver na casa de Maggie e sigo para casa, onde encontro Mad finalizando um jantar de dar água na boca. Vejo-a brincar com Oliver assim que eles se encontram. Ela me cumprimenta e seu perfume doce mexe um pouco com os meus sentidos, no entanto me mantenho distante e sigo para o quarto onde tomo um banho demorado. Apesar de estar com fome, não sinto vontade de descer e jantar com Madison, no entanto penso em Oliver e me obrigo a ir mesmo assim.
Jantamos ao som de risadas de Madison e Oliver. Não consigo entrar na brincadeira, apenas janto em silêncio, vez ou outra abrindo um breve sorriso quando a brincadeira é de fato engraçada. Após a refeição, fico no escritório até mais tarde trabalhando em algumas pendências da editora e vejo Oliver entrando para dar boa noite. Abraço meu filho e dou um beijo em sua cabeça. Meu olhar com o de Madison se encontram brevemente, mas logo desvio para o que estava fazendo antes.
Quando subo para dormir já passa da meia-noite e acredito que Mad já esteja dormindo profundamente, o que vai me evitar conversar com ela. No entanto, assim que entro no quarto a encontro lendo um livro. Ignoro-a e apenas me deito, após escovar os dentes.
– A gente pode conversar?
Mad pergunta e eu suspiro fechando os olhos com pesar, já que isso era tudo que eu queria evitar. Dou de ombros e a vejo guardando o livro que estava lendo. Continuo deitado, com os olhos pesados e a ouço começar a falar.
– Você ainda está com raiva de mim? – Lanço-a um olhar de paisagem. – Tudo bem, eu sei que você está. Mas podemos tentar esquecer isso e seguirmos em frente, Tim? A gente não precisa ficar se tratando mal.
– Eu não estou te tratando mal, Mad. Pare de drama.
– Mas está me evitando, mal fala comigo e quando fala...
– Mad... – Interrompo-a. – Eu estou cansado. Acordei às 5h da manhã para voltar a fazer meus exercícios, o trabalho na editora está intenso e eu não estou a fim de conversar mais agora. – Vejo-a calada me encarando. – E mais, eu preciso mais do que um dia para superar você falando o nome de outro homem na cama, enquanto estava quase fazendo amor comigo, então, me deixa em paz, por favor.
Me viro para o outro lado, após vê-la abaixando o rosto com os olhos marejados. Sei que acabei de ser muito bruto, mas sinceramente, não me importo nem um pouco. Sei que ela vai começar a chorar, pois Mad é bem sensível. Tento segurar algumas lágrimas também e desligo a luz do abajur do meu lado da cama. Sei que ela está tentando segurar o choro e posso senti-la se ajeitar na cama ao meu lado e fungar o nariz, provavelmente já chorando.
Demoro para adormecer, apenas escutando minha esposa chorando baixinho. Um lado meu quer virar para o seu lado, pedir perdão pelo que falei e confortá-la da minha brutalidade. No entanto, o outro, quer simplesmente continuar odiando-a pelo que aconteceu ontem. Quando percebo que ela dormiu, consigo então adormecer. Acordo pouco depois, quando meu despertador vibra embaixo do meu travesseiro e sei que preciso ir para a academia. Levanto exausto e dou início o meu dia.
Olho para Mad, vejo-a dormindo profundamente e sinto falta da minha esposa em todos os sentidos. Toda essa situação tem acabado comigo cada vez mais. No fundo eu acredito que vai dar certo, que ela vai voltar a ser a minha Madison, mas isso está tão profundo que nem consigo pensar nisso como uma realidade por muito tempo. Saio do quarto após me arrumar e vou em direção à academia.