T & M
img img T & M img Capítulo 5 Carta do Futuro 1
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Capítulo 6 Preciso de você na editora img
Capítulo 7 O almoço com Tim img
Capítulo 8 A tomografia img
Capítulo 9 A primeira lembrança img
Capítulo 10 Recebidos com abraços img
Capítulo 11 O desmaio img
Capítulo 12 Eu tenho cócegas! img
Capítulo 13 Os documentos img
Capítulo 14 O pedido de casamento img
Capítulo 15 Quanta coincidência! img
Capítulo 16 Eu prometo! img
Capítulo 17 Tim e Mathew img
Capítulo 18 Quase uma semana img
Capítulo 19 A traição img
Capítulo 20 Alta do hospital img
Capítulo 21 A mamãe me mandou te buscar! img
Capítulo 22 Um filme img
Capítulo 23 Ocupado img
Capítulo 24 Positivo img
Capítulo 25 O exame img
Capítulo 26 Bolinhos de coco img
Capítulo 27 Cupcakes img
Capítulo 28 Eu já tentei de tudo! img
Capítulo 29 Na psicóloga img
Capítulo 30 O encontro img
Capítulo 31 A massagem img
Capítulo 32 E por que a pressa img
Capítulo 33 O nome img
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Capítulo 5 Carta do Futuro 1

Narrado por Madison Courtney...

Os dias se passam com Tim falando cada vez menos comigo. Às vezes ele me encontra no quarto procurando roupas para vestir apenas com as peças íntimas no corpo como da outra vez, mas depois de uma olhadela, suspira e vai para o banheiro tomar seu banho noturno. Quase não come à mesa comigo e Oliver e quando o faz, fica sempre calado. Não tiro a razão dele, o que fiz foi não foi nada legal, ainda mais depois dele ter se esforçado tanto para que eu me adaptasse da melhor forma possível à minha vida. Se não fosse por ele, eu não conseguiria estar um pouco melhor atualmente.

A verdade é que com o passar dos dias, desenvolvi certa afeição por Tim. Percebi que o modo como me tratava, me olhava e ainda como brincava com Oliver mesmo após chegar exausto da editora, onde ele com certeza ficara boa parte do tempo lendo, comunicando-se com escritores e planejando eventos de lançamento, me ajudou a enxergá-lo de forma diferente. E foi por esse motivo, que no dia em que ele se aproximou daquela maneira, eu não o afastei como das outras vezes.

Tim é um ótimo pai e, apesar da minha situação, um ótimo marido, sem sombra de dúvidas, o que me faz pensar que ele é daquele tipo de pessoa que sempre quis constituir uma família como a que tem. Haviam dias em que ele passava em uma floricultura ou padaria e trazia algo de uma das lojas para mim, apenas para me ver sorrindo descrente pelo seu gesto.

Depois do que houve em nossa cama dias atrás, minha aproximação o deixa chateado, logo, sou obrigada a manter distância para não causar problemas. Mas confesso que sinto falta de Tim me desejando através de olhares e gestos acusatórios.

Daniel vem me visitar pela manhã e conto o que aconteceu. Ele diz que Tim deve estar sentindo muito a minha falta já que éramos muito próximos, intimamente falando. Assim que ele diz isso, pergunto como ele sabe dessas coisas e meu irmão apenas menciona que sempre havia sido meu confidente, o que não é difícil de imaginar, vendo o quão próximo somos mesmo com a minha memória para lá dos confins da terra.

– Você poderia me dizer mais acerca de como eu e Tim éramos? – Pergunto curiosa após morder um pedaço de torta e tomar um pouco de chá em seguida. Talvez ele ficou aliviado com a pergunta, já que não se tratava de Mathew.

– Já tentou fazer essa pergunta ao Tim? Tenho certeza de que ele gostaria de te ver interessada no seu passado.

– É mais fácil conversar com você e Tim está com raiva de mim. – Faço um rosto angelical.

– Madison, você precisa se esforçar para conhecer sua família de novo ou então vai perdê-la.

– Eu sei, Daniel. E-eu estou tentando. – Gaguejo.

Continuamos a conversar por mais algumas horas, até que Tim chega no seu horário de almoço, já trazendo a refeição para todos. Me surpreendo com sua chegada, já que nos últimos dias ele não vinha mais almoçar em casa. Nem no café da manhã ficava com a gente, já que decidiu fazer exercícios bem cedo e da academia já ia para a editora. Maggie, que sempre leva Oliver para a escola, já que a editora fica em sentido contrário, que tem passado todos os dias para buscar o nosso filho. Ele e Daniel conversam descontraidamente e percebo o quanto Tim é sociável e bom com as palavras.

Os dois parecem ignorar a minha presença e fico calada, apenas comendo e pensando. Meu marido é filho único, concebido por meio de FIV após anos e anos de tentativa dos pais. Daniel me contou isso essa manhã e disse o quanto eles se aproximaram quando começamos a namorar, eles são realmente como irmãos. Para falar a verdade, Daniel parece mais irmão de Tim do que meu, ambos tem muitas semelhanças físicas e gostos em comum.

Após algumas horas, Tim se despede do cunhado com gentileza e de mim apenas com um "Tchau, Mad" pouco audível e vai levar Oliver para a escola, já que Maggie não pôde vir busca-lo.

– Você viu? Ele me odeia! Mal fala comigo e nunca mais me beijou. Todos os dias ele me beijava. – Digo para Daniel quando Tim se afasta.

– Dê um tempo a ele. Logo, logo ele volta ao normal.

Daniel também afirma precisar ir trabalhar e em poucos minutos estou completamente sozinha.

* * *

Paro de ler um dos manuscritos da pilha que meu marido trouxe da editora para mim e fico apenas a olhar para a janela. Está frio, apesar da luz forte do sol nas árvores do lado de fora. Olho ao redor e vejo que apesar da nossa casa ser bastante espaçosa, é composta pela simplicidade. Não possuímos móveis luxuosos e meus pais me disseram que boa parte deles foram comprados de segunda ou terceira mão e, depois de reformarmos como queríamos, mobilhamos o lugar que passamos a chamar de lar.

Vejo um envelope em cima da mesa de centro que não havia visto até então. Possivelmente Tim o colocara antes de ir para o trabalho esta tarde, porque no período da manhã não estava aqui. Estico-me até a mesa e pego o objeto em questão e percebo um pequeno adesivo redondo, prateado que o lacra e no canto esquerdo inferior, o número "1" foi escrito com caneta prata e cercado por um círculo irregular.

No mesmo instante abro o envelope e tiro uma folha amarela muito bem dobrada de dentro. Assim que a deixo esticada percebo que a caligrafia usada para a escrita da carta é a mesma que eu treinei nas últimas semanas. Engulo com dificuldade e começo a ler a carta em voz alta:

Carta do Futuro 1

Olá, Querida,

Espero que tudo esteja correndo bem por aí. Estou sentado em um canto do quarto do hotel, aonde viemos passar a nossa lua-de-mel, olhando-a atentamente. Depois do nosso casamento ontem ao entardecer, chegamos nesse hotel no lado oeste de Londres – no interior – por volta das vinte e três horas. Você já havia tirado seu vestido de noiva e usava uma calça jeans e uma blusa lilás.

Pensei que por estar cansada não iria querer fazer nada, até porque ontem foi estressante e cansativo, apesar de ter sido nosso casamento. Você sabe como preparar um evento é difícil e dá dor de cabeça. Em todos esses anos você tem sido meu braço direito nas programações da editora para a qual trabalhamos e, apesar de ninguém ter lançado nenhum livro na tarde do dia anterior, o que tivemos que organizar foi bem mais trabalhoso.

Após arrumarmos as bagagens e tomarmos uma taça de vinho na área enquanto olhávamos as estrelas, perguntei se você queria tomar um banho de banheira comigo, vi seu rosto corar – apesar da luz tênue do local –, você sorriu e, por fim, aceitou o meu convite.

Você estava com muita vergonha, então precisei fechar os olhos para que pudesse tirar a toalha e sentar dentro da banheira comigo, mas é claro que eu dei uma espiada. Começamos a sorrir e logo a senti relaxando.

Não demorou para o clima esquentar, então depois de uma rápida chuveirada com o intuito de tirar a espuma de nossos corpos nos beijamos até a enorme cama que estava à nossa espera. Enfim, foi esplêndido! E mal posso esperar para te acordar e fazermos amor novamente.

Decidi escrever essa carta para minha esposa quando ainda era jovem porque sei o quanto sofreu pelo seu primeiro namorado. Saiba que eu sofri igualmente com alguns relacionamentos, mas de hoje em diante quero te fazer muito feliz. Eu te amo e penso que ao me dar você de presente para cuidar e amar, Deus tem um amor sem medidas por mim.

Espero que você me reconheça quando nos encontrarmos pela primeira vez.

Com amor,

R.B

Passo meus dedos pelas últimas letras da carta e lembro-me do nome de meu marido, Timoty Courtney e antes ainda Mathew Smith. Ambos bem diferentes de R.B. Talvez isso seja apenas uma brincadeira que Tim e eu tínhamos antes de eu perder a memória. No entanto, não posso deixar de ficar impressionada com o que eu escrevi.

Agora mais do que nunca tenho certeza de que fora Tim quem a colocara na mesa, mas a pergunta é: por quê? Meu marido mal tem falado comigo e por que me entregar uma carta do futuro que eu possivelmente escrevi? Serve para me ajudar a lembrar que eu o amo? Ou que o amava? Ou algo do tipo? Por ora sinto-me afeiçoada a tal ação, mas ao mesmo tempo confusa.

                         

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