Antes do primeiro uivo, houve silêncio. E depois, sangue.
Diz-se que, quando a lua chorou pela primeira vez, sua lágrima caiu sobre a terra e deu vida aos Luphan - filhos da luz prateada, guardiões do instinto e do equilíbrio.
Mas naquela mesma noite, um ritual foi conduzido por aqueles que ansiavam por mais do que a lua oferecia. Queriam poder, liberdade... transcendência. O que receberam, no entanto, foi maldição.
O selo se quebrou. As forças invocadas não foram contidas. E das cinzas do que deveria ser luz eterna, ergueram-se os Mal'khor - seres corrompidos, tomados por dor, fúria e lembranças de uma alma despedaçada.
As eras passaram. Os nomes viraram lenda. E Lunavelen, envolta por raízes antigas e véus encantados, tornou-se o último reduto onde o equilíbrio ainda sussurra. Ali, humanos e feras compartilham a mesma pele, e pactos silenciosos mantêm a floresta viva... e faminta.
Na noite em que Elara nasceu, o luar se tingiu de ouro. As corujas calaram-se. E a floresta prendeu a respiração.
Ela chorou como qualquer criança.
Mas não era uma criança comum.
Dentro dela, duas linhagens travavam uma guerra sem rosto. E no fundo de sua alma, uma loba - branca como o luar e velha como o tempo - aguardava o momento de despertar.
A guerra não começaria com espadas.
Mas com um sussurro.
Um cheiro.
Um nome esquecido.
E um amor impossível.