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O Oitavo Dia

O Oitavo Dia

img Jovem Adulto
img 9 Capítulo
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img BenKing
5.0
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Sinopse

Alice vive uma vida tão comum quanto uma jovem poderia viver, em meio a uma mãe e um tio adotivos no mínimo peculiares. Até descobrir que sua amnésia é fruto de algo muito além de sua compreensão, tornando-a centro de uma guerra eterna do Bem contra o Mal. Será que ela poderá se tornar forte o suficiente para acabar com esse conflito? Que segredos seu passado oculta?

Capítulo 1 Prólogo - Desastre

A edenita corria como se sua vida dependesse disso. Vários de seus irmãos e irmãs vinham em seu encalço, depois que ela descobrira que havia algo de errado com seu lar.

***

Éden, o paraíso angélico, nunca mais fora o mesmo, desde que Yahweh partira para o descanso do Sétimo dia.

Eventualmente, o paraíso caíra em desgraça sob o jugo de Metatron, que comandando vários outros edenitas de castas mais baixas e até mais altas, ordenara que inúmeras calamidades fossem jogadas contra a criação de seu Pai, a fim de expurgar a humanidade de uma vez por todas, da face da criação.

Azuriel não tinha autoridade para visitar o lar de descanso do Pai, e por isso, apenas seguia com seus afazeres e obrigações, aprendendo os desígnios de sua casta e assistindo enquanto uma guerra civil surgia no horizonte, sem nada poder fazer.

Certo dia, porém, após o banimento de Lúcifer e a ordem mais exacerbada de Metatron, o escriba de Deus, Azuriel entendeu que não podia mais ficar parada. De alguma forma que ela não conseguia explicar se como milagre, ou se como um sucesso fruto de suas habilidades furtivas, conseguira roubar a chave do palácio onde Yahweh descansava, no alto do pico mais alto, na sétima camada do Paraíso.

Imbuída apenas de coragem e força de vontade, Azuriel então se encaminhou em direção ao lar de descanso de seu Criador, a fim de perguntar-Lhe se era realmente de Sua obra, as ordens descabidas de Metatron.

Entretanto, ao chegar à entrada que, estranhamente, estava completamente desguardada, a edenita viu que não era necessário o uso da chave, pois a porta gigantesca do palácio - entalhada em marfim e com arabescos dourados que faziam refletir a luz do sol por todo o piso de mármore branco, em figuras mais que de tirar o fôlego, representando histórias há muito esquecidas pelos edenitas – estava entreaberta, sinalizando que alguém dotado da Autoridade estava lá dentro.

Azuriel então esgueirou-se para o interior do enorme e vazio hall da construção, enxergando no centro do vasto aposento, uma pequena estrutura que parecia em muito um altar, na qual jazia um livro aberto, como que esperando para que a jovem edenita – Azuriel não tinha mais que quatro eras, por mais estranho que isso pudesse soar, já que a jovem era uma semente gêmea do arcanjo mais poderoso dentre os doze primeiros de Yahweh – simplesmente se debruçasse ali para ler seus segredos.

E foi exatamente o que a jovem edenita fez, aproximando-se vagarosamente do livro, e observando suas figuras e suas palavras. Folheando página após página, sem perceber de fato a grandiosidade do tomo diante de si, por mais que entendesse, em algum nível, o quão sagrado era aquele volume. Visto que em suas páginas, havia basicamente toda a história da humanidade, que havia acontecido, que estava acontecendo, e muito possivelmente, ela pensou enquanto seus dedos corriam pelas páginas, que ainda haveria de acontecer, se avançasse mais adiante no livro.

Até que seus olhos se depararam com algo que parecia não dever estar ali, em um tomo de presença tão imaculada.

O que eram aquelas palavras que ela via naquela página? Por que seus olhos não conseguiam entender aquele idioma? Por que sua mente não conseguia traduzir o que estava escrito naquela parte?

Os caracteres escritos naquele ponto do livro pareciam mais uma série de palavras sujas, manchadas e horrendas de serem ditas pela língua dos edenitas, do que o que Azuriel havia conseguido ler até então.

E no rodapé da página, havia uma marca que fez com que calafrios percorressem a espinha da edenita.

Um símbolo negro, meio amarronzado, como que marcado em sangue naquela página. Como que deixando mais feio ainda, o que já tinha um aspecto horrivelmente hediondo.

Quando a voz veio, do alto da escadaria, Azuriel apenas conseguiu discernir um único detalhe possível de ser entendido por sua mente.

'Azuriel...? O que faz aqui...?' A voz de Metatron soou do alto da escadaria.

Uma única palavra, ainda escrita no idioma dos edenitas.

Justiça.

'Por que esse livro tem esses caracteres, escriba?' Azuriel perguntou. Sua voz meio trêmula, mas cheia de uma determinação desafiadora.

'Por que estava bisbilhotando no Livro da Vida?' Metatron perguntou. Seus olhos leitosos, cegos, apontados diretamente para a edenita, como duas espadas afiadas, perscrutando seu passado, presente e futuro. 'Não sabe que este lugar é proibido para aqueles que não detém a Autoridade?'

'Peço perdão, escriba,' Azuriel respondeu, lembrando que era apenas uma Ofanim, e ele, um arcanjo que poderia em um estalar de dedos, eliminar sua existência da criação. 'Mas...'

'Questionadora como sempre...' Metatron interrompeu, descendo os degraus um por um, uma energia sinistra emanando de sua figura. 'Vá embora, volte aos seus estudos, e farei vista grossa para o que acabei de ver. Do contrário...' e antes mesmo de terminar a frase, tirou sua espada da bainha, coisa que jamais um inimigo vira o escriba de Deus fazer, e vivera para contar.

'Onde está o Pai?' Azuriel perguntou. 'Por que o Livro da vida está assim?'

'Não tem a Autoridade para me obrigar a responder tais perguntas, mas responderei aonde o Pai está.' O escriba respondeu, quase no fim da escada, ainda com sua espada, Palavra da Verdade, em punho. 'Ele descansa no alto desta escadaria, e permite apenas que seu escriba tenha com Ele.'

Todos os edenitas eram capazes de sentir a força do Criador ao seu redor, pois tudo da criação, emanava a energia de Yahweh. O que fazia com que fosse até que fácil, que os edenitas distinguissem a presença do Pai no Éden.

Então por que Azuriel não conseguia sentir a presença de Yahweh dentro do palácio?

'Eu quero ver o Pai.' Azuriel disse, quase em um sussurro, implorando.

'Não.' Metatron respondeu, incisivo.

'Por que?'

'Quem acha que é, para me pedir tal disparate?' Metatron lançou, soando irritado. 'Como falei antes, vire as costas, saia deste palácio sagrado, e agirei como se nada tivesse acontecido. Do contrário...'

Mas Azuriel, tendo presenciado tudo o que o escriba de Deus havia feito contra a criação mais amada de Yahweh, sem conseguir sentir Sua presença em Seu lar de descanso, não conseguia entender o motivo para manter a figura do Pai um segredo.

Ofanins não tinham o direito de portar armas - visto que eram da casta mais pura, designados apenas a guiar e proteger com sua energia, os humanos, e por tal, eram conhecidos como anjos da guarda -, mas ainda assim, Azuriel empertigou-se e assumiu seu tom mais desafiador.

'Ou vai acabar com minha existência?' Ela perguntou.

Metatron ergueu uma sobrancelha. Seus olhos cegos olhando diretamente para a edenita.

'Você nunca soube seus limites, por mais fraca que sempre tenha sido, não é mesmo, pirralha?' O escriba perguntou, ácido, aproximando-se mais e mais, erguendo sua espada e preparando-se para golpear a jovem Azuriel.

Dotada de uma velocidade impressionante, no entanto, a edenita arrancou a página maculada do Livro da Vida, e passou por Metatron como um raio, em direção à escadaria que levava ao local de descanso do Pai, deixando uma linha fina onde a espada do escriba de Deus golpeara.

Mas não sem atingi-la mesmo que ligeiramente.

Ao alcançar o topo das escadas, Azuriel ouviu a voz de Metatron lá embaixo, seguida de uma dor lancinante em suas três asas do lado esquerdo.

'Deveria ter me deixado arrancar sua cabeça. Seria menos indolor, e logo em seguida eu golpearia sua Essência, eliminando você sem que precisasse sofrer...' Metatron disse, andando mais rapidamente em direção à Azuriel.

A edenita, no entanto, corria à toda velocidade, sangrando profusamente, em direção ao fim do corredor no topo da escadaria, onde havia uma única porta, em muito parecida com a porta pela qual Azuriel havia adentrado o palácio, que só poderia ser onde Yahweh descansava o sono do Sétimo Dia.

Seus dedos encontraram a maçaneta arredondada, de ouro, e giraram a peça, abrindo a porta para encontrar...

Nada?

Não.

Não era necessariamente nada.

O recinto estaria completamente vazio, não fosse por um portal vermelho, um rasgo no tecido da realidade, que pela energia ominosa que emanava, só podia levar a um único lugar.

Mas Azuriel não conseguiu expressar qualquer pergunta que fosse sobre o portal, sentindo as asas do lado direito serem retalhadas pela espada de Metatron.

A edenita havia perdido a noção de que estava em fuga, tomada pelo espanto, por ter visto algo como aquele portal, ali, em pleno Éden.

'Eu disse, que você sofreria menos.' Metatron disse, enquanto brandia sua espada para atacar novamente.

Azuriel, no entanto, mais uma vez foi mais rápida, e mesmo que estivesse perdendo muito sangue, ainda tinha forças para tentar fugir dali.

Só não sabia para onde... Afinal, no Éden, um edenita sem asas era basicamente um traidor, um Caído.

E aquilo selava o destino de Azuriel enquanto edenita.

***

E por isso ela corria, fugindo de seus irmãos e irmãs, da sétima camada para a sexta, então para a quinta, quarta, terceira, segunda...

Até que lembrou que poderia realmente haver uma saída por ali. Na primeira camada.

Sua consciência estava começando a nublar, e isso a preocupou a ponto de quase fazê-la perder o controle. Mas Azuriel se manteve determinada.

Na primeira camada, finalmente, avistou o brilho do portal por onde os edenitas iam para a Haled, o mundo dos humanos, e à medida que seus passos se aproximavam do rasgo no tecido da realidade, brilhando em amarelo como um segundo sol, sua Essência palpitou dentro de si, medo e ansiedade pela possibilidade de o portal ter sido bloqueado.

Mais alguns passos, e descobriria.

Cinco...

Quatro...

Três...

Dois...

Um...

E quando seus dedos tocaram o umbral da passagem, sentiu seu corpo sendo envolvido pela sensação calorosa e reconfortante da travessia.

Cerrou os dentes ao sentir o ferimento em suas costas sendo cauterizado pela energia residual da passagem, caindo para a Haled enquanto sua consciência se perdia...

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