Capítulo 5 Um laço de interesses

- Estou jogando futebol.

Ele segurou o riso antes de perguntar:

- Como está o seu pai, Giulia?

- Está sob cuidados médicos.

- Precisa de alguma ajuda?

- Não!

Na verdade, ela tinha que pagar os custos da internação e não sabia onde arrumar. Nãquele momento, Giulia não queria que ele soubesse de seus problemas pessoais.

- Nós temos que conversar.

- Se veio aqui para me expulsar, então, entra na fila - a voz titubeou.

Ela tentou mostar indiferença, mas falhou miseravelmente.

- Eu não sou teu inimigo, só preciso ter certeza que este sítio estará limpo e vazio quando eu trouxer os compradores. - Max respondeu com frieza. - Desculpe se eu estou sendo rude, mas o seu pai não pagou a dívida e tenho que cobrar.

Aquela família estava prestes a tirar tudo o que Sebastian conquistou.

- Imagino que esteja preocupada com a saúde de seu pai e não tem como ajudá-lo depois que vocês saírem daqui.

- Eu ainda não pensei sobre isso, - acrescentou ao olhar os porta-retratos e os quadros com fotos da família. - Tive um dia cansativo e, amanhã, eu terei que embalar algumas coisas

Ao invés de Maximilian ir embora, ele andou atrás dela pela sala.

- Eu não quero te aborrecer, mas pretendo fazer uma proposta.

- Você sabia que o seu pai também fez uma oferta?

O belo rosto másculo franziu. Maximilian sabia da infidelidade do pai, inclusive, lembrava-se claramente da amante de Emílio. O escândalo do relacionamento extraconjugal causou o escândalo que lhe custou o cargo de deputado.

- Você aceitou a proposta dele? - Engrossou a voz ao indagar.

- Não quero nada que venha da sua família.

- Embora pense mal de mim, tenho uma oferta interessante.

- Não aceito! - Suspirando, ela fitou as mãos sujas de lama.

Giuloa sabia que Maximilian exigiria algo em troca, assim como o ex-deputado que estava cobrando a dívida de seu pai.

Ela virou para sair, porém, Max a pegou pelo braço quando estava prestes a se afastar.

- Onde está a chave do carro que a minha mãe te emprestou?

Não esperava menos de um membro da família Salvini. A gentileza forçada não combinava com Maximilian.

- Aqui! - Ela tirou do bolso traseiro da calça jeans preta e entregou. - Licença, preciso de um banho.

- O seu pai não vai durar muito tempo, - Max mencionou, fazendo-a parar. - Olhe a sua volta! - Ergueu as mãos para o ar. - Tudo nesta neste sítio está se deteriorando, Giulia. Você não tem dinheiro para manter essa propriedade.

Os olhos negros continuaram perscrutando a garota suja de lama.

- A minha família quer reaver a considerável quantia que emprestou para o Sebastian há dois anos. Eu tenho amigos que estão interessados nesta propriedade.

- A sua mãe disse que falaria com seu pai para abater a dívida se eu desse o Impala 67.

- O carro era seu?

Ela meneou a cabeça, confirmando. Reparou quando Max passou a mão no nariz para evitar o mau cheiro que exalava de sua roupa.

Max ficou em silêncio, ponderando até que fez a proposta.

- Preciso que você se case comigo.

- Não!

- Pense nisso como um laço de interesses onde nós manteremos 365 dias de casamento por conveniência.

Apenas o canto dos grilos rompiam o silêncio inquietante. Ele era bonito, mas não o suficiente para roubar o seu juízo.

- O que eu ganho em troca?

- Posso te dar casa, comida e pagar as despesas hospitalares do Sebastian.

- Obrigada, mas não precisa! A sua mãe aceitou o carro como pagamento de um terço da dívida.

- Não, Giulia! A minha mãe me deu o carro. Sou eu quem coleciono carros antigos, o meu pai detesta.

- Ela mentiu? - Jogou-se na cadeira, desolada.

- Pense na proposta enquanto toma um banho. - Ele segurou o nariz. - Você está com o mesmo cheiro ruim daquele chiqueiro.

O rosto ardia diante da vergonha. De repente, ela ficou em pé e passou pelo belo homem com queixo intransigente.

- Por favor, fecha a porta quando sair. - Giulia falou.

- Ficarei aqui até você me dar uma resposta.

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Maximilian era bem relacionado em qualquer cenário social da Itália. Sempre que ele podia, ia para festas e eventos ao lado da noiva. As fotos sempre apareciam nos jornais e nas revistas!

Ele almejava se estabilizar em uma ocupação decente na política, assim como o seu pai. Não queria desperdiçar o tempo de maneira irresponsável.

Maximilian pegou uma garrafa de vinho tinto e duas taças, que encontrou na estante da sala. Ele abriu a garrafa e entornou o líquido rubi. Bebericou numa só golada e então, foi procurar o quarto de Giulia.

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Ela mal havia chegado na cidade e já estava farta da família Salvini.

Giulia não ligou a luz de imediato. Em meio a escuridão, ela suspirou e apoiou as costas na porta após fechar. Ao se despir, ela entrou embaixo da ducha quente e apressou-se em lavar o corpo no pequeno banheiro anexo ao quarto.

A proposta de Maximilian tomava conta de seus pensamentos enquanto a água escorria por seu corpo, lavando toda aquela sujeira.

Avistando a mala, ela vasculhou até encontrar um casaco e uma calça de moletom. Ela escovava os cabelos longos quando viu o reflexo do homem segurando duas taças e uma garrafa de vinho.

- Saia daqui!

- Aonde está a garota educada que me atendia na cafeteria?

- Por favor, vá embora!

- Você não pode dormir sozinha nesta casa.