No cruzeiro com o CEO
img img No cruzeiro com o CEO img Capítulo 4 Acompanhante inesperado
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Capítulo 6 Curtindo no quarto img
Capítulo 7 Perseguida img
Capítulo 8 O salvador img
Capítulo 9 Não é a mesma coisa img
Capítulo 10 Passeio e promessas img
Capítulo 11 O sonho acabou img
Capítulo 12 Despertando img
Capítulo 13 Especial img
Capítulo 14 Uma boa notícia img
Capítulo 15 De volta pra casa img
Capítulo 16 Me perdoa img
Capítulo 17 Lugar secreto img
Capítulo 18 Um caos img
Capítulo 19 Sem jantar img
Capítulo 20 Um dia de compras img
Capítulo 21 O que será img
Capítulo 22 Não minta pra mim img
Capítulo 23 Cliente estranha img
Capítulo 24 Descobertas img
Capítulo 25 O mundo desaba img
Capítulo 26 Ajuda inesperada img
Capítulo 27 A polícia chegou img
Capítulo 28 Mais uma mentira img
Capítulo 29 Nem tudo é o que parece img
Capítulo 30 Na delegacia img
Capítulo 31 Liberdade img
Capítulo 32 Golpe final img
Capítulo 33 Toma para você img
Capítulo 34 Em estado de choque img
Capítulo 35 Tarde demais img
Capítulo 36 O destino de cada um img
Capítulo 37 Epílogo - No cruzeiro com o CEO - Outra vez img
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Capítulo 4 Acompanhante inesperado

Geovana

"Meu Deus, eu vou me perder aí dentro."

É a primeira coisa que passa pela minha cabeça quando vejo o enorme navio na minha frente. Muitas pessoas estão a minha volta e eu sinto uma sensação muito estranha, estou sozinha, mas é como se não estivesse. Sinto como se alguém fosse chegar do meu lado a qualquer momento e falar: "Ah, que bom que você está aqui, estava te procurando."

Mas é claro que isso não acontece.

Finalmente somos autorizados a embarcar e eu arrasto as minhas malas, na verdade, as malas de minha amiga Nataly. Pego meu bilhete e verifico o meu quarto "34B" sou orientada pela moça gentil que recebia a todos que entravam na grande embarcação.

Suspiro ao ver a porta do meu quarto. Até o dia anterior eu tinha dúvidas se viria, por isso acabei não confirmando a viagem. Nataly praticamente arrumou minhas malas a força, pois eu repetia veementemente que não embarcaria sozinha.

Lembro-me brevemente da conversa que tive com a minha amiga horas antes:

"- Melhor seria se não tivesse dado o nome do Willian, aí eu poderia te levar - reclamei com ela, desanimada, quando o motorista enviado pela revista foi me buscar.

- Não, senhora. Você tem que ir sozinha pra conhecer um boy supergato e curtir esses nove dias com ele - ela disse."

Agora seria pra valer, estou sozinha em uma navio enorme sem saber o que fazer.

Abro a porta do meu quarto e me arrependo de não ter confirmado a viagem. A cama está bagunçada como se alguém estivesse deitado aqui. Olho ao redor. Pelo menos está limpo.

Estico os lençóis e vejo que há um pequeno armário onde posso colocar as minhas coisas. Desfaço as malas organizando as minhas coisas em seu devido lugar e guardo a mala em cima do armário.

Vou tomar banho e mais uma surpresa: o lugar está todo molhado.

Suspiro, pois mais parece que alguém tomou banho aqui do que um banheiro que não foi organizado.

Pego uma toalha que eu mesma trouxe, pois a que está no banheiro está molhada. Fico um pouco sem graça de reclamar, pois estou de graça dentro de todo esse luxo, então acabo deixando de lado.

Tomo meu banho, coloco uma roupa fresca e chinelos. Ligo a TV e me jogo sobre a cama. Não muito depois, alguém bate à minha porta. Abro e é um rapaz muito bonito e sorridente com meu café da manhã.

- Muito obrigada. Você poderia pedir a alguém para mandar uma toalha, por favor. A minha está molhada - peço educadamente e ele se vai com a promessa de que voltaria em breve.

Olho para toda aquela comida e minha boca saliva. Nunca tinha visto tanta comida junta em um café da manhã.

Me sirvo de tudo que tenho direito, saboreando um pouco de cada coisa. Vejo que ao lado tem um catálogo com horários de diversas atividades e um mapa de tudo que tem no navio. Os horários de funcionamento de lojas, restaurantes e bares. Atividades na piscina, shows ao vivo, as paradas para sair do navio e conhecer Buenos Aires e Montevidéu. Todos os nove dias especificados em detalhes.

Volto na programação do dia e vejo que tem um tour pelo navio, em meia hora. Logo depois a primeira atividade na piscina.

Em um momento inoportuno, Willian surge me minha mente. Era para ele estar aqui comigo, mas não está. Ele me traiu, achou que poderia enganar a nós duas, mas acabou quebrando a cara quando eu cheguei cedo por ter sido demitida.

Uma lágrima teima a cair por meu rosto, mas a afasto com raiva. Hoje eu vou conhecer pessoas, mesmo que não seja um homem lindo, mas vou fazer amizade com algum grupo de jovens e curtir as minhas férias merecidas. E é claro que se a oportunidade surgir, eu vou me agarrar a ela, ou melhor, a um homem lindo e curtir esses nove dias. Farei desses os melhores da minha vida e vou deixar aquele energúmeno do Willian no passado, no esquecimento. Ou melhor: quem é Willian mesmo? Ah, deve ser a barata que matei com meu salto alto.

***

Rindo com duas amigas que acabei conhecendo durante o tour, tomo mais uma taça com um vinho maravilhoso. Hoje o dia foi cheio de atividades, tendo pausa apenas para as refeições, e agora estava jantando ao lado das meninas.

- Mas que safado, sua amiga tinha toda razão. Isso mesmo, você precisa arrumar um boy superlindo pra passar esses nove dias. - Elisa, a garota loira e com longos cabelos lisos sentada a minha frente, fala.

- Oito, né, um dia já foi.

- Isso não significa que ainda não possa conhecer um cara lindo e maravilhoso hoje - Joana, a amiga de Elisa, fala. - O dia já pode ter acabado, mas a noite está só começando.

Quando Joana falou aquelas palavras, eu não levei a sério. Mas eu não podia imaginar que a garota estava certa.

Tomei mais uns goles de vinho, comi o restante de meu petisco, aproveitando que eu nunca mais teria uma chance como aquela, e me despedi das garotas.

- A gente se vê amanhã - despedi e fui para o meu quarto que era em uma área diferente da delas.

O dia cheio de atividades me deixou cansada e decidi matar minha noite maratonando séries, mas quando cheguei no quarto, imediatamente notei que havia algo de errado.

Tinha uma roupa que não era minha sobre a cama, uma mochila aberta, os lençóis estavam bagunçados e alguém estava tomando banho. Além do som da água caindo, o indivíduo em meu banheiro estava cantando. Isso mesmo, cantando.

Isso me disse que o cara deve ter errado o quarto, pode ser um homem mais velho e se confundiu, talvez ele use óculos e estivesse sem eles. Constatei que fosse isso, pois, um invasor não cantaria no banho nem deixaria tudo largado sobre a cama. Havia celular, carteira, se eu quisesse mexeria em tudo, mas não. Achei melhor me sentar e esperar o senhor no banho sair de lá e explicar para ele direitinho que provavelmente entrou no quarto errado e eu o ajudaria a achar seu quarto correto.

O homem cantava em um tenor perfeito, como um cantor de ópera, e me vi apreciando sua bela voz. Talvez se ele fosse mais jovem... balanço a minha cabeça, pois nem conheço o homem e já estou imaginando coisas só por causa da sua voz. Porém, quando o homem saiu do banheiro, sofri a maior surpresa da minha vida. Definitivamente, eu não resisti quando vi o homem que não deveria ter muito mais de trinta anos sair do meu banheiro, ainda cantando e secando a cabeça com a minha toalha. Pois é. Como se fosse pouco, a toalha que eu havia pedido estava enrolada em sua cintura e a minha estava em sua cabeça.

Mas a minha surpresa maior não foi só pela idade e pelas toalhas, mas porque o homem parecia um deus com o corpo esculpido e entalhado com perfeição. Até aquele "V" do caminho da felicidade era bem marcado. Os gominhos da barriga definida se destacam com a pele ainda úmida.

Ele ainda não tinha me visto quando recobrei meus sentidos e decidi raspar a garganta para que ele me notasse ali, antes de se despir, não que eu fosse reclamar se isso acontecesse.

Ele parou de cantar e me encarou sentada na cama, olhou ao redor e parece que só então notou que havia uma mala sobre o armário que ele muito provavelmente nem abriu. Antes de falar qualquer coisa, seus olhos percorreram meu corpo e eu o senti despertar como havia muito tempo não sentia. Como era possível, um homem lindo como aquele invade o meu quarto, faz uma bagunça terrível e tudo o que eu sinto por ele é atração. Definitivamente, eu não estou bem.

- Você não tinha confirmado a viagem - sussurrou ele como se essa fosse toda a justificativa que ele teria para me dar.

Uma raiva inexplicável toma o meu corpo e quando vi já estava respondendo.

- Ah, então me perdoa por entrar no meu quarto e o encontra-lo invadido por você - falo sarcasticamente e dois segundos depois toda a resposta que tenho é uma gargalhada gostosa escapando de sua garganta que me contagiou e logo eu estava gargalhando também. Toda raiva dissipada em segundos.

***

Adrian

O problema de nascer em uma família de boa condição financeira é que você não aprende a fazer serviços braçais desde cedo, e agora o fato de ter passado o dia carregando caixas e sacos pesados durante todo o dia está cobrando o seu preço.

Desde que me viram na adega e me pediram que pegasse um saco de batatas que meu dia não parou, sempre que entregava um, recebia o pedido para outra coisa. E agora estou morto de cansaço, preciso investigar, foi pra isso que me infiltrei nesse navio sem nem mesmo informar a minha mãe, e tudo o que consegui hoje foi descobrir as garrafas de vinho superfaturadas e tirar foto delas.

Mas no momento, tudo o que eu quero é um bom banho e depois arrumar um meio de ter comida. Não me misturei aos outros funcionários para o jantar, já que tinha medo que me descobrissem em meio a conversa descontraída. Durante o trabalho, ninguém olha muito na cara um do outro, mas quando se para para comer e beber, a coisa muda de figura.

Entro no quarto e noto que ele foi arrumado, fico feliz por ver que minha mochila se encontra no mesmo lugar, o que significa que ninguém me descobriu aqui ainda.

Pego a mochila e jogo sobre a cama, me dispo e minha roupa também é lançada ali, junto de minha carteira e meu telefone celular. Abro a bolsa e tiro sabonete e xampu, só vou fazer a barba ao fim dos nove dias de viagem do navio, essa é uma forma de me camuflar entre os outros funcionários. Além da ausência dos óculos.

A água gelada em meu corpo quente me refresca e tira o peso do cansaço do dia. Os exercícios que faço não me prepararam para o dia pesado que tive hoje.

Encontro duas toalhas no banheiro, uma branca, cor padrão dos navios, e uma rosa. Estranho, pois não sabia que o navio estava usando toalhas coloridas também. Enrolo a toalha branca na cintura e esfrego a toalha rosa na minha cabeça no mesmo momento que deixo o banheiro. Gosto de cantar no banho, não que eu tenha uma bela voz, mas é quando posso me soltar sem ter vergonha de que alguém me escute. Ainda relaxado pelo banho recente, continuo cantarolando, até que um som diferente me desperta e me alerta de que não estou sozinho aqui.

Vejo uma mulher sentada aos pés da cama me encarando, seus olhos percorrendo meu corpo e eu não tive como evitar, tive que fazer o mesmo, observando aquela bela mulher. Mas então eu me lembro que se ela está aqui é porque este deve ser seu quarto, analiso pela primeira vez o cômodo e noto que há uma mala sobre o pequeno armário e concluo que meu pensamento inicial estava correto.

- Você não tinha confirmado a viagem - foi tudo que consegui dizer quando abri a boca. E sua resposta sarcástica e afiada retirou de mim uma gargalhada que a contagiou e logo estávamos os dois rindo.

- Acho melhor eu me vestir para que eu possa me explicar.

Ela só balança a cabeça em confirmação enquanto pego uma cueca limpa e uma bermuda em minha mochila.

Me visto rapidamente no banheiro e quando saio de lá a encontro na mesma posição. Não sei explicar o motivo, mas me senti ansioso enquanto estava no banheiro, como se ela fosse sair dali.

Me aproximo dela lentamente e estendo a mão me apresentando.

- Adrian.

Ela segura minha mão com firmeza e responde.

- Geovana. Com fome?

Só depois que ela perguntou que eu notei um carrinho de comida ao lado da cama.

- Pedi serviço de quarto. Sabe, no jantar mais bebi do que comi algo de verdade. O atendimento aqui é muito bom, achei que levariam meia hora para entregar. - Ela discorre enquanto enche um prato com frutos do mar e salada que está disposta em uma bela travessa. - Fiz o pedido enquanto vinha para cá e ele já chegou e eu nem imaginava que estaria aqui. - Levou um garfada generosa à boca. - Hum, está uma delícia. Tem comida demais aqui, pode se servir.

Gentilmente Geovana me oferece e minha boca enche de saliva de tanta fome que estou. Acabo aceitando a oferta me servindo na tampa, pois só havia um prato.

- Acho que te devo uma explicação - falo enquanto provo a comida, que está maravilhosa.

- É, acho que sim.

- Bem, eu estou no navio clandestinamente - Ela me observa curiosa - Entrei com o crachá de um funcionário que não compareceu, e acabei sendo confundido e me fizeram trabalhar hoje.

- E você veio até meu quarto porque soube que eu não tinha confirmado a viagem - conclui.

- Exatamente.

- Como soube que eu não tinha confirmado a viagem?

Tá aí uma pergunta difícil de responder sem mentir.

- Conheço pessoas dentro da empresa de turismo que me deram essa informação.

- Então você teve apoio de alguém da empresa para estar aqui?

- Pode se dizer que sim - O que mais eu poderia responder?

- Então por que não te deram logo uma passagem de uma vez? Seria melhor.

Se alguém de dentro facilitou para mim, conseguir um bilhete seria mais fácil. Logicamente, mas como explicar isso a ela?

- Você me promete que não vai contar a ninguém se eu te contar um segredo? - Não sei explicar, mas de alguma forma sei que posso confiar nessa garota.

- Prometo, mas mal nos conhecemos, não precisa contar se não estiver confortável.

- Se vamos dividir o quarto, preciso que saiba.

- Dividir o quarto?

Parece que finalmente ela se deu conta que não estou aqui de passagem. Seus olhos me percorreram por completo e se prenderam no meu peito nu e os meus nas suas coxas expostas.

O que estou fazendo? Só a deixarei mais desconfortável.

- Se eu não puder ficar com você, eu vou respeitar sua decisão, mas irá dificultar as coisas para mim, como disse, estou aqui clandestinamente. Já foi um grande risco ter ficado entre os funcionários o dia todo.

Ela suspirou e me encarou.

- Me conte esse segredo e se eu achar que devo, te dou uma chance de ficar aqui comigo.

- Justo. Estou aqui para um amigo, a empresa está sofrendo rombos financeiros e ele não está encontrando nenhuma pista, por mais que investigue dentro da empresa.

- Então você está aqui com o consentimento do dono da empresa?

O que mais eu poderia responder?

- Sim, claro.

- É um investigador? - Ela fala baixo e se aproxima de mim, seu perfume adocicado me envolvendo.

- Não, sou só um curioso tentando achar algo.

- Já encontrou alguma coisa?

- Só uma coisa.

- Eu posso saber? Não conto pra ninguém - Ela cruza os dedos duas vezes os beijando em cada volta. - Prometo.

Ela está perto demais, seu perfume me atrai e eu me aproximo ainda mais. Ficamos com os narizes quase que encostados, olhando um dentro dos olhos do outro. Enquanto meus olhos são escuros como a noite, os dela eram cor de mel, do mais límpido e puro mel.

- Vinho, vinhos comprados por valores quase dez vezes mais do que o valor real - sussurrei e vi seus olhos desviarem para minha boca.

- Pode ficar - foi a resposta que ela me deu, sussurrada, antes de eu não conseguir me controlar e selar nossos lábios.

            
            

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