Capítulo 5 Marcas Invisíveis

A ansiedade pairava no ar enquanto eu me preparava para revelar uma parte obscura do meu futuro, para minha mãe. Depois que cheguei vim direto para meu cantinho e permaneci até a hora de me arrumar para ir.

Decidi por um vestido ajustado ao corpo frente única onde nos seios era apenas duas tiras transpassadas deixando o corpo a mostra, mas nada que fosse vulgar.

Me olhei no espelho e uma lágrima correu no canto dos olhos ao lembrar que este foi um dos últimos presentes que ganhei da minha prima, ela dizia que usaria isso com ela na comemoração dos primeiros passos.

Sai do quarto ajeitando o cabelo que decido por deixar solto.

Ao entrar na sala, encontrei minha mãe concentrada em uma fotografia de Carol. Seus olhos, úmidos de saudade, buscavam conforto na lembrança da sobrinha que partira de maneira tão abrupta.

Eu sabia que minha revelação traria mais dor, mas também acreditava que ela merecia a verdade, então decidi por meia verdade.

- Mãe, precisamos conversar - murmurei, desviando seu olhar da foto.

Ela me encarou, e por um momento, vi a confusão e a preocupação refletidas em seus olhos.

- O que há, Barbara?

- Eu decidi sair, encontrar um amigo. Preciso de um pouco de ar fresco, um respiro.

As palavras escaparam de meus lábios, acompanhadas por uma tensão que pairava entre nós.

Minha mãe franziu a testa, claramente surpresa com minha súbita decisão de não contar o que de fato faria.

- Sair com um amigo? Nós deveríamos estar aqui encontrando uma forma de pagar o empréstimo, ainda não falou comigo sobre isso.

- Eu sei, mãe, mas às vezes precisamos enfrentar nossos próprios desafios, e é isso que estou tentando fazer, nunca sai para lugares assim. E quanto a esse assunto eu estou em contato com quem emprestou, mas devido a alguns detalhes que foram claros para mim não devo passar informações sobre isso a ninguém, mas confie em mim.

Depois da conversa fui saindo sentido ao local marcado por Diego, mas ao chegar já vi que alguma coisa tinha porque a cara de ruim estava pior.

- Acha que sou seu empregado para ficar te esperando?

Já falou antes mesmo de eu terminar de sentar.

- Desculpe, estava avisando minha mãe.

Tentei explicar, mas grosso como é já gritou comigo, me fazendo ter mais medo.

- Não me importa, não vou esperar mais da próxima vez se vire para ir ou voltar por sua conta!

Fiquei em silencio, e ele saiu em direção ao local.

Depois de 40 minutos ele parou em frente a uma entrada que parecia mais um prédio de luxo.

Ele entrou no local e eu apenas o acompanhava olhando cada detalhe.

As paredes eram todas em tons pretos ou cinzas, as mesas pretas com cadeiras vermelhas, um bar todo espelhado em uma das paredes centrais, um pista de dança no centro com as luzes suaves criavam uma atmosfera que misturava desejo e desespero.

A arquitetura opulenta contrastava com o que deve acontecer nos bastidores.

O Diego seguiu para o fundo em direção a uma porta que ele entrou e eu o segui.

A sala estava imersa em um silêncio pesado quando entrei Sr. Cristiano, o pai de Diego, me analisou com olhos penetrantes, como se lesse cada pensamento meu.

- Bárbara, vejo que está pronta para assumir seus compromissos, e vejo que você é uma delicia igual sua prima irá ter fila de clientes para você!

Disse ele, sua voz carregada de um tom soturno.

- Não sei do que está falando.

Respondi, tentando manter uma postura firme.

- Sua prima nos deixou uma dívida a ser paga, e você, minha cara, terá a oportunidade de quitar esse débito fazendo programas. Diego mostre o lugar para ela e a deixe na vitrine hoje.

Um desespero me bateu nessa hora, e congelei não tive reação, sai daquela sala seguindo o Diego que esta com um olhar frio indo por todo o lugar como se me apresentasse os ambientes.

Quando ele parou onde tinha varias mulheres entendi, que ali era a tal da vitrine pois as mulheres ficavam se exibindo para os homens com cara de maus a sua frente.

- Eu me perdi no que falaram, eu não posso fazer isso Diego.

Disse assim que ele se virou para mim.

- A idiota da sua prima te colocou nisso, você não pode ou não quer?

Ele perguntou dando um sorriso, deve esta se divertindo com meu desespero mas agora isso era o de menos para mim... Preciso que ele me tire disso!

- Eu não quero, e não posso fazer isso..., me ajuda por favor me faça fazer qualquer coisa menos isso.

- Não foi comigo que ela negociou. Verei com ele o que posso fazer.

Ele disse e saiu me puxando de volta para o escritório.

A tensão atingiu o auge quando Diego e seu pai entraram em uma acalorada discussão. Eles discutiam sobre meu 'trabalho', do nada o pai dele veio para tocar no meu corpo.

Diego, irritado, me empurrou para longe e bati as costas, no ritmo de hoje eu volto a usar cadeira de rodas por tantas pancadas que estou levando desnecessárias!

-Espere la fora, e longe de todos!

Fiz o que ele disse e demorou uns minutos para ele sair, a cara de bravo chegava a dar calafrios.

Ele não disse uma palavra e apenas me arrastou até uma mesa, pediu uma garrafa de bebida e ficou me olhando e bebendo.

Até que enfim falou.

-Eu vou fazer o que aquele escroto quer, por 1 ano. E você estará comigo durante este tempo, não importa dia, hora ou local se eu tenho que ir você irá junto!

Não entendi o que isso significa, mas menos ruim que isso aqui deve ser neh?

-Obrigada, por isso Diego.

Falei sorrindo para ele, mas me arrependi quase que instantaneamente.

Do nada ele tirou uma arma não sei de onde, e colocou em cima da mesa!

Vi o pai dele chegar na mesa, quase que no mesmo segundo que a arama foi deixada.

O senhor Cristiano, parou e olhando para o filho disse.

-Você irá sábado, e ficará lá até segunda-feira, assuma sua posição.

Quando ele foi se direcionar a mim, vi o Diego pegar a arma, e ta aí o maior medo da minha vida, achei que levaria um tiro, mas de canto de olho vi que ele olhava para o pai.

Espera, ele ta querendo atirar no pai!?

Essa família é doida!

O pior de tudo foi ver o pai sorrindo como se fosse algo bom aquilo...

Logo em seguida ele se levanto pra variar saiu me puxando para fora, e fomos para o carro.

Ele dirigiu até o portão da minha casa, eu sei que eles são bandidos, mas pela forma que ele dirigia parecia uma fuga, tão rápido ele fez o caminho.

Quando fui sair do carro, ele puxou de volta com força contra o banco.

-Sei que você e seus amigos não gostam de mim, mas ao menos pode para de bater minhas costas, ainda dói muito onde operei.

-Quero que escute com atenção, eu sei exatamente sua rotina e de seus pais, se você fizer qualquer coisa fora do normal ou tentarem fugir, eu vou atrás e seus pais pagarão o preço!

-Não irei fazer nada, pode ficar tranquilo.

Disse o mais firme que pude, mas por dentro o me medo era gigantesco.

- E seu vizinho, aquele lixo fique longe! Ou vai fazer os programas do escroto.

Apenas assenti com a cabeça, mas por dentro a pergunta ficou como ele sabe do meu Alex?

Com todos os questionamentos dentro de mim o que restou foi descansar, e pedir por um dia melhor.