Mais uma sexta-feira chegou a Boston, era a quinta desde que ela se mudou, fazia mais de um mês agora e ela não tinha visto o Matt mais do que três vezes e sempre entre as idas e vindas, ela já começava a achar que morava sozinha naquele lugar, pegou uma das cervejas dele no freezer e foi até o terraço, a lua estava gigantesca e depois de uma semana correndo ela queria apreciar a paz que o jardim e o vento frio no rosto pode proporcionar.
"Mocinha, eu acho que fui claro quanto a tomar as minhas cervejas". A voz grossa e suave do homem veio de trás fazendo ela se virar. Matt estava parado na porta de vidro que separava o terraço do escritório, ele parecia cansado, mas estava sorrindo então ela ofereceu uma cerveja a ele. "Por que você não senta aqui comigo e toma uma cerveja?" Ele baixou os olhos e olhou o relógio rapidamente, "Eu tenho um jantar às oito horas" Ela olhou o celular e insistiu "A gente não se viu a semana inteira, já estava começando a pensar que moro sozinha aqui, às vezes o silêncio me dá medo, e só uma cerveja não vai te atrasar tanto assim".
Matt foi até o frigobar no escritório e pegou uma cerveja e a manta que estava no sofá, pôs a manta sobre os ombros dela e sentou na cadeira a sua frente. "Então é assim? Se eu tomo as suas cervejas você toma as minhas? - Ele deu um gole na cerveja, que era a marca que ela escolheu e sorriu. - "A tua cerveja não faz bem o meu tipo, mas a minha é mais forte e não posso chegar bêbado no jantar" ele explicou e ela fingiu que acreditou - "Eu entendo."
Ela ergueu a garrafa na direção dele para que brindassem. "Ainda não se acostumou com o apartamento?" Ele perguntou.
Ela olhou pra ele com o rosto triste, e ele percebeu que ainda era a Tônia de 11 anos, - "Eu sinto falta de gente, sabe? Aqui é tão calmo às vezes, eu nem ouço o barulho da avenida que é bastante movimentada". - "É por isso que eu fiz esse lugar aqui em cima, pra não ter que descer e ouvir o barulho da cidade." Ela sorriu do jeito que ele falava do terraço como uma fuga.
"Essa parte eu entendo, mas é que você passa o dia ouvindo o barulho da cidade, desde que eu possa trabalhar aqui dentro, eu só tenho saído pra ir a universidade, mais minhas aulas ainda não começaram de verdade então não vou todos os dias." - Ela deu um gole na cerveja e fez uma careta.
"Mas, e o Andy, não aparece por aqui?" - "Essa semana não apareceu, além de estar me ajustando aqui eu não quero abusar." Ele tomou o último gole da cerveja e ficou olhando a garrafa por alguns segundos, e então se aproximou dela e arrumou a manta nos ombros dela enquanto falava. Ele estava tão perto que ela podia sentir o hálito dele nas bochechas dela.
"Tônia, você não é uma hóspede, você é outra dona dessa casa enquanto estiver aqui, receber seu namorado ou seus amigos faz parte disso, não quero que se sinta mal ou sozinha. tudo bem?" Tônia colocou as mãos nas mãos. As suas mãos frias esquetaram imediatamente no calor dos pulsos dele.
Enquanto ele se despedia com um beijo no topo da cabeça dela "Eu tenho que mesmo que ir jantar e não sei se vou demorar, mas vou tentar não passar a noite toda fora." O tom de voz firme e calmo era diferente do autoritário advogado Dr. Compton.