Tônia olhou às horas e eram quase oito horas, então ela soltou as mãos dele e olhou pra ele sorrindo "Eu não vou a lugar nenhum".
Depois disso, ela não olhou mais para ele e só quando ela ouviu quando a porta do escritório se fechar foi que ela imediatamente levantou e foi buscar outra cerveja, dessa vez uma menos amarga. Ela não iria admitir, mas ela tomava as cervejas dele apenas pra irritá-lo.
Mesmo sabendo que ele ia jantar e que não tinha hora pra voltar, ela quis esperar por ele. Na verdade ela não entendia bem o motivo de estar esperando quando resolveu admitir que 'ainda estava acordada só por ele'.
Quando o terraço ficou muito frio ela desceu até a sala de TV e viu um filme, quando o filme acabou ela olhou o celular, algumas mensagens que ela não queria ler e duas ligações do Andy, que ela decidiu não retornar quando viu que passava um pouco das 23h da noite.
Ela zapeou os canais da TV a cabo em busca de algo pra ver, mas, desistiu porque parecia que ele não ia chegar tão cedo, afinal era sexta-feira, e ele é um homem adulto que sempre está acompanhado das mulheres mais bonitas e fáceis de Boston. Ela ficou um tempo ali se recusando a desligar a televisão.
Então ela ouviu a porta da frente se abrir - ele chegou.
Ele segurava o paletó num dos braços e os sapatos na mão, e quase não acreditou quando viu que ela estava ali ainda acordada. "Você está descalço?" ela apontou para os sapatos, de ela onde estava não podia enxergar os pés dele - "É, eu dei uma caminhada na beira mar antes de voltar pra cá, não queria estragar os sapatos com os pés sujos de areia." - ela ficou surpresa, era a primeira vez que via ele daquele jeito, e talvez por isso ela não possa explicar "que jeito" caso alguém pergunte - "Você esta bem, Matthew?"
Ele olhou pra ela e sorriu, ela imaginou que com isso ele queria dizer que sim, estava bem, mas não parecia. - Ele foi até o sofá e sentou, pegou o controle e desligou a TV - "Só estou cansado, foi uma semana muito corrida, e essa noite parecia que não ia terminar nunca." - Tônia resistiu à curiosidade e não perguntou o que aconteceu, só chegou perto dele e deitou a cabeça no seu ombro - "É, a semana foi uma merda pra todo mundo" - ele sorriu.
"Por que você não saiu para se divertir hoje? - de repente ela não tinha uma resposta pra isso - "Eu não sei, não queria sair hoje, a semana também foi difícil pra mim..." Ela se aconchegou mais perto dele e continuou falando "... "Com a mudança, e a organização do quarto e dos novos horários de trabalho, os meus dias parecem mais curtos e minha energia não é o suficiente."
"E não é como estar com a Monique que tinha sempre um plano"
Ele gargalhou e ela por impulso acompanhou - "O velho dessa casa sou eu e mesmo assim eu não sou do tipo que fica trancado nessa gaiola de tijolo e concreto" - Ouvindo o tom auto-depreciativo dele ala sorriu e olhou para ele "Você não é tão velho assim" os olhos dela percorreram o corpo em forma e ele congelou - ele olhou pra ela e se endireitou no sofá - "Eu sou sim" - ele sempre teve esse dom de ler a mente dela, às vezes ela sabia e ignorava, como agora. - "Ta bom, idoso".
Ele se levantou e se espreguiçou. - "Não está na hora de ir dormir?" - Ela acenou que não com a cabeça, por que não tinha sono, e por que agora parece que estava ligada no 220w. - "Eu acho que vou ver mais um filme" - "E amanhã vai dormir até o meio do dia?" - "Eu me dei folga amanhã, o Andy não vai estar disponível, então eu não tenho muita coisa pra fazer" - Ele não disse o que passou na cabeça dele imediatamente, mas antes de sair ele disse - "Não vá pra cama muito tarde, assim não vamos perder o dia amanhã." - Matt andou pelo longo corredor até sumir no escuro e aí ela ouviu a porta fechar.