Capítulo 2 I - PETER

Vou te dizer uma coisa, a vida de um príncipe não é assim tão fácil quanto parece...

Meu nome é Peter Antoine, herdeiro do trono de Aldofian! Meu pai, Percival Antoine, espera que eu seja absolutamente perfeito em tudo! Ele costuma sim ser bem rígido, mas sempre foi um ótimo pai e tenho muito orgulho dele.

Minha mãe, Felícia Antoine, passa o tempo todo em missões diplomáticas com o meu pai, na maioria do tempo, ela fica no jardim cuidando das plantas, o que faz com que meu pai fique furioso. Sabe, ele diz: ''Isso é função dos criados'' ou ''Não é trabalho para uma rainha'', mas minha mãe simplesmente o ignora.

Para mim, eles são tudo o que tenho, eu odeio quando falam mal da minha mãe ou do meu pai; sabe, aquelas pessoas que tem o prazer de criticar os mínimos feitos de alguém; A questão é, quando minha mãe tem um tempo livre, conversa demais comigo, insiste em escolher a roupa que eu vou usar (o quê, sinceramente, eu ODEIO), e, faz o meu comer predileto (uma comida que levou SÉCULOS para meu pai aceitar que nós ''PROVACEMOS''), camarão com chocolate! Eu sei é esquisito, mas fazer o quê? A minha família não é lá muito normal.

Camarão com chocolate foi uma ''invenção'' minha e de mamãe; Era aniversário do papai, e todos os governadores, súditos de linhagem rica, e convidados ''VIPS'' do meu pai vieram a comemoração. E minha mãe (sempre a diferente), queria por que queria cozinhar; meus pais passaram longos minutos discutindo até que meu pai resolveu ceder;

Minha mãe escolheu fazer o camarão, e eu (acostumem-se desde já, para onde minha mãe for, o que ela fizer, o que ela falar, eu sempre vou estar lá para imitar. Só me lembro daquela vez que meus país discutiam quando eu tinha 2 anos, minha mãe falou uma palavra que eu não quero repetir ''novamente'', e aposto, que vocês não querem ouvir, aonde eu estava? Ah sim! Ela disse um palavrão muito, muito feio, e eu como de costume repeti; meu pai me bateu naquele dia), chocolate! (na verdade, as criadas que fizeram, eu só tinha três anos).

Nesse dia ocorreu o pequeno incidente, de sem querer, eu derrubar chocolate no camarão; e minha mãe já havia terminado o camarão, então nem notou. Lembro que naquele dia, eu saí correndo com medo que meu pai brigasse comigo; mais, mas tarde eu fui informado de que meu pai e os governadores haviam gostado do comer, e, desde então, esse vem sendo nosso prato predileto.

Hoje seria o dia em que eu iria para a minha primeira missão em prol do meu reino; estava na porta da sala comunal de reuniões quando Jairo Martins me veio dar uma notícia não muito agradável. Meu pai tinha mudado a missão; ela continuaria da mesma maneira no começo, só que com alguns ajustes. Nós iriamos ficar em um dos reinos, para nossa própria segurança, já que estávamos em guerra. (isso incluía estudar) E para a minha surpresa, o reino escolhido foi o de Enguerrand (mortais)

- Eu não preciso estudar! – disse eu – tenho regras a seguir, treinamentos para fazer, estudos mágicos para terminar, e aulas reais para frequentar! Para que tudo isso, para ser rei aos 19 anos, se vocês querem que eu vá para o mundo dos ''mortais'', viver experiencias ''mortais'', estudar como um ''mortal'' ou ser um ''mortal'' aos 16 anos? Eu pouco me importo com esse decreto do papai, com todo respeito, mas, isto é desnecessário. Saber viver como mortais não vai ajudar nem melhorar Aldofian.

- Bem, não importa! – disse Jairo – o senhor tem tarefas a terminar, antes da audiência que é daqui a 45 minutos! Precisara arrumar as suas malas, ter um treinamento com o mestre Jin-Shu, além disso, o senhor tem uma entrevista com o conselho de Aldofian de última hora

- Mas...

- Vejo o senhor daqui a pouco! – disse Jairo – você tem 40 minutos para terminar suas tarefas! Até mais, milorde!

Entendam bem, meu pai ''ODEIA'' os mortais com todas as suas forças, e sempre diz que prezam pela sua segurança, e fariam tudo para preservar a si mesmo... até mesmo nos matar.

- Agradeço a vocês por terem vindo a minha presença! – disse meu pai – Houveram algumas pequenas dificuldades e imprevistos por esses dias; como todos sabem, todos os reinos mágicos, inclusive o nosso reino e o reino Celestial, estão em guerra; o quê, por esse infeliz motivo, eu tive que iniciar a missão que tantos temiam e tomar decisões drásticas quanto ao assunto; iremos confiar aos nossos descendentes a salvação e prevenção do nosso reinado! está escrito em meu mais novo decreto que, todos os garotos com mais de 14 anos, e que tivessem experiencia tanto em magia quanto em combate, esgrima ou como preferirem chamar... deveriam se alistar, e contribuir para a coroa.

- Felizmente, - continuou meu pai – Mais de 102 garotos se alistaram para ajudar! Agradeço imensamente a todos esses jovens que estão ajudando a coroa de bom agradado; há família Martins contribuiu com o seu filho Jackie Martins, agradeço muito a essa família, que mesmo ele sendo filho único ele tem prazer em ajudar! Agora, com a sua licença, irei ditar as famílias e os seus filhos. as famílias Paiva, Nomura...

Acredito que vocês assim como eu não tenham paciência para ler um monte de sobrenomes de famílias nobres e ricas (Acredite você não vai querer saber o que é ter que falar sobre a sua vida pessoal com esses tipos de pessoas) Assim que meu pai terminou, ele começou a distribuir o pessoal em equipes, o que levou mais meia-hora pra terminar (eu simplesmente odeio essas coisas, meu traseiro sempre fica doendo, isso quando não fica dormente; e o pior é que tenho que ficar sorrindo mesmo estando com câimbra).

- Você só falou, falou e falou; mais ainda não disse o real motivo de estarmos aqui! Isso tudo nós já sabemos. – disse um garoto de cabelo verde

- É! – Disse um garoto ao meu lado – fala sobre a mudança na missão!

- A sua missão era trazer itens mágicos que ajudassem a melhorar a proteção de Aldofian – disse meu pai – mas, como estávamos em guerra, decidi proteger nossos garotos, enviá-los, para ficar temporariamente em um reino que não houvesse magia!

Várias pessoas começaram a murmurar, meu pai podia não ter falado o nome do reino, mas todos os Aldofianos são ensinados desde que nasceram que o único reino sem magia é o de Enguerrand

- Acalmem-se! – disse meu pai – Eu sei que todos nós não morremos de amores pelos mortais e seus costumes, mas, foi por um bom motivo! Eles serão enviados para o melhor colégio de lá, D.F, para aprender um pouco mais sobre esses não mágicos! Será um bom lugar para eles ficarem, como eu disse, por pouco tempo, só para passarmos despercebidos! Assim os outros reinos não vão desconfiar. A cada dia os meus servos iram enviar cartões postais aos seus pais; neles informaremos os reinos escolhidos para buscarmos os itens necessários; enquanto isso peço que tenham paciência, e que tentem se infiltrar em Enguerrand; lembrem-se de não usar seus poderes!

Novamente, as pessoas começaram a murmurar e a protestar, e o menino que estava ao meu lado arquejou e desmaiou.

- Bem..., 101 alistados agora! – disse meu pai – Henry, por favor, leve este garoto até sua residência para se recuperar, e veja também se ele ainda quer participar da missão!

- Senhor! – chamou o garoto de cabelo verde – O reino 4celeste (celestianos) e o reino de 5Cadman também vão ser incluídos?

- A não ser que você queira voltar com sua cabeça em uma bandeja, ou iniciar uma guerra sanguinária entre os reinos, não vejo porque inclui-los! – disse meu pai – Agora, quanto aos que se alistaram, seus mais novos criados o levarão as salas comunais, dentro do castelo, para se reunirem com seus parceiros de equipe! Façam suas malas e as deixem no pátio do castelo, que os criados os levarão para os portais! Podem ir.

...

- Não acredito que fez isso comigo!! – exclamei. Assim que a reunião acabou fui direto pra sala do meu pai, e esperei que ele chegasse; estávamos precisando ter uma conversa séria. – Desde quando você decidiu nos mandar para um reino desconhecido que provavelmente tem pessoas que iram querer nos matar na primeira oportunidade? E sem ao menos um debate adequado com o conselho; por acaso o vovô concorda com isso? É realmente necessário estudar matérias dos mortais? Temos o mestre jin-shu que tem capacidade suficiente para fazer qualquer animal irracional falar!

- Já acabou? – perguntou meu pai

- Não! – continuei – o senhor nem ao menos se deu ao trabalho de perguntar a minha opinião; me colocou em uma equipe de somente 4 pessoas, uma delas sou eu e 2 delas eu não conheço...

- O Jackie conhece!

- Não é a mesma coisa!

Jackie é meu melhor amigo de infância; nos conhecemos aos 2 anos de idade; eu vivia sozinho com as minhas tarefas de príncipe (como eu já disse, ser príncipe é um saco!), mais o pai de Jackie, Jairo Martins, começou com um emprego no castelo, como guarda pessoal do meu pai; e como a mãe dele trabalhava também o dia inteiro ele vinha junto.

No começo, eu admito, não fui muito com a cara dele! Lembro que Jackie era muito medroso, hoje em dia ele melhorou nisso, mas ele tinha muito medo de perder as suas asas (na verdade ele tem até hoje), e eu meio que era um príncipe muito ''pestinha'', como diziam alguns dos servos que eu pregava peças, então eu me aproveitava desse medo e fazia umas pegadinhas com ele (não me entendam mal, mas eu não podia deixar aquela oportunidade passar).

As crianças aldofianas costumam ser muito inteligentes, por isso a maioria das crianças do nosso reino terminam os estudos bem rápido; ouvi dizer que as crianças ''humanas'', como dizem os mortais, demoram bastante tempo para compreender as coisas (eu e Jackie as chamamos de burras por sinal).

Lembro também que quando falava com Jackie ele chorava, berrava pra falar a verdade; a gente brincava de se esmurrar, eu sei é violento, mas era legal; Jackie também era preguiçoso, tinha preguiça até de andar, ficava pendurado nas pernas do pai de tanta preguiça! Mais depois começamos a nos enturmar, e, hoje em dia somos inseparáveis;

Lembro da nossa primeira pegadinha junto, aos 10 anos colocamos umas bombas no banheiro feminino da nossa escola, as meninas saíram gritando de lá depois da explosão colorida; lembro também das vezes em que fugimos das aulas chatas de ''boas maneiras, respeito e educação do professor Arnaldo'' (que sinceramente pareciam aulas para garotinhas celestianas).

Somos conhecidos como a dupla dos pestinhas, mas, quando não estou por perto ou quando tenho tarefas da realeza, Jackie fica com seus outros amigos, Jonathan Paiva e Alex gomes, que por sinal, são eles que estão na equipe! Mas hoje em dia sou mais comportado, eu juro!

- Nossa população está em perigo! – disse meu pai – A quantidade de criados só abaixa; a floresta negra está perdendo seus frutos; os rios estão completamente secos e os nossos soldados... a maioria morreu na última guerra com o reino celeste; e 63% do povo está morrendo de fome; eu fui praticamente obrigado a tomar essa iniciativa.

- Mas o que isso tem a ver com irmos a Enguerrand e a todos os outros reinos?

- Na última guerra, os celestianos jogaram algum tipo de feitiço que nem nossos melhores aldofianos treinados em magia conseguiram desfazer; o feitiço está matando nossas plantações, secando nossos rios, matando pessoas e enfraquecendo o campo de força!

- Mas isso não é possível!! – disse eu – o campo de força esta intacto a mais de mil anos, não faz sentido ele se enfraquecer agora; até porque os celestianos nunca tiveram capacidade com nossa magia, eles não iriam conseguir isso sozinhos, e mesmo que arranjassem as fadas para ajudar elas também não têm magia suficiente contra nós.

- Aí que está o problema! – disse meu pai – não foram as fadas que ajudaram os celestianos, elas têm magia de luz, a nossa magia é magia negra; com certeza algum reino de magia negra está ajudando os celestianos.

- Então o senhor quer que a gente descubra qual dos reinos é o traidor?

- Não! – disse meu pai – isso Jairo já está providenciando; eu quero que as equipes vão aos reinos de luz; precisamos de toda força possível para proteger o reino; por isso pensei, se os celestianos estão tendo ajuda de algum reino com magia de luz, por que não nos fazermos o mesmo?

- O senhor acha que os reinos de luz vão querer nos ajudar?

- Com toda certeza, não!

- Então como...

- Jairo está vendo alguns itens mágicos que podem nos ajudar, a primeira fase da missão será no reino das fadas, iremos pegar o pó, só o suficiente para fazer uma mistura com o fruto da nossa arvore!

- Mais pai, só se consegue pó de fada das asas das portadoras, as fadas!

- Eu sei!

- O senhor não está querendo que nos matemos fadas para conseguir uma quantidade absurda de pó para refortalecer a barreira? É isso?

- Infelizmente, é necessário!

- O senhor sabe que se fizermos isso entraremos em guerra com mais um reino! As fadas iram se revoltar.

- Não seria necessariamente matar, iriamos apenas arrancar suas asas!

- Pior ainda; eu me recuso a participar dessa crueldade. Porque o senhor simplesmente não pede?

- Peter, estamos em guerra! – disse meu pai – acha mesmo que vou simplesmente pedir um material poderoso ao inimigo e revelar minhas ideias? As fadas são aliadas dos celestianos.

- Tá! – disse eu, não queria falar mais nem um segundo sobre esse assunto horrível – aonde está a mamãe?

- Não sei! – disse ele – Não a vi durante a reunião inteira! Provavelmente deve estar no jardim, fazendo o trabalho das criadas cuidando de suas ''plantas adoráveis e frágeis''- disse meu pai numa bela e engraçada imitação da voz de minha mãe

- Então eu vou para o jardim! – disse eu – quero me despedir dela.

Antes que eu pudesse sair, meu pai abriu a gaveta da mesa, pegou uma folha de papel, depois se virou para mim e disse:

- Para o caso de sentir falta daqui! – e me entregou o papel, não, papel não; era uma foto antiga nossa, eu, mamãe e papai tentando cozinhar pela primeira vez; lembro que explodimos a cozinha inteira, dava pra notar isso na foto; depois papai me abraçou e disse:

- Não confie em ninguém, não importa o que aconteça! E... só tome cuidado está bem? – percebi naquele momento o quanto minha família significava para mim, e o quanto sentiria sua falta!

            
            

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