Capítulo 3 |Promessa "quebrada"|

✦*:. Capítulo 3 .:*✦

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Nesse momento eu me pego olhando para uma incógnita na minha frente sem conseguir crer no que meus ouvidos ouvem. Eu não consigo acreditar que um ser humano seja capaz disso por um estúpido preconceito.

...Essa mulher deveria ser minha mãe, mas está me fazendo vê-la como um monstro...

- NÃO! - me levanto não aceitando seu absurdo.

- Assim ele vai embora e nunca mais vai querer te ver de novo. - conclui falando consigo mesma e nem dá importância a minha negação.

- Eu não vou fazer isso! - grito para que ela me ouça.

- Você vai sim! Ou eu faço aquele moleque sumir do mapa e você vai saber do que eu sou capaz de fazer. - ameaça cheia de segurança e isso me faz recuar.

- E nem pense em dizer alguma coisa a Liz, ou já sabe. - meu celular toca sobre a cama e o nome de Kyle se faz presente na tela. Jenna agarra-o e sai me deixando sozinha e completamente perdida.

Caio de joelhos no chão sem saber o que fazer, mas sinto tanto medo.

...O que ela quis dizer com "fazer ele sumir do mapa?" Que ela o machucará?...

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Isso revira na minha cabeça e não me deixa dormir durante a noite. Se é isso que significa, eu não posso deixar que ela o machuque, mas como direi uma mentira humilhante e repugnante como essa? Ele irá me odiar pelo resto da vida.

...Mas entre ele me odiar e ser machucado por minha causa, a opção é clara, por mais que nos machuque...

Sou desperta pela manhã do meu vago sono com Jenna entrando abruptamente em meu quarto.

- Levanta, Claire. Está na hora. - já vai tirando as cobertas de cima de mim com pressa.

- Mãe, por favor... - tento argumentar.

- Não! - ela nem me deixa terminar.

- Você vai lá embaixo e dizer o que mandei, ou aquele moleque não vai mais ver a luz do sol! - ela sai me esperando do lado de fora.

...Ela deixou tão claro agora...

Me troco bem devagar na tentativa de prolongar minha dor, encaro a bandana no meu pulso e sinto meu coração se apertar. Fito a janela quando ouço o batuque das gotas de chuva caindo lá fora e vejo o temporal se iniciando, forte e predominante.

Ao sair do quarto já sou arrastada pelo braço pelo corredor.

- Vamos. - me puxa com pressa para o andar de baixo onde o policial já nos espera.

- Eu sei que é difícil admitir esse tipo de coisa, mas está tudo bem, estou aqui para ajudá-la da melhor forma possível. - o homem de farda diz cauteloso, tentando me trazer algum conforto, mas não é do que eu preciso.

As lágrimas começam a inundar os meus olhos sem que eu tenha controle.

- Não chora! - Jenna sussurra em meu ouvido apertando as unhas no meu braço e faço o máximo para me segurar.

Sob guarda-chuvas, saímos da mansão e caminhamos para a casa ao lado, o policial bate na porta e Kyle atende confuso ao ver os policias.

- Posso ajudar? - pergunta tenso.

- Kyle O'Brien?

- Sim. - seu olhar se volta a nós logo atrás do oficial e desvio rapidamente.

...Eu não consigo nem olhar para ele...

- Fala o que você me contou. - minha mãe pede ainda segurando meu braço por trás como se fosse natural.

- E-eu... - as palavras não saem, eu não tenho forças para dizer essa atrocidade.

Quando minha demora se estende, ela aperta as unhas no meu braço novamente e eu tento controlar as lágrimas o tempo todo.

- ...Ou aquele moleque não vai mais ver a luz do sol. - sua ameaça ecoa em minha mente e sinto meu coração estremecer.

- E-ele... - Jenna aperta ainda com mais força.

- Ele tentou abusar de mim... - as palavras saem praticamente atropeladas e aperto os olhos sentindo todo o meu ser despedaçado por dentro.

- O quê?! É mentira! - Kyle boqueja exaltado e aperto os olhos ainda mais.

- A senhora quer fazer uma denúncia formal? - o policial questiona prestativo.

- Não é necessário, mas quero que ele se mude daqui e fique bem longe da minha filha. - exige.

...É difícil acreditar que não haja dinheiro envolvido para uma decisão assim, tão direta e objetiva...

Consigo erguer a cabeça e quando encontro o olhar de Kyle, noto que aquele lindo brilho que eu tanto amo se tornou tão nebuloso quanto o céu hoje.

Seu olhar carregado de mágoa e incredulidade sobre mim, inundados com tamanha difamação que eu havia falado.

- Por que está fazendo isso? - pergunta baixinho franzindo o cenho e vejo as lágrimas se derramarem em seu rosto.

...Sinto que algo dentro de mim se parte em um milhão de pedaços e não sei como consertar...

Tento manter minha postura sem chorar, mas vendo tamanha decepção e mágoa em seu rosto não consigo e quando percebo que não vou mais aguentar, corro sob a chuva de volta para casa desabando aos prantos.

Corro direto ao meu quarto e me jogo na cama afundando meu rosto no travesseiro.

- Me perdoa, Kyle. - murmuro baixo em meio a um soluço e outro.

- Claire, o que houve? - Liz vem até mim me apoiando.

- Eu fiz uma coisa horrível, Liz, até você vai me odiar. - mal consigo falar, não consigo olhar para o rosto de Liz.

...Eu machuquei a família dela...

- Para de chorar, garota idiota. - Jenna aparece na porta.

- E para de mimar ela, Elizabeth. É por isso que se tornou uma perdida, você sempre passou a mão na cabeça dela. - nesse momento os braços de Liz se apertam a minha volta e vejo a raiva vívida em seus olhos como nunca antes.

- Já chega! - grita enfurecida.

- Eu não aguento mais ver você maltratando essa menina. - ela se levanta e a confronta.

- Sim, eu a criei e com muito orgulho como minha própria filha, eu fui a mãe que você deveria ter sido! Ela é assim, porque eu a ensinei o que é o amor, o que é respeitar e próximo seja lá como ele for, o que pisa na sua arrogância e no seu preconceito. Ela não é nenhuma perdida, só quer viver com quem gosta e você a impede de ser feliz! - Liz cospe as palavras de cabeça erguida.

- O que você diz é irrelevante pra mim. - Jenna responde sem se importar.

- E você está na rua!

- Com muito prazer. - Liz tira o avental e joga na cara dela.

- Não, Liz! - vou até ela com medo que ela me abandone.

- Não me deixa só com ela aqui.

- Tudo bem, Claire. Eu venho te ver, eu prometo. - ela acaricia meu rosto e me abraça apertado.

- Eu não vou te abandonar. - após me dar um beijo no rosto, ela se levanta e sai pela porta, Jenna fica ali parada me olhando e uma fúria tão grande me toma.

- Eu te odeio. - digo entre os dentes.

- Te odeio! - grito cheia de raiva.

- Ingrata, devia me agradecer por ter te tirado daquele lugar. - diz com desprezo e sai em seguida.

...A que eu deveria ser grata? A ela ter me tirado de um lugar em que todos me tratavam bem para um lugar que eu sou isolada e controlada o tempo todo sem ao menos tem a chance de escolha?...

...Meu sonho virou um completo pesadelo...

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