Nunca Te Esqueci
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Capítulo 6 |Impulsos|

✦*:. CLAIRE BRYANT .:*✦

...A reação de Kyle me faz perder a coragem de me resolver, me fez quase desistir...

Ao sair pelo portão da escola, o vejo conversando com Liz e assim que me aproximo ele me olha por cima do ombro e segue seu caminho. Liz se volta a mim aborrecida e vejo em seu olhar que as coisas não foram boas.

- O que ele disse? - sorrio amargamente, ela maneia a cabeça se negando a me dizer e me abraça levemente acompanhando até o apartamento.

- Como foi? - pergunta enquanto caminhamos.

- Ele me ignorou o tempo todo e quando me respondeu, me pediu para deixá-lo em paz. - exalo desanimada.

- Eu... não vou insistir, não posso desfazer o que fiz, é melhor deixar ele em paz.

- E prefere deixar ele te odiar pelo resto da vida? - questiona inconformada e se refreia quando acaba, a fito não me surpreendendo com as palavras, mas elas inevitavelmente me abalam.

- Então o que ele te disse foi que me odeia?! - rio amargamente e ela abaixa o olhar claramente confirmando.

- Eu não vou me intrometer entre vocês, Claire, mas se acredita que tem uma chance de se esclarecer com ele, tenta. - insiste.

...Eu quero, mas não sei se vou aguentar continuar sendo ignorada por ele, me machuca...

- O apartamento dele fica a uma quadra daqui, número 31. Se acaso quiser ir até lá falar com ele. - apenas assinto a sua informação.

...Eu não vou perturbá-lo, seu pedido foi claro e direto, não tem porquê eu ir até lá...

No dia seguinte Kyle não apareceu na aula e nos dias em que ele foi, fui completamente ignorada. Ele finge que eu não existo ali ao seu lado e eu respeito isso, apesar disso me machucar muito.

Não sei se é coisa da minha cabeça, mas às vezes quando estou a distância um pouco avoada, mergulhada nos pensamentos, eu o pego me observando e ele desvia o olhar rapidamente saindo.

Ao menos tempo em que isso me deixa confusa, me traz um certo alívio, uma vaga esperança.

...O que isso quer dizer? Será que ele realmente me odeia ou só está fingindo?......

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[1 mês depois...]

Após um longo e exaustivo mês, começo a me acostumar com sua atitude, apesar de difícil aceitar que aquele rapaz que costumava ser meu maior refúgio, hoje nem se quer liga para mim.

Kyle não foi a aula por mais uma vez, foi um dia como qualquer outro depois que eu cheguei nesse lugar, tedioso, deprimente e pensativo. É meio-dia, acabo de chegar em casa e Liz me aguarda em meu apartamento.

- Oi, Claire. - ela me abraça parecendo um pouco preocupada.

- Oi, Liz. Tudo bem?

- Será que você viu Kyle hoje? - questiona um pouco nervosa.

- Não, ele não veio a aula. Por quê? - pergunto confusa.

- Ele não dá notícias desde ontem e não o encontrei no apartamento, tentei ligar pra ele, mas só cai na caixa postal, estou um pouco preocupada.

- Ele não está na casa da Laura?

- Não, ela também está preocupada. - nesse momento começo a me preocupar.

...Kyle tem faltado tantas vezes na universidade, será que ele está com problemas?...

No tempo em que Liz esteve no meu apartamento, várias ligações a ele foram feitas, mas nenhuma respondida.

- Pode me avisar se vir ele amanhã? - pergunta tomando seu caminho para casa quando a noite começa a cair.

- Claro. - a acompanho até a portaria e assim que ela vai embora, olho em volta por puro instinto na esperança de vê-lo.

Fico muito inquieta com a situação, decido seguir para o lado oposto de Liz e começo a procurá-lo pelas ruas, esperançosa.

Rondo por alguns minutos pela redondeza, mas não encontro nada e já desistindo, tomo meu caminho de volta para a casa enquanto a noite fica mais profunda.

Até que uma confusão chama a minha atenção do outro lado da rua, um barman expulsa um bêbado de seu estabelecimento e o rapaz cai na calçada quando é empurrado, mal conseguindo se apoiar.

Quando eu foco o olhar no rapaz no chão e o reconheço, corro atravessando a rua me aproximo dele.

- Kyle, tudo bem? - pergunto preocupada o ajudando a se apoiar para conseguir se sentar.

- Conhece esse rapaz, moça? - o homem pergunta e assinto.

- Desculpe a minha atitude, mas estamos fechando e ele não queria sair, se puder ajudá-lo.

- Claro, obrigada. - ele fecha completamente o estabelecimento e me deixa sozinha.

Kyle está apoiado nas mãos, cabisbaixo parecendo mal conseguir sustentar a cabeça.

- Kyle? - ergo levemente seu queixo e seus olhos morteiros encontram os meus.

- O que você quer? Já te disse pra me deixar em paz. - as palavras frouxas mal conseguem sair de sua boca.

- Por que bebeu tanto? Liz e Laura estão preocupadas com você. - o puxo na intensão de ajudá-lo a se levantar, mas ele me empurra.

- Me solta! - Kyle consegue ficar em pé com dificuldade, ainda se apoiando um pouco na parede.

- Por que você voltou? Eu estava bem sem você por perto. - abaixo o olhar atingida por suas palavras.

- Não fica assim, eu odeio te ver assim. - suas palavras controversas me confundem.

A expressão de seu rosto de repente muda de rancor para mágoa, seus olhos me fitam fixamente e tem tanta tristeza neles.

- Você jogou tudo o que eu sentia por você no lixo, eu te amava! - declara exaltado me apontando.

- Por que você fez aquilo? Por que me mandou embora? - ele leva as mãos ao rosto começando a chorar e eu o abraço.

Penso em contar-lhe o que aconteceu, mas em seu estado, ele provavelmente nem se lembrará na manhã seguinte.

Kyle pende para o meu lado e cai sobre mim quando eu não consigo sustentá-lo, ele tenta se levantar e seu olhar se volta ao meu rosto se fixando.

Com dificuldade, ele se apoia em um braço e acaricia meu rosto com carinho, seus olhos fitam minha boca e ele me beija sem pensar duas vezes.

...Meu coração bate tão forte, mesmo nessas circunstâncias, eu sonhei tanto com seu beijo...

Um beijo calmo e um pouco sem ritmo, mas ainda sim, apaixonante. Aprecio um pouco seu beijo, mas o sabor forte da bebida em sua boca se faz marcante e isso me incomoda. Volto a realidade e o afasto, empurrando-o de cima de mim.

- Me deixa te beijar.

- Não, você está bêbado. Nem sabe o que está fazendo. - respondo buscando de volta meu ar.

...Ele provavelmente nem se lembrará do que fez no dia seguinte, voltará a sentir a mesma repulsa por mim e a me ignorar como sempre...

- Vamos, eu vou te ajudar a ir para o seu apartamento. - o ajudo a levantar e passo seu braço sobre meus ombros o apoiando.

Foi difícil chegar até o seu apartamento o apoiando, mas depois de um pouco de demora e muito esforço finalmente consigo.

- Onde estão as chaves? - ele bate a mão no bolso e as pega.

Seu apartamento é pequeno, simples e o comporta incrivelmente bem, me assusto ao ver suas coisas bagunçadas, ele não é do tipo desorganizado.

O ajudo a ir até à cama onde ele se joga e não se move mais, tiro seus sapatos e organizo algumas coisas espalhadas pelo chão.

- Ele ainda tem... - balbucio encontrando sua bandana embaixo de seu travesseiro e sorrio. O encaro deitado e amarro o tecido em seu pulso.

- Posso não ter conseguido cumprir nossa promessa, mas jamais a quebrei.

Antes de ir embora, o observo por uma última vez de perto, ele dorme profundamente, seu corpo sua e abro sua camisa para deixá-lo mais confortável, é tão lindo e está tão perto de mim agora.

- Queria tanto que as coisas fossem diferentes. - sussurro acariciando seu cabelo e seu rosto. Queria tanto que ele nunca tivesse me odiado, que ele tivesse continuado a me amar e nada daquilo tivesse acontecido.

...Dizem que os bêbados colocam para fora tudo o que guardam a sete chaves em seu coração, o que aquele beijo significou?....

Dou-lhe um demorado beijo no rosto e deixo seu apartamento relutante, quando tudo que eu quero é ficar ali ao seu lado, onde sempre foi o meu melhor lugar.

Assim que saio na rua começo a caminhar rápido um pouco apreensiva com a escuridão da noite e o pouco movimento.

- Liz, eu encontrei o Kyle. - ligo para ela no mesmo instante.

- Como ele está?

- Ele... está bem. Só não estava com cabeça pra aula hoje e decidiu passar um tempo fora de casa. - não menciono que ele está bêbado para não causar confusão.

- Falou com ele?

- Vagamente. - aquela não foi nem de perto uma conversa de verdade.

- Eu estou indo pra casa, amanhã te encontro. Se você puder passar no apartamento dele de manhã antes da aula, seria bom.

- Eu passo sim, não se preocupe.

Sigo para casa e lá, cada palavra que ele disse fica ecoando na minha mente assim como seu beijo, o beijo bêbado e impulsivo, mas que ele pareceu desejar muito, seu choro magoado ao que eu fiz, isso ainda o afeta muito.

...Eu deveria tentar contar-lhe o que realmente aconteceu há tanto tempo? Isso mudará nossa relação?...

Não posso deixar de me encorajar novamente em tentar resolver as coisas entre nós.

...

            
            

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