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Aquele encontro com Lucca Giordano foi breve, mas teve um impacto significativo no meu trabalho. Fui suspensa por três dias por agir impulsivamente e colocar minha vida e a de Michael em perigo. Além disso, ele ficou tão furioso com a surra que levou que disse que nunca mais queria patrulhar ao meu lado. Agora, sou motivo de piada no trabalho, com as pessoas rindo da minha tentativa de enfrentar a máfia sozinha. No entanto, elas não sabem que eu estava apenas tentando proteger Michael e que, por algum motivo desconhecido, sua vida foi poupada porque implorei por isso.
Mas o pior de tudo são meus pensamentos, Lucca Giordano tem dominado cada um deles. Sempre que vou dormir, sou assombrada pelo seu olhar sombrio.
Eu tinha saído pra almoçar com a minha nova parceira. Esqueci de mencionar que fui banida das ruas e agora estou restrita a trabalhar apenas com a papelada do dia a dia.
"Você está bem?" Anna pergunta
"Estou", respondo vagamente. "Só estou um pouco cansada desses relatórios."
"Poderia ser pior, você poderia estar morta", ela comenta.
"Ou desempregada", completo, fazendo-a me olhar assustada, mas logo sorri. "Estou brincando. Certamente, morrer é pior do que ficar sem trabalhar."
Ela respira aliviada e volta a se concentrar no seu almoço. Olho ao redor para verificar se alguém está prestando atenção em nós e sussurro para ela.
"Posso te perguntar uma coisa?" Ela me olha intrigada e assente com a cabeça.
"Você consegue acessar qualquer ficha?", pergunto.
"Claro, isso é muito fácil. Qual você precisa?", responde ela prontamente.
"Lucca Giordano", digo.
"Por que você quer ver a ficha dele?" Anna olha ao redor, certificando-se de que ninguém está prestando atenção em nossa conversa. Observo-a por um momento, tentando decifrar se posso confiar nela ou não.
"Vou te contar um segredo, mas você precisa manter isso entre nós", sussurro enquanto ela se aproxima e concentra toda a sua atenção em mim.
"Acho que ele está me perseguindo", revelo.
"Por quê?"
Conto a ela toda a verdade sobre o que aconteceu, embora omita como ele mexeu comigo.
"Você precisa contar isso ao detetive Mateo. Ele cuida da investigação do Giordano", sugere ela.
"Não posso contar a ninguém. Tenho medo de que isso coloque Michael e minha família em perigo", respondo, preocupada.
"Entendo. E o que você pretende fazer com essas informações sobre ele?", questiona Anna.
"Ainda não sei, mas sinto que preciso saber com o que estou lidando para me preparar", respondo. Ela pensa por alguns instantes.
"Está bem. Vou te ajudar", diz ela.
Dou-lhe um sorriso de gratidão e volto a terminar o almoço.
Quando saímos do restaurante para voltar à delegacia, eu sabia que estava sendo observada, eu não precisava procurar pra saber quem era.
Na tarde seguinte, Anna me entregou todas as informações que conseguiu reunir sobre Lucca Giordano. O relatório continha detalhes sobre suas propriedades, os esquemas em que ele era suspeito, mas não havia evidências concretas que o incriminassem. Passei o dia lendo sua ficha e, à medida que mergulhava nas páginas, meus pensamentos se perdiam cada vez mais nele. Ainda não tinha certeza do que faria com aquelas informações, mas estava determinada a descobrir.
Já fazia alguns dias desde que eu não via minha irmã, então decidi jantar em sua casa naquela noite. Tenho evitado estar perto dela e da minha sobrinha por causa do meu trabalho, para mantê-las seguras. Poucas pessoas do meu trabalho sabem de sua existência.
"Como estão as coisas no trabalho?" Sarah tenta sondar com cuidado. "O pessoal do trabalho já esqueceu o incidente?"
"Mais ou menos, mas logo eles esquecerão", dou de ombros enquanto ajudo-a a colocar a mesa para o jantar.
"Ok, e você está saindo com alguém?"
"Não, ultimamente tenho me dedicado totalmente ao trabalho."
"Você não pode viver apenas para o trabalho, Kate! Você é jovem, precisa se divertir também."
"Eu sei, mas chego tão cansada que não consigo encontrar ânimo para sair."
"Você precisa de um namorado", minha sobrinha, Sofia, entra correndo na cozinha.
"Você é muito nova para ter namorados", minha irmã a repreende.
"Já tenho 5 anos, sou bem grandinha", responde Sofia.
"Eu só fui namorar aos 30", minha irmã mente. "E sua tia aqui, até hoje não arrumou um namorado, então, nada de namorado para você!" Ela sai da cozinha batendo os pés e minha irmã grita: "E vá lavar as mãos para jantar".
"Você parece estar lidando bem com o divórcio", minha irmã se divorciou recentemente do seu segundo marido.
"Lógico, o cara era um cafajeste. Não valia nada. Prefiro ficar sozinha", ela diz orgulhosa.
Depois do jantar, assisti a um filme com Sofia até ela pegar no sono e a coloquei na cama. Já era bem tarde quando saí da casa da minha irmã. Eu não era uma pessoa medrosa, mas quando cheguei ao estacionamento para pegar o meu carro, senti um arrepio estranho. Andei com cautela até o meu carro e coloquei a mão na minha arma, que estava dentro da minha bolsa.
Quando cheguei até o meu carro, senti alguém atrás de mim. Não precisava me virar para saber que era Lucca Giordano.
"Olá, Kate", o tom de sua voz me deixou alarmada. Puxei minha arma e me virei para apontar para ele. Ele estava lindo, com seu sorriso sedutor e olhos penetrantes que pareciam ler minha alma. Seu cabelo escuro caía levemente bagunçado sobre a testa, acrescentando um charme irresistível. Vestia um terno elegante que realçava sua figura atlética, tornando-o ainda mais atraente. Seu perfume marcante pairava no ar, deixando um rastro de mistério e desejo. No entanto, toda essa beleza não conseguia esconder a aura de perigo que o cercava, fazendo meu coração acelerar e meu corpo entrar em alerta máximo. Eu sabia que não podia confiar nele, mas algo dentro de mim não conseguia resistir à sua presença magnética. Eu estava em alerta pela Sarah e Sofia. Até onde ele teria me seguido?
"O que você está fazendo aqui?", tentei manter minha voz calma.
"Eu disse que encontraria você", ele me deu um sorriso malicioso. "Preciso que venha comigo."
"É mesmo? Pena que no momento não estou interessada."
"Então peço desculpas antecipadamente", ele deu de ombros e acenou com a cabeça para algo atrás de mim.
"Desculpas? Por quê?" Ouço alguém se aproximando de mim, mas antes que eu consiga me virar, um pano é colocado no meu rosto e tudo fica preto.