Capítulo 4 Cap. 3 O susto

Cap. 3 O susto

Charlotte Leblanc, depois de trocar palavras e toques gentis, sessa a dança pois estava exausta e estar tão próximo de Willian era vergonhoso, não tanto quanto estar perto de Tyler, mas ainda sim sentia-se constrangida. Assim que se afasta, Willian toca sua mão e deposita um casto beijo a fazendo corar, entregando assim um pequeno bilhete para ela. Após a despedida breve, a jovem saiu do salão, Charlotte queria encontrar um lugar calmo para poder ler o que Willian escreveu.

A menina caminha encontrando o jardim suntuoso e como quem está escondendo um segredo, olha para os lados e adentra o enorme labirinto florido. Procurando uma fresta de luz, desdobra o papel para ler as palavras escritas por Willian.

Entre as palavras de afeto que lia, Charlotte, sentia o coração saltar e em sua inocência acreditava em cada linha escrita. Pois o que sentia por Willian era um carinho verdadeiro, que possuía várias possibilidades de transformar-se em amor.

Atenciosamente dobrou com zelo a pequena carta e colocou dentro do vestido. Estava à procura da saída do labirinto de flores, quando uma movimentação estranha chamou-lhe a atenção. Sussurros reprimidos entre gemidos ofegantes ressoavam entre arbustos. Charlotte caminhou curiosa seguindo o som até que deparou-se com Tyler e Margareth em um momento impróprio.

O jovem lorde Smith estava com as calças abaixadas até a altura dos joelhos e deixava à mostra seu quadril que freneticamente movimentava-se para frente e para trás entre as pernas totalmente abertas de Lady Margareth, que por sua vez fazia uma expressão de sofrimento e contentamento ao mesmo tempo.

Charlotte Leblanc estava estarrecida com a cena, seus olhos esbugalharam de tal forma que quase saltaram para fora da órbita e sua boca foi tapada pela mesma para que não gritasse com o susto que levou. Sem saber o que fazer, permaneceu parada por alguns segundos, até que lady Margareth abrisse os olhos e enxergasse a garota imóvel em sua frente.

Rapidamente lady Margaret empurrou Tyler, tentando se recompor. O rapaz olhou de relance, avistou Charlotte parada e assim que a percebeu tratou de subir as calças e foi em direção da garota que permanecia petrificada com a mão na boca. Quando percebeu Tyler caminhar em sua direção, Leblanc tentou se desvencilhar, mas o jovem Smith foi mais rápido e a tomou pelas mãos, arrastando a menina para fora do jardim.

Enquanto caminhavam, Tyler permanecia calado mas visivelmente impaciente e ela tentava acompanhar os passos apressados dele. O jovem Smith estava tentando achar uma solução para resolver este impasse e buscando encontrar palavras para explicar o inexplicável, até que Charlotte falou interrompendo sua linha de raciocínio:

_ Milorde, perdoe-me! Não foi minha intenção encontrá-lo em uma situação tão inconveniente. Confundi o caminho entre as flores e quando dei por mim estava perdida, mas prometo que nunca irei revelar o que vi, mesmo não entendendo bem o que estava acontecendo...- Charlotte lembrou de presenciar algumas vezes o acasalamento de alguns animais em suas terras e logo conciliou com o que Tyler e Margareth estavam fazendo - Para falar a verdade, sei como animais se comportam quando estão no cio, então...

Tyler fechou os olhos e respirou fundo, impedindo que a garota continuasse com aquela conversa:

_ O que a senhorita presenciou não poderá contar a ninguém. - Ele apertou a mandíbula assumindo uma personalidade séria - Isso poderá acarretar muitos infortúnios para lady Margareth e para mim, então prometa que jamais falará sobre isso a ninguém em nome de nossa amizade. Mas caso não seja o suficiente, estou disposto a recompensar teu silêncio.

_ Milorde, tem a minha palavra de quê não falarei nada sobre o ocorrido, e jamais ousaria tirar vantagem do seu infortúnio - Charlotte estava sendo sincera em suas palavras, mas sua expressão mudou e um ar de ironia envolveu seus pensamentos quando lembrou-se do rosto amedrontado de Tyler quando foi surpreendido por ela - Mas tire uma dúvida milorde, quanto valeria o meu silêncio?

_Como? - Tyler perguntou incrédulo.

Charlotte que até então continha o riso não aguenta e ri abertamente. Era uma situação constrangedora e inusitada a qual tinha presenciando, mas saber que o casal de amantes foi descoberto no ato, por ninguém menos que ela, sem dúvidas renderia boas risadas. Tyler revira os olhos ao perceber que estava por deixar intimidar-se por uma menina e ignorou sua vontade de esganá-la, conduzindo a garota para longe do lugar onde Margareth estava. Prestes a sair do labirinto, o jovem Smith respira fundo e questiona:

_ Ótimo, agora responda o que fazia em um lugar tão ermo quanto o jardim, uma hora dessas? Estava com alguém ou esperava por alguém, senhorita?

_Milorde, está por ser inconveniente em seu questionamento. Também buscava privacidade, certamente não com a mesma finalidade que milady Margareth e o senhor, mas por estar sufocada no baile resolvi tomar ar fresco. - Charlotte preferiu não comentar sobre a carta que recebeu.

Tyler chega à saída do labirinto ainda segurando a mão de Charlotte. E quando estão próximos ao salão, para bruscamente e a encara:

_ Diga milady, não sabe como é perigoso para uma donzela assim como a senhorita, caminhar desacompanhada? - Tyler tentava mudar o foco da conversa - Não sabe dos perigos que rondam a noite?

A jovem desvia o olhar e cora ao pensar no que havia visto a pouco e morde os lábios, tentando esconder os pensamentos:

_ Perdoe-me, não queria causar preocupação... Realmente, estava sozinha.

Tyler observa a respiração da jovem e o movimento de seus lábios o hipnotizam. Charlotte parecia um anjo de tão bela, mesmo jovem sua beleza era divina.

Lord Smith, em um pequeno lampejo de bom senso, fecha os olhos para não focar nos lábios da menina, ele sabia que era um depravado e de forma alguma iria prejudicar a reputação de Leblanc. Tyler solta a mão de Charlotte e leva os dedos para seus cabelos, os penteando para trás, faz uma expressão séria e suspira alto:

_ Senhorita é melhor entrar no salão antes que alguém sinta tua falta e encontre nós dois, a sós, aqui. Não seria bom.

A garota sorri de forma escancarada, como se tivesse escutado algum um tipo de gracejo:

_ Milorde Smith, não fique tão preso a convenções, afinal em hipótese alguma aconteceria algo entre nós. Sou esperta o suficiente para não ceder há um homem com tamanha má fama... E nós somos amigos. Salvei sua vida - Charlotte debocha sobre a possibilidade - Todos no vilarejo conhecem minha conduta e sabem que jamais estaria envolvida com alguém como milorde.

Tyler sorri com a audácia da moça e retruca:

_ My lady, eu que jamais iria olhar para uma jovem tão mal educada e desobediente ... Para mim, a senhorita não passa de uma pirralha, que mal trocou os cueiros...

Charlotte suspira e balança os ombros mostrando-se indiferente:

_ Realmente espero que o seu pensamento sobre minha pessoa permaneça constante. Detestaria ter que perder o único amigo que fiz, por algo tão enfadonho como o amor - Leblanc continua a rir de uma forma inocente e mirando seu olhar azul ao dele, aproximou-se tanto de Tyler que ele pôde sentir o cheiro de hortelã que exalava do hálito fresco dela.

Leblanc não fazia idéia do quanto era tentadora, sua voz era angelical, o perfume saboroso, os lábios apetitosos. Tyler prendeu o ar para poder ter controle de si, caso contrário acabaria por beijá-la, ainda mais com ela a centímetros do rosto dele. Sem notar o perigo iminente, completou:

_Então, milorde, não ouse apaixonar-se por mim, pois serei extremamente fria e recusarei seus sentimentos sem piedade.

Falando isto, ela curvou-se fazendo uma reverência e seguiu rumo ao salão, enquanto ele ficou parado sentindo o rosto queimar devido a petulância de Charlotte:

_Ainda bem que a altura não é proporcional ao atrevimento - O jovem Smith pensou - Caso contrário, seria difícil conter o beijo estando ainda mais perto.