Capítulo 5 Cap. 4 O lago

Cap. 4 O lago

Aquela porcaria de espartilho!

"Quem foi o demente que criou essa monstruosidade? Provavelmente alguém que odeia o sex0 feminino..." Charlotte pensava ao ver o seu corpo espremido dentro da peça de roupa. A criada puxava cada vez mais os fios, enquanto a jovem dama reclamava em francês por parecer um fantoche:

_Quelle belle marionnette je suis devenue. - Charlotte revira os olhos ao confrontar seu reflexo no espelho.

_My lady, está belíssima. O espartilho modulou perfeitamente teu corpo. Apesar de que tudo fica perfeito no dorso da Senhorita. - A criada comenta - Hoje, todos os olhares estarão voltados para my lady e como sempre estará esplêndida.

_Para mim é ultrajante ter que ficar presa entre cordas e sentir dor toda vez que respiro, somente para agradar os olhos de terceiros. - Charlotte fala encarando seu reflexo no espelho. - Se não fosse o bastante, ainda tenho a obrigação de sorrir e mostrar-me feliz, quando na verdade preferia mil vezes estar perdida entre meus livros.

Naquele dia, a casa estava em festa, era o décimo sexto aniversário da jovem senhorita Leblanc e em suas terras teriam uma comemoração aberta aos nobres e comerciantes. O senhor Leblanc amava demais sua única filha, sua esposa faleceu há anos atrás devido uma doença trazida do mar, então Charlotte era a menina de seus olhos.

Na verdade, não havia em todo o vilarejo beleza maior e dama alguma, com a bondade da jovem Leblanc. Os seus cabelos eram dourados e a sua pele era clara, sua boca rosada e bem desenhada. Os seus olhos tinham a cor do céu e o seu sorriso era caloroso como os raios de sol. Tudo na garota parecia angelical e isso trouxe ao seu pai muita dor de cabeça, pois supostos pretendentes surgiram aos montes logo após o baile do forte.

O Senhor Leblanc recusava sem hesitação todos que tentavam uma aproximação, em vista que não havia encontrado, um cavalheiro bom o suficiente para sua pequena travessa. Por falar em travessura, Charlotte havia conseguido fugir da criada, montar na "Alma", sua égua de estimação, e galopar pasto a fora.

O sentimento de estar livre quando estava a galopar era algo indescritível. Nada era mais atraente aos olhos de Charlotte do que a sensação de liberdade. Obediência, não era um ponto forte da jovem senhorita e como de costume, sempre estava no lago da floresta. Aquele dia não seria diferente, após cavalgar mata adentro, tudo o que a garota ansiava era refrescar seu corpo.

Como uma criança, desceu às pressas de sua égua e começou a despir-se. Retirando as botas, as anaguas e com muita dificuldade seu espartilho, por fim, libertou das tranças seus longos cabelos loiros.

Ficou coberta apenas por um tecido fino usado como roupa íntim@, um pano transparente que revelava cada curva do corpo de Charlotte. Sorrindo como uma criança mergulhou nas águas sem perceber que está sendo observada.

Lorde Tyler, pouco antes da garota chegar, estava nas águas do lago e saiu instantes antes de Charlotte chegar. Ele colocava sua blusa e por pouco caiu pela ribanceira ao ver a moça despir-se com tanta pressa e jogar-se nas águas como uma criança levada. Ela estava tão distraída com o lugar que não o percebeu.

A pequena estava com o semblante sorridente e demonstrava estar contente com a arte que fazia. Apesar da inocência da garota, seu corpo era muito atraente. Suas pernas eram torneadas e seus sei0s eram pequenos porém arredondados, poderiam facilmente caber na boca de Tyler, este pensamento foi tão forte que ele acabou por salivar. Infelizmente ele não poderia apreciar a visão que tinha de Charlotte, pois era errado por diversos motivos.

Mesmo que garotas da idade de Leblanc, em sua maioria, estivessem casadas ou comprometidas, para lorde Tyler era impróprio ter aqueles pensamentos. Mesmo relutante, resolveu mostrar-se para Charlotte que saía do lago enxugando seu longo cabelo que ultrapassava o quadril.

Assim que a menina percebe a presença do jovem Smith, seu coração disparou e uma expressão assustada tomou conta de sua face. Suas mãos pequenas tentaram cobrir as partes que estavam expostas e logo ela recuou de volta para a água tentando esconder sua nudez. Lorde Tyler ao ver o nervosismo de Charlotte toma fôlego tentando controlar sua respiração:

_A primeira vez que a vi, achei que fosse uma fada, hoje acredito que pode também ser uma sereia. - O rapaz tinha um olhar penetrante ao pronunciar as palavras - Agora sei o que minha salvadora fazia aqui naquela manhã. - Ele tenta parecer o mais calmo possível - Faz algum tempo que não tinha o prazer de estar em sua adorável presença, há alguns meses para ser mais exato. A senhorita cresceu muito desde a última vez que pôde ter uma conversa tão longa com minha boa amiga. - Tyler desvia o olhar para não parecer mais depravado do que era - Ainda lembro da dança com a senhorita no baile. Parece que quanto mais o tempo passa, mais bela my lady torna-se.

Os olhos de Charlotte estão sobressaltados e estar semi-nu em frente a um homem, não a deixava confortável. Ainda mais tratando-se de lorde Tyler, um rapaz sem pudor:

_Por favor milorde, queira virar-se para que eu saía da água - Charlotte procura ser o mais direta possível - No momento não estou apresentável.

_Mas o que pretende esconder my lady? Sua veste molhada revelou tudo o que você poderia manter em segredo. - Tyler tem um sorriso sexy nos lábios - Damas não devem ir sozinhas banhar-se em lagos, muito menos despidas, a senhorita poderia ser espiada por algum pervertido.

O rosto da garota agora parecia um pimentão de tão vermelho:

_Por favor, milorde, suplico! - A garota implora para quê ele pare de olhá-la.

O jovem Smith coloca as mãos para cima como sinal de rendição, e vira colocando-se de costas para que a menina saísse da água. Charlotte junta sua roupa com pressa e monta em sua égua com as vestes emboladas na mão. Sem deixar a oportunidade para que lorde Tyler pudesse falar algo mais, a garota monta em Alma e saí em disparada mata a fora.

Após estar em uma distância boa do lago, Charlotte para em um lugar ermo e coloca as suas vestes, seu rosto estava corado. Vergonha era o que sentia quando lembrava dos olhos amendoados e observadores de Tyler que a contornava com malícia. Como conseguiria encarar o jovem Smith de novo, depois do acontecido essa tarde, a garota pensava?

Ainda parado à beira do lago, o rapaz acaba por sentar na encosta, seu coração disparava drasticamente e uma excitação descomunal estava mais do que visível. Suspirando fundo ele penteu seus cabelos para trás com as pontas dos dedos. Fechou os olhos procurando esquecer a visão privilegiada do corpo molhado da moça, mas para seu desespero toda vez que fechava os olhos conseguia ver em sua mente, as curvas da jovem donzela e imaginava o quão deveria ser incrível estar junto á ela em um banho mais íntimo.

Tradução:

*_Quelle belle marionnette je suis devenue.

_Que belo fantoche me tornei.