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- Mike! - Era a terceira vez que eu esmurrava a porta do quarto dele, o meu irmão tinha um sono surreal de pesado. E não podíamos nos atrasar, não hoje quando eu não fazia ideia de onde era o local, eu precisava dele.
Eu precisava de um emprego, e ele tinha um amigo, que tinha uma vaga. Eu podia aceitar ajuda financeira dos meus pais ou do meu irmão, mas era orgulhosa demais, já tinha conseguido a proeza de sair da casa dos meus queridos pais, mesmo que para morar com o Mike, éramos bons convivendo, eu não perguntava sobre as garotas, nem ele sobre o que eu comi no almoço.
Desde os 12 anos eu sofro por compulsão alimentar, meus pais são muito amorosos, mas extremamente controladores, eu não conseguia lidar com a ansiedade e comia tudo que podia. Demorou em eu conseguir manter um peso fixo, e o bulling que sofri durante toda a adolescência não me ajudou muito a controlar, a fase adulta foi mais fácil, as pessoas estão se fodendo para você, contanto que você saia do caminho delas, então eu conseguir controle sobre a minha ansiedade oral. Com muito sofrimento, meu irmão foi a alavanca para isso, primeiro passo, ele não me cobrava um corpo perfeito, ele só se importava se eu estava bem, e se esforçava para que eu estivesse. Ele foi a minha base para procurar um tratamento adequado, e acompanhamento psicológico. Meus pais ferraram a minha cabeça na separação, eles me usavam de fantoche para se atacarem, e eu fiquei presa nesse loping de idas e vindas dos dois.
Mike é uns 10 anos mais velho que eu, e isso o livrou de ter que passar pela fase divorcio dos nossos pais. No fim quando tive a oportunidade de sair, nem olhei para trás. Eu estava sufocando com toda aquela carência emocional, Agora aos 22 anos e no ultimo ano da faculdade, preciso mais uma vez arruma um emprego, eu tenho dificuldades em lidar com pessoas, e estou indo bem nos últimos 4 anos que sair de casa, tenho feito acompanhamento, tenho tratado a compulsão, e tenho me mantido presa aos estudos e longe das badalações do mundo universitário.
Falta pouco para finalizar, mas preciso juntar dinheiro para sair do apartamento do Mike, a Michele tem vindo bastante aqui e bom é a primeira vez que ele tem uma ficante premium, eu nem vi nenhuma outra nas ultimas semanas.
- Mike, inferno! Sai da porra desse quarto ou vou derrubar a porta. - A fechadura fez barulho e logo ele deu as caras. Cara amassada de quem virou a noite, e eu nem precisei adivinha o motivo porque a Michele estava empurrando ele porta a fora me olhando com cara feia. ''Eu também não gosto de você, vadia''
- É assim que você me agradece por te arrumar um emprego, chutando a minha porta as 07:00 da manha? -Eu revirei os olhos, antes de responder, enquanto ouvia a megera quebrando algo na cozinha. Rangi os dentes, ódio fervendo em meu peito, não quero nem imaginar o que ela quebrou.
-Você ainda não me arrumou um emprego, você precisa trabalhar, e vá ver o que aquela vaca esta destruindo na minha cozinha antes que eu a arraste de volta para o seu quarto pelos cabelos. -E meu irmãozinho apontou o dedo do meio para mim e saiu de encontro ao monstro que ele trazia para casa. Eu fui terminar de me arrumar, precisava esta apresentável, o Mike não me deu pistas de qual dos seus amigos bêbados iria me arrumar um emprego, mas eu não questionei, estava precisando, e naquele segundo, ouvindo os dois brigarem por Deus sabe o que, eu tinha mais certeza que não iria suporta mais tempo ali. Se tudo desse certo até o fim do mês eu estaria de saída, tinha uma boa reserva, mas se continuasse a mexer por não esta trabalhando não iria conseguir sair nunca.
...
Eu estava desconfortável com aquela roupa, o Mike me fez troca o meu look básico por uma saia lápis ate o joelho e uma blusa social, então tive que sair do conforto do meu tênis para um salto agulha, segundo ele o local não condizia com o meu estilo desleixado.
Mike-1 x 0-Julia
E não julgo, quando chegamos ao prédio e ele estacionou em frente, deixando a chave com o frentista o meu queixo caiu, provavelmente era algum cliente rico do Mike, ele não tinha amigos com inteligência para trabalha aqui, ele era advogado e tinha muitos amigos como ele, colegas de trabalho melhor dizendo. Os amigos do Mike eram todos os mesmo desde sempre, e nenhum deles estava no nível de me arrumar vaga nem em um pub fedorento.
-Agora você pode me dizer quem daqueles pés sujos que você chama de amigos poderia me indicar uma vaga em algo assim? -Às vezes a arrogância era meu ponto, minha psicóloga pediu para falar sobre isso no meu diário, ou como eu gostava de nomear, meu livro de pensamentos bizarros.
-A sua ingratidão e arrogância vão te levar longe aqui, continue assim, irmãzinha. - Ele disse enquanto saímos em direção ao elevador.
-Você aprende isso no primeiro semestre de direito, como pode me julgar?-Rebati cínica. eu gostava do meu irmão mais do que de qualquer pessoa no mundo, ele sempre estava lá, não importa como, ele dava um jeito de me resgatar, e lembrar disso me rasgava, eu não queria ter que deixa-lo, mas se isso que ele tinha com a biscate desse certo, eu não queria atrapalhar.
- Acho que mudaram alguma matéria no curso, não tive essa. -Eu rir, e em meio a vontade de chorar, porque eu já estava projetando a nossa despedida, que nem tinha data ainda, eu me joguei em seu peito e abracei ele pela cintura, o Mike era uns 10 centímetros maior que eu, nunca entendi essa conta, acho que herdei a altura da mamãe e ele de algum parente distante do papai. Porque ele realmente era o gigante da família.
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- Bom dia!- Ele deu aquele sorriso escroto para a recepcionista assim que chegamos ao roll, por um segundo eu acreditei que ele não tinha mesmo jeito, talvez não fosse mesmo a Michele que iria prender o meu irmão.- Temos uma reunião marcada como Robert...- Minha mente travou, não poderia, nem em um milhão de anos, não poderia ser o mesmo Robert, não poderia ser o meu Robert, não meu exatamente, mas o Mike não faria isso, sem me consul... Filho da puta, é claro que faria, fez. Por isso ele não queria me conta, me deixou no escuro...
-Vigésimo andar, o senhor Adams os aguarda... - Eu estava em choque parada, estática ao lado dele, talvez eu pudesse correr de volta ao carro, e fingir que não queria matar o Mike. Mas tudo que fiz foi entrar em um espiral do tempo, voltando aos meus 14 anos de novo, onde eu passava pela humilhação de me declarar para o melhor amigo do meu irmão 10 anos mais velho que eu.
Ele achou fofo, agradeceu as minhas intenções, falou que não podia suprir as minhas expectativas naquele momento, fez tudo para não magoar meus sentimentos, o que fez ser muito pior, foi a minha primeira paixonite, e foi humilhante, mesmo que depois disso ele nunca mais tenha aparecido na nossa casa, o Mike tinha dito algo sobre ele esta em outro país, após a faculdade, e eu fiquei com as expectativas frustradas desde então, meio que eu comecei a acha que não era boa para ninguém depois daquele vexame, claro que eu entendo que ele não podia ficar comigo, eu era uma criança, mas foi a minha primeira rejeição, e doeu e deu febre e me deixou uma semana na cama triste.
-Jull... July... JULIA?- O Mike me olhava tenso, meu rosto ardia de vergonha, eu não podia subir, e acho que ele entendeu quando viu o pânico no meu rosto. - Você precisa se acalma ok?!- Balancei a cabeça negando, não iria subir nem a pau. - Jull, ele não lembra daquilo, isso foi há o que 10 anos? Você era uma criança, isso é normal, lembra? Você já escreveu sobre isso, sua psicóloga já tratou isso, agora você precisa enfrentar. - Eu não tinha percebido o sobe e desce do meu peito até presta atenção na comoção que estava causando ao nosso redor, meu irmão estava na minha frente com as mãos no meu rosto, me fazendo fitar a minha atenção nele. Eu respirei fundo, algumas vezes, até me achar apta a olhar para ele novamente.
-O.K.- Eu não posso deixar o medo me dominar, eu consigo. Vamos, Julia, você passou no vestibular, mudou de cidade, enfrentou a separação e a volta dos seus pais, você consegue olhar nos olhos do Robert e fingir que não se lembra dele.
Eu ajeitei a roupa, dei meu melhor sorriso ao Mike, e seguir segurando a sua mão, não iria me deixar abater por isso, quem o Robert penso que é para depois de quase 10 anos ainda exercer qualquer influencia sobre mim, não haveria chance, eu preciso disso e vou me esforçar.
Segui ao elevador com o Mike apreensivo ao meu lado, nem mesmo eu imaginei que passaria por algo assim, não tem como dizer a ele para se acalma se nem eu consigo acalmar as batidas frenéticas do meu coração.