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Cecília acordou no dia seguinte sem sinal de Lucas no quarto. Lembrou-se da noite anterior.
_ Cecília sua burra! – disse, cobrindo o rosto com as mãos envergonhada.
Levantou-se, pegou o celular na mesinha de cabeceira e visualizou a mensagem de Lucas.
"Ceci não desejo terminar. Eu amo você! Tive que vir trabalhar, mas a noite a gente conversa."
Lendo aquilo pensou: "Não Lucas, a gente não tem mais nada pra conversar."
Depois de um banho, resolveu ligar para o pai. Depois de dois toques o pai atendeu.
- Oi meu amor! Bom dia!
- Bom dia pai. Estou chegando hoje a noite, pode pedir ao motorista para me buscar?
- Como assim? Vocês não viriam somente no fim de semana?
- Resolvi antecipar. Mais tarde te passo o horário que chego.
- Ok, minha linda. Vou pedir seu irmão para te buscar.
- Não precisa pai! – Se o motorista não puder eu pego um táxi.
- Nada disso! Se puder eu mesmo vou!
- Tudo bem papai. Até mais tarde então. Te amo!
- Também te amo.
Desligando seu celular jogou-se na cama pensando como seria voltar e enfrentar o que sentia por Diogo, conviver com ele, vê-lo todos os dias. Precisava encarar isso, a tempos havia decidido que não fugiria mais.
Diogo Albuquerque era seu irmão de criação, filho da sua madrasta. Cecília perdeu a mãe ainda criança, com apenas oito anos. Dois anos depois, seu pai Martin Novaes, conheceu Carmem Albuquerque, uma mulher também viúva. Meses depois se casaram. Diogo era dois anos mais velho que Cecília, apesar de serem criados juntos, e do menino receber o mesmo carinho e tratamento que Cecília recebia, e de chamar Martin de pai, as crianças estavam sempre em pé de guerra. Todos acreditavam ser ciúmes, mas na verdade eram os sentimentos que ambos reprimiam dentro de si.
Quando conheceu Diogo, Cecília ficou encantada com o menino. Ele como já estava na pré adolescência, já começava a presentar sua rebeldia. Mal ligava para a "irmã", mas conviviam bem, saiam com amigos em comum, se divertiam juntos. Quando Cecília chegou na adolescência as brigas começaram. Cecília que já era uma criança linda estava se tornando uma mulher belíssima. Diogo também era um rapaz irresistível, alto, loiro, com olhos amendoados e seus músculos já a mostra, as meninas babavam por ele . Começaram a surgir as namoradinhas, o que despertou em Cecília sentimentos que ela não sabia ainda o que eram, começou a sentir desejo e ciúmes pelo próprio "irmão", que tentava reprimir com toda sua força. E percebia pelos olhares de Diogo que ele também passava por algo errado. Ele começou a se afastar dela, a maltrata-la, as brigas se tornaram diárias, tudo era motivo para as implicâncias. Chegaram ao ponto de conviverem na mesma casa sem se falar.
Martin e Carmen tiveram um menino juntos, o Francisco. Hoje já um rapaz com dezoito anos. Na verdade os dois se casaram rapidamente, pois Carmen engravidou. A criança era a alegria da casa em meio ao conflito que os pais enfrentavam com os dois adolescentes.
Envolta em todas as lembranças, Cecília terminou de fazer as malas. Iria levar somente o necessário, afinal manteria o apartamento por alguns meses, então buscaria depois. Após isso, foi a universidade, resolver uns assuntos que tinha pendente. Despediu-se dos colegas que lá encontrou, almoçou com Marco e voltou ao apartamento para buscar as malas. No caminho consultou no site da companhia aérea os voos disponíveis para o Rio de Janeiro. Por sorte teria um disponível às 17:00h. Reservou o voo e enviou mensagem para o pai avisando que a chegada prevista seria às 18:30h.
Estava com saudades de casa. Mesmo sendo tão perto, Cecília quase nunca visitava os pais, sempre arrumava uma desculpa para não voltar ao Rio. A última vez que tinha ido, tinha sido no natal, há seis meses, isso porque soube que Diogo estava viajando. Evitava o máximo encontra-lo, assim como ele também fazia.
Já no aeroporto resolveu enviar uma mensagem para Lucas. Não queria ir assim, como se estivesse fugindo. Mas não queria fazê-lo sofrer. O relacionamento dos dois não estava mais dando certo, mas sabia que Lucas a amava. Mas ela não conseguia, por mais que tenta-se corresponder.
"Lucas, estou indo para o Rio hoje. Preciso voltar. Sentirei sua falta, vivemos momentos lindos, mas chegou ao fim. Tenho um carinho enorme por você e desejo que seja feliz. Pode ficar no apartamento o tempo que precisar e tirar suas coisas com calma, não vou devolvê-lo por enquanto. Depois deixe as chaves com o porteiro."
Guardou o telefone e embarcou no voo de volta pra casa.