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Cecília acordou na manhã seguinte, estava um dia ensolarado, vestiu um biquíni e desceu para tomar café da manhã. Seus pais estavam sentados à mesa, ela se juntou à eles se deliciando com o belo café da manhã. A tempos não tinha um desjejum tão farto, morando sozinha, sua manhã se resumia a um café com leite. Mas seu pai sempre fez questão de mesa farta e da família presente em todas as refeições.
- Onde está Francisco? - perguntou estranhando a ausência do irmão.
- Saiu cedo para a faculdade, ele está levando a sério o curso de direito. Quer ser igual ao irmão. - respondeu Carmen orgulhosa.
- Aquele lá tem adoração pelo irmão, tudo que Diogo faz ele acha incrível. Espero que não siga seus passos em relação às mulheres. - disse seu pai demostrando seu desgosto com o comportamento do filho.
Martin sempre foi respeitoso com as mulheres, um homem de poucas mulheres, namorou apenas duas antes de conhecer a mãe de Cecília, que foi seu grande amor, motivo dos ciúmes de Carmen até hoje. Depois da sua morte não se envolveu amorosamente com mais ninguém, teve alguns casos, mas sempre foi respeitoso e honesto quanto os seus sentimentos. Quando conheceu Carmen voltou a acreditar no amor. Não aprovava o comportamento de seu filho com as mulheres, que ele trocava como trocava de roupa.
- Você tem sido muito duro com Diogo, ele é um ótimo filho, tem te ajudado muito na empresa. Ele tem seus momentos, mas nunca descuidou do trabalho e da família. Ele é um homem muito responsável, tem se divido entre o escritório e sua empresa e tem se saído bem. - disse Carmen num tom de voz mais áspero, nunca gostou que criticassem o filho.
Diogo se dividia entre o trabalho na Corcovado e no escritório de advocacia que havia herdado do pai biológico. Um escritório de prestígio, que foi administrado pelo tio até ele se formar e assumir.
- Ele não me ajuda Carmen ele trabalha lá e recebe um salário pra isso, e não faz mais que sua obrigação pois a empresa também é dele, nunca fiz distinção dos meus filhos, sempre o tratei igual. Ele é meu filho e me preocupo com ele. - disse Martin com calma percebendo que Carmen não havia gostado de suas palavras.
- A empresa também é de Cecília e nem por isso ela se dedica a ela. - Carmen falou com desdém.
- Não se preocupe Carmen, na segunda-feira eu começo na empresa, vamos todos trabalhar juntos, como uma família feliz. - Cecília disse olhando para Carmen com um sorriso debochado nos lábios.
- Eu já vou andando, tenho muita coisa para resolver na empresa hoje. - dizendo isso Martin se levantou e beijou as duas na bochecha.
As duas permaneceram na mesa comendo em silêncio. Que foi quebrado alguns minutos depois por Carmen.
- Cecília me desculpa pelas coisas que falo as vezes. Eu amo você como uma filha, mas Diogo é meu filho também. E sei que o relacionamento de vocês não é dos melhores. Tenho medo de onde isso pode parar.
Cecília olhou para Carmen que a encarava com ternura. Carmen não se atrevia a falar abertamente sobre o assunto, mas sempre deu a entender que desconfiava.
- Não se preocupe Carmen, se depender de mim aquela fase passou. Eu também tenho muito carinho por você, mas sei que não sou sua filha, seu filho é o Diogo, é natural você ficar ao lado dele.
- Mas eu não ficar em lado algum. Eu amo os dois, só quero que vocês convivam em harmonia. Não quero meu filho longe da casa, nem você.
- Não se preocupe Carmen no que depender de mim isso não vai acontecer.
- Assim espero.
Cecília levantou-se se direcionando a porta.
- Vou pegar um solzinho, tentar recuperar minha cor. Estou igual ao leite azedo. - disse brincando, tentando quebrar a tensão que estava entre as duas. - Quer vir?
- Não posso, tenho que ir ao buffet resolver alguns detalhes da festa de seu pai.
Cecília passou o resto da manhã na piscina, a marquinha de biquíni já aparecia, a muito tempo que sua pele estava sem sua cor natural. Sempre teve a pele dourada e macia que combinavam perfeitamente com seu longo cabelo castanho, que ela adorava dar uma iluminada fazendo algumas mechas mais claras. Pensando nisso lembrou-se de marcar uma hora no seu salão preferido, já estava na hora de dar um trato no cabelo. Mandou mensagem para seu cabeleireiro marcando para a tarde do dia seguinte.
Enviou mensagem também para algumas amigas, estava com saudades e queria colocar o papo em dia. Pensou em Eva sua melhor amiga, queria fazer uma surpresa, não tinha avisado que havia voltado ontem. Eva iria matá-la por isso.
Pensou em fazer uma surpresa, então ligou para o consultório da amiga.
- Consultório da Dra Eva Souza.
- Alô Cátia, é a Cecília. Tudo bem? - falou quando a secretária atendeu.
- Oi Cecília, tudo bem. Como posso te ajudar?
- Estou no Rio e queria fazer uma surpresa para Eva, poderia me arrumar um encaixe na agenda dela?
- Você está com sorte, a paciente dás 16:00h desmarcou. Era a última do dia. Pode vir nesse horário?
- Excelente Cátia, aproveito e carrego ela daí. Disse sorrindo. - Você é dez Catia. Não conta nada pra ela.
- Tudo bem, vou manter o nome da outra paciente na agenda, assim ela não saberá.
- Até mais Catia.
Depois de algum tempo Cecília foi atrás do almoço, já estava faminta.
Já se passavam das 13:00h, a mesa já estava posta.
- Já estava indo te chamar, seu pai veio almoçar conosco. - disse Carmen quando Cecília entrou.
- Vou tomar um banho e já volto.
- Seja rápida. A comida vai acabar esfriando. - continuou Carmen.
Cecília só tirou o biquíni molhado e colocou um vestido leve. Depois tomaria um banho com calma. Martin e Carmen já estavam sentados à mesa.
- Venha meu bem, sente aqui. - disse Martin.
Eles comeram enquanto conversavam, Martin atualizava Cecília dos assuntos da empresa. Ela trabalhava com pai quando decidiu ir fazer seu mestrado e largou tudo aqui.
- Já mandei arrumar sua sala, fizemos algumas reformas a pouco tempo, espero que você goste. A empresa está bem diferente. Temos alguns espaços novos, a gente tem que se modernizar. Não era isso que sempre dizia? - Martin falava.
- Que bom papai que resolveu me ouvir. - disse alegre com a notícia.
- Não tive como fugir mais, precisávamos disso, a concorrência está grande. E Diogo não me deu deixou em paz depois que você sugeriu as mudanças, insistiu muito. E tenho que concordar, foi a melhor decisão.
Cecília desviou o olhar, e suspirou. Teria que se acostumar a ouvir esse nome, se acostumar com a sua presença.
- Tenho certeza de que vou adorar tudo que fizeram.
- Papai eu vou sair daqui a pouco, procurei a chave do meu carro e não encontrei. Onde está?
- perguntou mudando de assunto.
- Está na gaveta da escrivaninha no escritório. Sempre guardo lá. Semana passada mesmo a coloquei lá quando Diogo me entregou.
- Diogo usou meu carro? - perguntou surpresa.
- Ele sempre leva para lavar e verificar se está tudo certinho. Acho que dessa vez mandou trocar o óleo, e fez uma revisão completa. Pode pegar a chave lá. - completou o pai.
Com tanto funcionário para fazer isso, ele faz pessoalmente, não acreditava nisso.
Já eram 3 da tarde, após se arrumar para sair, pegou as chaves do carro e foi ao consultório da amiga. Estacionou seu SUV da Mercedes no estacionamento da clínica.
Estava esperando na sala de espera do consultório, reparando como era bonito e elegante, na porta a frete lia-se "Dra Eva Souza - Ginicologista e obstetra". Sentiu orgulho da amiga, já era uma médica renomada com apenas 28 anos, lembrou-se como a Eva sempre foi delicada aos estudos e que sempre sonhou em ser médica, dizia que desejava ajudar a colocar crianças no mundo. E ali estava ela, com um consultório numa clínica renomada e chique. A paciente saiu do consultório e deixou a porta entreaberta, a Eva falou de lá de dentro.
- Próxima paciente por favor.
A secretária fez um gesto com a mão indicando que era a vez de Cecília.
Cecília entrou no consultório falando.
- Surpresa! Sua próxima paciente sou eu Dra Eva.
- Não acredito! Quando você chegou? - disse Eva levantando-se para abraçar Cecília.
- Cheguei ontem, mas quis fazer uma surpresa, então não te avisei.
As duas deram um abraço longo, estavam com saudades uma da outra. Sempre foram melhores amigas, como irmãs. Estudaram juntas desde pequenas até o ensino médio, quando cada uma foi para uma universidade diferente, mas sempre mantiveram contato, mesmo morando longe, se falavam todos os dias por telefone.
- Sua vaca, falei com você ontem e não me contou. - disse Eva. - Porque veio antes? Não viria no sábado?
- As coisas estavam difíceis com o Lucas, ele não aceitou muito bem o término, ficou insistindo. Então decidi vir logo, ficar longe pra ele processar tudo. E eu não cair mais na lábia dele.
As duas se sentaram no sofá que havia no consultório.
- Te falei que ele ia tentar manobrar a situação, mesmo com você voltando para o Rio.
- Já me mandou um monte de mensagens. Mas não respondi. Não dava mais amiga, você sabe que eu não o amo, e ele estava dando sinais que quer dar um próximo passo. Aproveitei que ele estava muito envolvido no trabalho e terminei com a desculpa de que ele não tinha tempo pra gente.
- Você não foi sincera?
- Claro que fui! É verdade mesmo, ele não tinha tempo pra mim e quando tinha era pra brigar depois das crises de ciúmes.
- E pra trepar não tinha tempo? - disse Eva sendo sarcástica.
- Pra isso ele arrumava, e fazia bem feito. Tenho que confessar que foi por isso que ficamos tanto tempo juntos. - Cecilia confessou ruborizando ao lembrar dos momentos juntos com Lucas.
- Ah sua tarada! - as duas gargalharam. - Amiga, agora me conta, já viu o Diogo, já se encontraram?
- Você tinha que lembrar dele?
- E você por acaso esquece dele Cecília? Fala logo, me conta!
- Não tem o que contar, ele está viajando, não nos encontramos. - respondeu tentando se mostrar indiferente.
- Sério? Viajando de novo? Caio me disse essa semana que ele tinha ido à São Paulo, num bate e volta rápido, e que ficaria o resto da semana na Corcovado, por isso pediu ao Caio para assumir um caso no escritório de advocacia. Estranho isso...
Caio era namorado de Eva e primo de Diogo por parte do pai biológico. Trabalhavam juntos no escritório de advocacia.
- Ele foi à São Paulo? Quando?
- Na terça-feira, foi cedinho e voltou à tarde. Cecília ficou pensativa e se lembrou da mensagem que ele havia lhe enviado logo após sua apresentação.
- Amiga, será que ele foi ver minha apresentação na universidade?
- Será? Não duvido nada Ceci, o Diogo é muito estranho. Se faz de durão, de indiferente, mas vive sondando querendo saber de você. Caio tá sempre me fazendo perguntas e eu sei que é Diogo que manda ele fazer.
- Eu recebi uma mensagem dele logo após terminar a apresentação, dizia que eu tinha sido maravilhosa. Parecia que ele tinha me assistido.
- Cecília esquece isso, não devia ter tocado no assunto. Cuidado tá?! Você sempre se machuca. Fica longe dele. - Eva percebeu o brilho no olhar da amiga ao levantarem essa suspeita, e mudou o foco da conversa.
- E me diga, vai me pagar a consulta e não vai querer que eu te examine?
- Claro que vou! Quero fazer um checkup completo.
- Então entra ali e veste a camisola que vou ver se você tá cuidando bem dessa perereca.
- Aí credo! Vou ficar envergonhada desse jeito.
- Aposto que na hora de usar ela você não fica envergonhada.
- Você trata assim todas as suas pacientes?
- Claro que não, só as safadas!
As duas riram das próprias bobeiras que diziam uma para a outra. Eva examinou Cecília, e prescreveu vários exames de rotina.
- Amiga ainda toma o mesmo anticoncepcional?
- Sim, nunca parei. Você sabe que sou paranoica com isso. E mesmo tomando sempre uso camisinha.
- Está certíssima! Tem que se cuidar. Não é só previnir gravidez indesejada, mas previnir doenças. Mas você já pensou em colocar DIU?
- Não, você acha que devo?
- Tem menos efeito colateral do que o anticoncepcional. Acho que deveria pensar.
- Vou pensar.
- Faz isso, quando quiser a gente coloca. Faz esses exames que prescrevi, depois a gente vê isso.
As duas finalizaram a consulta e foram ao shopping comprar os vestidos para usarem na festa de Martin. Foram em diversas lojas. Se divertiam muito juntas, os assuntos nunca acabavam. Jantaram juntas, combinaram de se encontrarem na praia no dia seguinte. Já era tarde quando Cecília voltou pra casa.
No dia seguinte, como combinado encontrou Eva na praia. Se juntaram a algumas amigas, passaram a manhã na praia se divertindo. Já a tarde foram ao salão de beleza dar um trato no visual.