Dentro de uma van estacionada em frente a um pequeno chalé do outro lado da rua, um forasteiro observava ansiosamente. Ele olhava para além das filas de caminhonetes, carros e vans que rodavam lentamente pelo asfalto do estacionamento enquanto pais esperavam para pegar suas preciosas cargas.
- Vamos lá, vamos lá - murmurava ele.
É claro que ele reconheceria a criança, uma menina de nove anos em que seu parceiro depositava esperanças.
E se ela não estudasse mais nesta escola? E se ela e a mãe tivessem se mudado? Seus dedos agarravam o volante com força. Droga, estava calor, apesar de ele ter estacionado na sombra de um carvalho solitário cujos galhos se estendiam pela cerca, protegendo uma pequena casa.
Ele abriu um pouco a janela e um vento quente e seco entrou na van. Em algum lugar da rua, um cachorro latiu, o que o deixou nervoso, mas ainda assim esperou. Prometera que ele próprio veria a criança para depois contar para seu parceiro que ela estava viva e saudável.
De repente, uma menina loura com cabelos rebeldes e um grande sorriso saiu correndo do prédio. Pernas compridas, dentes um pouco grandes para o rosto, ela era uma dessas garotas que floresceria com o tempo, uma menina graciosa que prometia rara beleza na fase adulta. Caitlyn Bethany Rawlings, única filha de Samantha Rawlings, que ainda era solteira.
Ele sentiu um alívio momentâneo ao ver Caitlyn e os outros alunos da quarta série da Sra. Evelyn Johnson se juntarem às crianças que já estavam subindo nos ônibus ou atravessando a fila de carros estacionados.
Caitlyn, que vestia jeans e uma camiseta, estava conversando com uma menina mais baixa de cabelos escuros. Um emaranhado de cachos, como os da mãe, emolduravam o rosto pequeno e bronzeado. Havia sardas em seu nariz, e olhos redondos e azuis se apertaram até encontrarem a caminhonete já bem usada da mãe. Com um aceno para duas amigas, saiu correndo entre duas vans estacionadas e entrou no carro.
Cheia de empolgação, Caitlyn tagarelava com a mãe. Afinal, era o último dia de aula. Havia muito o que falar e planejar para o verão, ele supunha, embora nenhuma delas soubesse que, pelos planos de seu parceiro, tudo estava prestes a mudar.
Ouvindo a filha enquanto arrancava, Samantha saiu do estacionamento e seguiu a fila de carros e caminhonetes que iam em direção à pequena cidade do Wyoming pela última vez neste ano letivo.
Elas passaram pela van do forasteiro, que se virou esperando não ser visto nem reconhecido. Vir à escola em plena luz do dia era bem arriscado. Sempre existia a chance de alguém perceber uma pessoa que não pertencia a essa comunidade pequena e organizada localizada na base das Montanhas Tetons. As oportunidades tinham de ser aproveitadas. Eram arriscadas, mas necessárias, para que a primeira parte do plano funcionasse.
E o plano vai funcionar, custe o que custar. Vidas dependem disso. As vidas da família Fortune.