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Johanna Drummont
- Bom dia. - Quebro o silêncio. - E-eu posso me sentar?
- Sente-se! - Ele leva a xícara à sua boca e tira os olhos de mim.
Será que ele é sempre assim?
Ryder, não fala mais nada e dá toda a sua atenção somente a sua comida e ao celular sob a mesa. Eu me acomodo ao seu lado direito, tentando ao máximo não fazer nada brusco e confesso que só estou aqui agora porque a minha fome é enorme. A minha barriga está fazia ao ponto de doer.
O cheiro de comida é uma delícia. Tem pães, frios, suco, café, leite, biscoitos, bolo e frutas. Fico com água na boca ao ver um pode de creme de avelã e não penso duas vezes. Eu pego o frasco e já começo a separar uma porção para comer com os biscoitos salgados.
Por um momento, eu sinto ser observada, mas ao olhar para ele, eu o vejo distante. Não é falado mais nenhuma palavra. Pelo jeito, Ryder, só abre a boca para exigir algo ou reclamar. Não vejo uma forma desse casamento dar certo, porque vou viver com medo desse homem. Não consigo esquecer a forma como ele me olhou ontem, o jeito bruto que falou e eu sei que a lei deveria ser cumprida, mas, ele não me ajudou a me acalmar.
Ele me fez surtar!
Enquanto eu vou comendo, fico pensando numa forma de falar algo. Não consigo pensar em nada que realmente não o irrite mais. Olhando para ele de soslaio aqui, vejo bem a testa franzida que mostra a maü-humor. Vejo o seu maxilar trincado, ouço a respiração pesada e definitivamente, esqueço de ser a pessoa a falar inicialmente.
Saudades da casa da Mayla, minha irmã. Lá, eu me sentia bem e bem acolhida.
- Com licença. - Nisso, ele fica de pé e sai repentinamente.
Vejo-o se distanciar e pouco depois, ele some da minha visão. Tento continuar comendo e pego uma fruta para finalizar. Tem uvas, morangos, maçãs e vou comendo uvas. Quando me sinto satisfeita, eu me levanto e já vejo Celeste, entrando na sala de jantar. Ela tem em suas mãos um tipo de bandeja que contém um tipo de torta salgada e o cheiro é ótimo.
- Nossa, a senhora comeu bem rápido. - Ela comenta murchando um pouco. - Pensei que daria tempo de provar a torta que fiz.
- Nossa, está linda e muito cheirosa. - Comento impressionada. - Posso comer mais tarde, já estou satisfeita.
- Tudo bem! - Ela deixa sob a mesa vem até mim. - A senhora quer conhecer a casa, agora?
- Seria muito bom! - Nisso, outras funcionárias entram e começam a recolher tudo da mesa.
Celeste, me leva para conhecer a parte interna primeiro e conheço a cozinha, a dispensa, o primeiro corredor que dá acesso a salas especiais da casa e salas de estar extras. Tem sala de leitura, sala de filme, uma sala de jogos que é algo novo para mim e as salas externas têm uma visão bem agradável da grama verde e flores. Nesse mesmo corredor, tem uns três banheiros e depois de ver tudo, vamos para o outro lado.
Passando pela sala inicial da casa, eu fico abismada com os itens de decoração delicados. Tem vários quadros de pintura que chamam atenção e ao entrarmos no corredor, a primeira porta é o escritório de Ryder.
- Quando a porta está bem fechada assim, tem 99% de chance de estar trancada enquanto ele resolve algo. O senhor Drummont, gosta de privacidade e ele tem a regra de só baterem na porta se for caso de urgência.
- Ele tem muitas regras... - Comento pensando alto.
- Sim, ele é bem exigente e gosta de tudo dentro das linhas. - Confesso que fico incomodada com essas coisas. - Ele segue uma alimentação equilibrada, tem uma rotina bem cronometrada e se algo sair dos eixos com ele... - Ela faz uma pausa como se procurasse a palavra certa. - Bom, ele não reage bem. Espero que isso não tenha atrapalhado a noite de vocês. - Nisso, eu vejo que preciso mentir.
- Foi tolerável... - Respondo não pensando em contar nada do que houve.
Se o homem surta do nada por motivos bem ralos, imagina se chegar aos seus ouvidos que eu falei que não houve consumação. Ele me mata!
- Vai ficar melhor. - Ela declara positivamente.
- Mas, ele vai trabalhar hoje? - Pergunto inocentemente e ela me olha como se eu tivesse feito a pergunta errada.
- Ele não pode. Está em lua de mel. - É nessa hora que mordo a língua. - Bom, por aqui nós temos uma sala de música.
Agora eu descubro algo que não faz sentido na minha cabeça. Ryder, gosta de música e ele sabe tocar piano, violão e guitarra. Como que ele toca isso tudo? Música deixam as pessoas relaxadas e tranquilas, mas ele é o oposto disso. Não consigo captar essas informações.
A sala é grande e bem organizada. Os instrumentos são lindos, novos e pelo jeito, bem caros. Eu apenas observo sem tocar em nada e fico ainda admirada. Eu sei tocar um pouco de piano, mas ainda é com alguns travamentos. Eu gostava, mas, não consegui me aperfeiçoar.
- Temos também a sala da academia que fica no fim do corredor, temos outras salas de estar, banheiros e tudo é bem conectado aqui. - Ela comenta falando de passagens pelos cômodos.
A mansão é bem planejada e ela comenta sobre certas passagens secretas de emergência. Mas ela não entra ainda nos detalhes, porque como estou conhecendo e vendo pela primeira vez, eu posso esquecer muito rápido. Fora que, quem vai me explicar tudo será Ryder.
Já posso imaginar que vai demorar.
Ela me leva para ver os quartos do segundo andar, as varandas disponíveis e a vista de cima é perfeita. O jardim visto de cima é lindo, bem cuidado e bem calculado no espaço. Vejo as duas piscinas, também tem uma sala nos fundos de hidromassagem e fico chocada por sempre ouvir que tem mais algo a conhecer.
Essa mansão não chega nem perto da casa que eu vivia com o meu pai ou com o meu tio.
Ryder, realmente é muito rico e deve ser por isso que é tão fechado e estressado.
Quando descemos de volta para o primeiro andar, nós passamos pelo corredor secundário que é onde fica justamente o escritório de Ryder. Antes mesmo de chegar perto, eu noto a porta fechada e ele deve estar ainda trancado lá dentro. Então, eu só preciso passa direito.
Mas, não é isso que acontece!
O que parece, é que ele estava ouvindo as nossas vozes e passos, porque quando chegamos perto, a porta se abre de uma vez. O olhar dele vem diretamente para mim e até tento passar direto, mas, sinto algo segurar o meu braço.
- Com licença! - Celeste, passa direto e fico aqui com ele ainda me segurando.
- Conheceu a casa? - A pergunta vem quando não ouvimos mais os passos dela.
- Sim. É muita coisa, mas vi tudo. - Respondo tentando entender esse aperto ainda no meu braço.
Não é forte, mas é como se ele não quisesse que eu saísse agora.
- Vou te dar uns dias para se familiarizar com ela e depois, explico sobre como funciona as passagens e etapas do alarme em caso de emergência. - Aceno lentamente com a cabeça. - Está melhor do que ontem?
- Um pouco... - Nisso, ele me olha como se pensasse em algo, não sei explicar.
Acho que vai demorar para eu aprender a decifrar as reações dele.
- Entra... - Fico chocada com o jeito dele e ele abre a porta por completo. - Só entra, Johanna. - Engulo em seco olhando para o escritório dele.
Por que ele quer que eu entre?