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Johanna Drummont
O nervoso dentro de mim é imenso e sinto a presença dele bem atrás de mim. Observo o escritório com atenção que é grande em comparação do lado de fora e a minha segunda conclusão, é que o local tem o cheiro do perfume dele.
Estremeço por completo ao ouvir o som da porta sendo fechada e mais ainda, por ouvir a chave trancando-a. fico ofegante sem saber o que fazer e o meu corpo sente a aproximação dele mais uma vez. Posso ouvir a sua respiração, posso sentir um leve calor que vem detrás de mim.
Tento dar um passo à frente no intuito de ter mais espaço, mas ele parece saber o que pensei, porque sou cercada pela cintura e puxada a ele. Fico praticamente colada a ele, tendo as suas mãos me cercando para não me dar escapatória e para completar, estremeço ao sentir o seu nariz deslizar pelo meu pescoço.
Ryder, quer me deixar em colapso.
- Vai surtar como ontem? - A pergunta já me faz entender o que ele deve querer.
- O que vai fazer? - Quero ter certeza antes de qualquer coisa.
- Você é a minha mulher, Johanna! Estamos casados, vamos viver juntos até a morte e eu tenho direito total a você. - Isso agora me faz pensar que preciso falar com ele.
- Podemos conversar antes? - Sinto a sua respiração na minha orelha e fecho os olhos tendo um misto de sensações. - Por favor...
Ele solta o ar com força e lentamente, as suas mãos me soltam. Dou um passo a frente em busca de ar e lentamente, eu me viro ficando de frente a ele. Mais uma vez, aquela expressão de impaciência está estampada no seu rosto e é isso que mais me deixa nervosa. Ele parece que odeia esperar, odeia ser contrariado e parece odiar ser recusado.
Sei que foram poucas as vezes em que o vi, mas, em nenhuma delas o vi mais leve. Ele me intimida, me deixa com a sensação de ter feito algo errado e isso, sendo que só nos casamos ontem. Não acredito que a minha recusa seja algo tão absurdo pelo fato dos ocorridos. É uma reação normal. Homens não sabem o que é isso e por esse motivo, muitos reagem com indiferença.
- E-eu quero pedir desculpas por ontem. - Começo tentando mostrar um pouco de firmeza. - Eu sei que nos casamos, que eu sou a sua esposa até a morte e que eu devo muito a você em vários aspectos..., eu só, queria pedir um pouco de paciência.
- Continue! - Ryder, continua me olhando do mesmo jeito e fico inquieta.
- Tudo ainda é muito recente. Eu não tive nenhuma boa relação com homens desde que nasci e não é fácil como pensa. O meu pai era monstro. - Não é fácil falar do meu passado, principalmente com alguém que nem conheço. - Eu cresci vendo o seu ódio pela minha mãe por ela ter tido duas filhas mulheres. A minha mãe foi abusada, agredida e eu a vi definhando na depressão até a morte. Eu nunca fui bem tratada por ele e depois da sua morte, eu fiquei aos cuidados do meu tio que só queria se livrar de mim o quanto antes. - Enquanto eu falo, eu tenho a sensação de ter sido um mero objeto de desagrado nesses anos. - Ele fez um acordo de casamento para mim de qualquer jeito e pela primeira vez, eu pensei que poderia dar certo e confiei. O meu erro foi esse. Eu tive que engolir sozinha a dor e o desespero de ter sido violada e eu nunca tive ninguém para confiar. Mesmo não sendo casada ainda, fui agredida diversas vezes tendo dias em frente ao espelho para camuflar as marcas no pescoço, na boca, abaixo dos olhos e qualquer lugar vizível. - Sinto um amargo na garganta e nessa altura, eu já não controlo a voz. - Fui violada, agredida e ameaçada sem nem ter me casado. Foram mais de semanas sofrendo calada, com medo de descobrirem, porque o me tio me condenaria se soubesse. Eu tinha certeza disso, então, me desculpe se não consigo confiar em você. - Agora, eu dou um passo até ele e sinto uma certa coragem em falar algumas coisas. - Você me olha como se eu tivesse feito algum absurdo, como se eu fosse culpada de alguma coisa e fala comigo como se eu fosse um dos seus homens. Então, o que eu peço é paciência e um pouco de compaixão. Só isso! - Puxo o ar com força e ele me olha como se pensasse em algo. - Eu não lhe conheço, não sei nada de você e assim fica impossível.
- Vai ter que se acostumar com o meu jeito. Eu não vou mudar! - Engulo em seco pelo jeito dele e observo bem o rosto firme sem expressão. - Eu não sou um homem qualquer, fui treinado pela máfia para se destacar, para honrar a lei e crescer nos negócios. A máfia está acima do casamento. Se está procurando um príncipe encantado, sinto lhe dizer que nasceu no lugar errado. - Fico abismada com esse jeito de falar.
Eu sei que a máfia está acima, mas, o jeito de ele falar é como se nada disso realmente não importasse. Como se mais nada fizesse alguma diferença. É apenas um mero negócio.
- Não foi isso que... - Negö e tento explicar o que falei, mas ele mostra a mão e corta a minha fala.
- Só quero deixar claro! - Desvio o olhar sem saber o que pensar agora e a minha respiração fica pesada. - Você está segura aqui, terá proteção, conforto, luxo e nada vai faltar. Não tem com o que se preocupar, então, está na hora de se desapegar do que passou e recomeçar. Eu não vou fazer isso por você!
Ryder, dá passos na minha direção e eu vou recuando na mesma velocidade. Porém, sinto algo atrás de mim e tento ver o que é. Estou encurralada na sua mesa e ao olhar para ele, a sua mão já está segurando o meu queixo com firmeza.
Eu literalmente não tenho saída e depois do que ele acabou de falar, eu não posso nem cogitar a empurrá-lo. Isso pioraria as coisas e apenas eu sofreria por não saber do que ele é capaz.
- Você já é uma mulher, Johanna! A fase da infância e adolescência já passou e precisa encarar a realidade. - As palavras vem com mais um aperto e ele chega ainda mais perto, se colando a mim. - Seja uma mulher, é a única saída que tem e se não quer me ver mais irritado ainda, sugiro que comece logo. Não tenho tempo a perder!
Fecho os olhos gravando bem essas palavras, porque ele está literalmente dizendo que não se importa com nada do que falei. Eu não tenho escolha alguma de nada. Fico literalmente parada aqui, com ele colado ao meu corpo enquanto os seus dedos não me soltam.
Então, sou surpreendida por um beijo inesperado e o que falo a mim mesma, é que não posso recuar.