O ar frio da noite corta minha pele, mas eu mal sinto o desconforto enquanto me concentro apenas em correr, em escapar da prisão invisível que me prende. Cada esquina que dobro é uma promessa de liberdade, uma oportunidade para deixar para trás as correntes do meu passado.
As lágrimas escorrem pelo meu rosto, mas eu as deixo secar rapidamente, determinada a não deixar que a tristeza me impeça de seguir em frente. Não há espaço para fraqueza nesta jornada rumo ao desconhecido, apenas a força implacável da minha própria vontade.
E assim eu continuo a correr, sem olhar para trás, sem desistir, porque sei que a única maneira de encontrar a luz no fim do túnel é continuar avançando, mesmo que o caminho seja escuro e desconhecido.
Olho para trás, o coração batendo tão alto que parece ecoar pelas ruas desertas, enquanto vejo as sombras se movendo, indicando que Pedro está em meu encalço. Seus passos ressoam no silêncio da noite, uma batida constante que sinaliza a proximidade do perigo.
Sinto o desespero apertar meu peito enquanto continuo a correr, meus pés martelando o asfalto frio. Cada passo é uma luta contra a exaustão que se acumula em minhas pernas, uma batalha perdida antes mesmo de começar.
As lágrimas começam a nascer em meus olhos, embaçando minha visão já turva pela escuridão da noite. Eu sei que não posso correr para sempre, mas por enquanto é tudo o que posso fazer para escapar do destino que me persegue implacavelmente.
Cada respiração é uma facada nos meus pulmões, mas eu me recuso a desistir. Eu me agarro à esperança de que em algum lugar, em algum momento, encontrarei a salvação que tanto desejo.
E assim eu continuo, um espectro fugitivo nas ruas vazias, determinada a resistir até o último suspiro, mesmo que minhas pernas tremam de dor e meu coração esteja à beira do colapso.
Tropeço em um beco sem saída, meu coração acelerado batendo em desespero enquanto percebo que não há escapatória. O medo se manifesta em meus olhos dilatados, refletindo a terrível realidade que agora me cerca.
Desvio meu olhar para trás e vejo Pedro emergindo das sombras, sua presença imponente preenchendo o espaço ao meu redor. Seu rosto impassível revela apenas um brilho de triunfo, como se já soubesse o desfecho inevitável desta perseguição implacável.
A angústia se instala em meu peito, um nó apertado de desespero enquanto percebo que estou completamente à mercê do mafioso impiedoso. Cada fibra do meu ser clama por uma saída, uma luz no fim do túnel que me liberte deste pesadelo vivo.
Mas enquanto encaro Pedro, vejo apenas a escuridão se fechar ao meu redor, envolvendo-me em seus braços gelados como um abraço da própria morte. E é nesse momento que eu entendo que minha luta chegou ao fim, que não há mais nada que eu possa fazer para escapar do destino cruel que me aguarda.
Com um suspiro resignado, aceito meu destino, preparando-me para enfrentar as consequências de minhas escolhas, por mais sombrias que possam ser.
Pedro se aproxima lentamente de mim, seus passos medidos ecoando no beco escuro, cada passo ecoando como um eco sinistro. Meu coração bate descontroladamente no peito, enquanto eu o encaro com uma mistura de medo e determinação.
Estou no chão, com a mão no tornozelo após ter tropeçado, e sinto meu corpo tenso, como se estivesse enraizado no chão, incapaz de escapar do destino que se aproxima. Observo Pedro se aproximar, estudando suas feições, tentando decifrar o homem por trás da frieza que o envolve.
Ele tem apenas 25 anos, jovem ainda, mas sua presença é carregada com uma gravidade que vai além de sua idade. Sua expressão impassível revela uma bagagem enorme e sombria, como se carregasse o peso do mundo em seus ombros.
O silêncio pesado paira entre nós, apenas quebrado pelo som dos nossos próprios batimentos cardíacos acelerados. Eu me sinto encurralada, como uma presa diante do predador, mas recuso-me a ceder ao desespero que ameaça me consumir.
Com um último suspiro de coragem, ergo meu olhar para encontrar o dele, preparando-me para o confronto que está prestes a acontecer, mesmo que isso signifique enfrentar as sombras mais profundas da alma humana.
A mão estendida de Pedro pairava diante de mim, uma tentativa vaga de transmitir tranquilidade, embora seus olhos brilhassem com uma intensidade inquietante. Eu recuei, sentindo meu coração martelar no peito enquanto o silêncio pesava entre nós.
- Não faça isso, Mariana- ele disse, sua voz baixa, mas carregada de autoridade. - Você sabe que não há outra escolha.
Engoli em seco, lutando para encontrar as palavras certas enquanto o medo se espalhava por minhas entranhas.
- Eu... Eu não posso - murmurei, minha voz tremendo de incerteza.
Pedro deu um passo à frente, sua expressão endurecendo.
- Você não tem escolha - ele insistiu, sua voz agora cortante como uma lâmina afiada. - Aceite isso ou as consequências serão ainda piores.
Senti meu corpo tenso, cada músculo retesado com a pressão do momento. As palavras ecoavam em meus ouvidos, uma lembrança sombria de que eu estava completamente à mercê dele.
Respirei fundo, forçando-me a aceitar a realidade sombria que se desenrolava diante de mim. Com um último suspiro de resignação, estendi minha mão para ele, sabendo que meu destino estava selado, quer eu gostasse ou não.
Pedro me recebe com um sorriso sinistro, seus lábios curvados em um gesto possessivo enquanto ele me envolve em um abraço opressivo. Sinto-me sufocada por sua presença, uma sensação de desconforto se espalhando por todo o meu ser.
- Vejo em você não apenas uma oportunidade de lucro, Mariana -, ele murmura, sua voz suave, mas carregada de ameaça. - Mas também um meio de exercer poder e controle sobre aqueles que estão sob meu domínio.
Meu coração acelera diante dessas palavras, uma mistura de medo e indignação borbulhando dentro de mim.
- O que isso significa? - questiono, minha voz vacilante com a tensão que enche o ar.
Ele me encara com um brilho maligno nos olhos, sua expressão revelando seus verdadeiros motivos.
- Significa que, quando você completar dezoito anos, será obrigada a trabalhar no bordel - ele responde, sua voz gotejando com um veneno sutil.
Sinto meu estômago revirar com a revelação, uma sensação de desespero se instalando em minha alma. Eu sabia que minha vida nunca mais seria a mesma, que agora estava presa em um jogo perigoso do qual não poderia escapar facilmente.
Com um nó na garganta, eu me afasto dele, lutando para conter as lágrimas que ameaçam transbordar. Eu me pergunto se há alguma maneira de escapar desse destino sombrio que se desdobra diante de mim, ou se estou condenada a viver nas sombras para sempre.
A ameaça de Pedro paira sobre mim como uma nuvem negra, obscurecendo qualquer raio de esperança que eu pudesse ter. Seus olhos brilham com uma crueldade calculada enquanto ele fala, cada palavra como um golpe direto ao meu coração.
- Não pense em fugir, Mariana - ele diz, sua voz baixa, mas carregada de um aviso sombrio - Se você tentar escapar, serão seus irmãos quem pagarão o preço.
Meu corpo inteiro se enrijece com o medo, uma sensação de impotência me dominando enquanto ele me ameaça. As lágrimas que eu estava lutando para conter agora ameaçam transbordar, mas sei que não posso mostrar fraqueza diante dele.
Enquanto eu me preparo para enfrentar o pior, o som de pneus rangendo atrás de Pedro chama sua atenção. Seu motorista o chama urgentemente, e ele se vira para mim com uma expressão severa.
- Entre no carro imediatamente - ele ordena, sua voz autoritária cortando o ar. Eu engulo em seco, meu coração martelando no peito enquanto obedeço às suas ordens sem hesitar, sabendo que qualquer resistência só traria mais dor para mim e para os meus irmãos.