Ele assentiu, seus olhos fixos na chave de ouro.
"Vamos começar onde paramos. Isabelle mencionou que a chave representa esperança e amor, mas talvez também seja literal. Precisamos continuar explorando o casarão."
Entramos no casarão e a atmosfera estava mais leve do que antes, como se o lugar estivesse agradecido por nossa presença. A sala onde havíamos encontrado a caixa de memórias de Isabelle parecia quase convidativa.
"Há um lugar que ainda não exploramos totalmente," disse Adrian, apontando para uma porta no canto do salão de baile.
"A sala de música. Isabelle costumava passar horas lá, tocando piano."
Fomos até a sala de música, que estava coberta de poeira e teias de aranha. No centro, havia um piano antigo, suas teclas amareladas pelo tempo. Em cima dele, repousava uma partitura antiga, com uma música que parecia familiar e ao mesmo tempo desconhecida.
"Isabelle compôs esta música," disse Adrian, pegando a partitura.
"Ela dizia que cada nota era um pedaço de sua alma."
Sentei-me no banco do piano, passando os dedos suavemente pelas teclas. "Posso tentar tocar?" perguntei, olhando para Adrian.
"Claro," ele respondeu, seus olhos brilhando com expectativa.
"Isabelle ficaria feliz em ouvir você tocar."
Comecei a tocar a melodia, sentindo a música fluir através de mim. Era como se as notas contassem uma história de amor e perda, de esperança e desespero. Cada acorde parecia ressoar nas paredes do casarão, ecoando pelo tempo.
De repente, uma das paredes começou a tremer levemente, como se estivesse respondendo à música. "Olha isso, Adrian!" exclamei, parando de tocar.
Ele correu até a parede, examinando-a cuidadosamente. "Há algo aqui," disse ele, seus olhos brilhando com excitação. "Ajude-me a mover esta estante."
Com algum esforço, movemos a estante, revelando uma porta secreta. "Acho que encontramos algo importante," disse Adrian, puxando a porta que rangia ao abrir.
A sala secreta era pequena, mas cheia de objetos que pareciam pertencer a Isabelle. No centro, havia um pedestal com um livro antigo e uma pequena caixa de ouro. "Acho que é aqui que a chave se encaixa," murmurei, colocando a chave de ouro na fechadura da caixa.
Com um clique suave, a caixa se abriu, revelando um anel de ouro com um pequeno rubi. "Este anel era de Isabelle," disse Adrian, pegando-o cuidadosamente.
"Ela sempre disse que este anel tinha um poder especial, mas nunca explicou o que era."
"Haverá alguma pista no livro?" perguntei, pegando o livro e folheando suas páginas amareladas.
Enquanto lia, a história de Isabelle e Adrian se desenrolava diante de mim. Eles haviam se apaixonado perdidamente, mas foram separados por uma maldição lançada sobre o casarão por um espírito vingativo. O anel, que descobrimos, era uma chave para libertar suas almas e quebrar a maldição de uma vez por todas.
"Precisamos realizar o último ritual," disse Adrian, seus olhos cheios de determinação.
"Com o anel e a chave de ouro, podemos finalmente libertar todos."
Mas antes que pudéssemos planejar nossos próximos passos, ouvimos um barulho vindo do andar de baixo. "Alguém está aqui," sussurrei, sentindo o medo se infiltrar em meu coração.
Adrian e eu nos movemos silenciosamente pelo casarão, tentando identificar a origem do som. Encontramos uma figura sombria parada no hall de entrada, seus olhos fixos em nós. "Quem é você?" perguntei, minha voz tremendo.
A figura deu um passo à frente, revelando um rosto que parecia vagamente familiar. "Meu nome é Elias," disse ele, sua voz profunda e cheia de autoridade.
"Eu sou o irmão de Isabelle."
Adrian ficou tenso ao ouvir o nome. "Elias," murmurou.
"Você... você está vivo?"
Elias balançou a cabeça lentamente.
"Não completamente. Minha alma também está presa aqui, assim como a de Isabelle. Vim ajudar vocês a libertarem-nos."
"Por que você não apareceu antes?" perguntei, sentindo a desconfiança crescer.
"Eu estava esperando o momento certo," respondeu Elias, seus olhos sombrios.
"E agora, com o anel e a chave, podemos quebrar a maldição."
Adrian olhou para mim, suas dúvidas claramente refletidas em seus olhos. "Podemos confiar nele?" perguntou em voz baixa.
"Precisamos de toda a ajuda que pudermos conseguir," respondi, sentindo uma estranha conexão com Elias. "Vamos dar uma chance."
Elias assentiu, parecendo aliviado.
"O ritual final deve ser realizado na capela. Precisamos de todos os itens que vocês encontraram, e da música de Isabelle para guiar-nos."
Com uma determinação renovada, coletamos todos os itens: o medalhão, a rosa negra, o fragmento de espelho, a chave de ouro e o anel. Fomos até a capela, que agora parecia menos assustadora e mais sagrada.
"Vamos começar," disse Elias, colocando os itens no altar. "Emily, você deve tocar a música de Isabelle. Isso abrirá o portal para as almas."
Sentei-me no pequeno órgão da capela, começando a tocar a melodia que havia encontrado na sala de música. A capela começou a vibrar com a energia da música, as paredes ressoando com cada acorde.
Adrian e Elias entoaram palavras antigas, suas vozes se misturando à música. Uma luz intensa começou a emanar do altar, crescendo até envolver toda a capela.
"Estamos quase lá," disse Elias, seus olhos fixos na luz. "Continue, Emily. Não pare."
As notas fluíam de meus dedos como se tivessem vida própria, guiadas pelo amor e pela esperança que Isabelle e Adrian compartilhavam. Finalmente, com um acorde final, a luz explodiu em um brilho cegante.
Quando a luz se dissipou, a capela estava silenciosa. As almas haviam sido libertadas, suas presenças agora apenas uma memória suave. "Conseguimos," sussurrei, lágrimas de alívio escorrendo pelo meu rosto.
Adrian e Elias estavam ao meu lado, suas expressões de gratidão e paz. "Obrigado, Emily," disse Adrian, segurando minha mão.
"Você nos deu uma chance de redenção."
Elias sorriu, seu rosto suavizando. "Agora, podemos finalmente descansar em paz. A maldição foi quebrada."
Senti uma paz profunda inundar meu coração. O peso da escuridão havia sido levantado, e finalmente, Thornfield Manor estava livre. E embora a jornada tivesse sido árdua, sabíamos que o amor e a esperança sempre prevaleceriam, mesmo nas horas mais sombrias.