Capítulo 5 Sombras do presente

A neblina ainda envolvia Elderville como um cobertor espesso, mas a sensação de opressão havia se dissipado após o ritual na capela. Thornfield Manor, agora livre das almas aprisionadas, parecia menos sombrio, quase acolhedor. Eu e Adrian estávamos de volta à sala de música, sentados em silêncio, assimilando tudo o que havia acontecido.

"Conseguimos, Emily," disse Adrian, quebrando o silêncio. Sua voz estava cheia de uma calma que eu nunca tinha ouvido antes. "Libertamos as almas e quebramos a maldição."

"Sim, mas ainda sinto que há algo inacabado," respondi, olhando ao redor da sala.

"Como se ainda houvesse mais a descobrir sobre este lugar e sobre nós."

Adrian franziu a testa, ponderando minhas palavras.

"Você pode estar certa. Isabelle sempre disse que Thornfield Manor guardava segredos que nem ela conhecia completamente."

"Precisamos continuar investigando," decidi.

"Ainda há muitas perguntas sem respostas. O que realmente aconteceu com Isabelle e Elias? E o que nos conecta tão profundamente a este lugar?"

Adrian assentiu, sua expressão se tornando séria.

"Vamos começar pelo diário de Isabelle. Talvez haja mais pistas que não percebemos antes."

Voltamos à sala secreta e pegamos o diário. Eu folheei as páginas com cuidado, buscando qualquer detalhe que pudesse ter passado despercebido. Encontrei uma entrada quase no final que chamou minha atenção.

Querido Diário,

A maldição que assombra Thornfield Manor é mais profunda do que imaginávamos. Descobri que não é apenas sobre almas presas, mas também sobre linhagens e sangue. Aqueles que estão conectados a este lugar, mesmo indiretamente, são afetados. Espero que, um dia, alguém encontre a verdade e liberte todos nós.

"Adrian, veja isso," disse, mostrando-lhe a entrada.

Ele leu as palavras em silêncio, sua expressão se tornando cada vez mais sombria.

"Linhagens e sangue... isso pode significar que nossa conexão com este lugar é mais do que coincidência."

"Precisamos descobrir mais sobre nossas próprias histórias," sugeri. "Talvez haja algo em nossos passados que nos ligue a Thornfield Manor."

"Concordo," disse Adrian. "Mas por onde começamos?"

"Podemos começar com os registros históricos da cidade," sugeri. "Talvez haja alguma menção de nossas famílias e suas conexões com o casarão."

Fomos à biblioteca da cidade, um edifício antigo e empoeirado, mas cheio de registros e documentos históricos. A bibliotecária, uma senhora idosa com olhos curiosos, nos ajudou a encontrar os arquivos que procurávamos.

"Vocês estão interessados na história de Elderville?" perguntou ela, ajustando seus óculos.

"Há muitos segredos escondidos nessas páginas."

"Sim, especialmente em relação ao casarão Thornfield Manor," expliquei.

A bibliotecária nos levou a uma sala de arquivos e nos deixou sozinhos com uma pilha de livros antigos e documentos. Começamos a folhear os registros, procurando qualquer menção às nossas famílias.

"Emily, veja isto," chamou Adrian, segurando um documento antigo.

"Há um registro de um casamento entre um dos ancestrais de Isabelle e alguém com o sobrenome Monroe. Não é o seu sobrenome de solteira?"

"Sim, é," respondi, surpresa.

"Isso significa que minhas raízes estão conectadas a Thornfield Manor desde o início."

"Isso explica por que você foi atraída para cá," disse Adrian.

"Mas e quanto a mim? Qual é minha conexão?"

Continuei a procurar nos registros, e finalmente encontrei algo. "Aqui está! Adrian, há menções de um pacto feito entre um dos ancestrais de Isabelle e um homem chamado Adrian Blackwood. Isso é... seu nome!"

"Blackwood," repetiu ele, pensativo. "Isso deve ser mais do que coincidência. Parece que estamos destinados a resolver este mistério juntos."

"Precisamos entender mais sobre esse pacto," disse, sentindo a urgência aumentar. "Por que foi feito e como isso nos envolve?"

A bibliotecária voltou, percebendo nossa empolgação. "Encontraram algo interessante?" perguntou ela, com um sorriso gentil.

"Sim, achamos que nossos ancestrais estão conectados a um pacto feito há muito tempo," expliquei. "Você sabe de algo mais sobre isso?"

A expressão da bibliotecária ficou séria.

"Há muitas lendas sobre pactos antigos e maldições. Dizem que Thornfield Manor sempre atrai aqueles que têm um papel a desempenhar em sua história."

"Isso faz sentido," murmurou Adrian. "Mas precisamos de mais detalhes."

"Talvez o livro dos pactos antigos possa ajudá-los," sugeriu a bibliotecária.

"Está guardado na seção restrita, mas posso permitir o acesso se prometerem cuidar bem dele."

Prometemos e seguimos a bibliotecária até a seção restrita. Ela nos entregou um livro antigo e pesado, com páginas amareladas pelo tempo. Começamos a folhear o livro, procurando qualquer menção ao pacto envolvendo nossos ancestrais.

Finalmente, encontramos uma entrada detalhada. O pacto havia sido feito para proteger Thornfield Manor de uma força maligna, mas a um custo terrível: a linhagem dos envolvidos seria amaldiçoada até que alguém digno libertasse as almas presas e quebrasse a maldição.

"Então, é por isso que estamos aqui," disse Adrian, com uma nova compreensão. "Estamos destinados a libertar Thornfield Manor de sua escuridão."

"Mas como exatamente fazemos isso?" perguntei, sentindo a pressão aumentar.

"Precisamos realizar um último ritual," disse Adrian, lendo a entrada. "Um ritual que combina nossos laços de sangue e amor. É a única maneira de romper a maldição de uma vez por todas."

"Estamos prontos para isso?" perguntei, olhando nos olhos de Adrian. "Será que podemos realmente quebrar a maldição?"

"Juntos, podemos," respondeu ele com firmeza.

"Sempre fomos destinados a isso. E agora, temos a chave para finalizar o que começamos."

Voltamos ao casarão com o livro em mãos e a determinação renovada em nossos corações. Sabíamos que a jornada seria difícil, mas estávamos prontos para enfrentar qualquer desafio. Juntos, Adrian e eu estávamos prontos para desvendar o último segredo de Thornfield Manor e libertar todos, incluindo nós mesmos, das sombras do passado.