Capítulo 3 Cap 2

ELIZA ROCACCHI

Como se já não bastasse a tortura no elevador com este homem arrogante e cheio de si que é o meu chefe, agora tenho que lidar com essa desmiolada que Amélia Cooper representa. Com 29 anos, cabelos cacheados, olhos grandes e reta feito uma tábua, ela age feito uma criança toda vez que esta em frente a Riccardo Caccini que claramente despreza a pobre coitada.

Havia ligado remarcando o almoço que ele teria com ela a mando do Sr. Caccini e ela estava claramente decepcionada. Pelo visto, mais uma rejeição subiu ao seu minúsculo cérebro e agora ela esta fazendo está cena ridícula se jogando e se esfregando nele. E vendo como ele dá tantas desculpas descaradas para não a encontrar, deve estar cansado da jovem.

---"Sr. Caccini, o carro ainda está esperando."- interrompo os dois que me fitam ao mesmo tempo. O semblante de Amélie cai em desgosto no mesmo instante e sei que dirá algo desagradável.

---" Eliza né? Não pode esperar que nós terminemos de conversar para então interromper?"- antes que possa responder ela se vira para meu chefe e continua. " Riccardo, como pode permitir a falta de educação dessa secretariazinha? Você deveria coloca-la em seu lugar de vez em quando. Ela é muito abusada!

---" Meu Deus!"- digo baixinho enquanto reviro os olhos. Sua voz forçada me faz querer vomitar!

Fito meu chefe que tenta se desvencilhar do seu aperto pela milésima vez. Parece tão desconfortável quanto eu.

---" Desculpe Srta. Amélie, preciso ir a um compromisso neste mesmo instante. E não culpe a Srta. Rocacchi. Ela está apenas fazendo seu trabalho."- Riccardo diz se desvencilhando de seus braços. "Vejo você outro dia, certo?" - despede-se da jovem, dá as costas e sai do prédio. Deixando a moça plantada no mesmo lugar. Estou logo atrás.

Viro para olhar Amélie antes de sair e sua cara é impagável! Pobre garota.

Entramos no carro. Sr. Caccini abre a porta para mim e agradeço. Ele entra logo em seguida com um carranca que eu não sei dizer se quer matar a mim ou Amélie.

"Para a alfaiataria." - diz ao motorista e este o faz.

Meia hora depois, estamos do outro lado da cidade. A alfaiataria que meu chefe gosta fica muito longe de tudo, inclusive da cidade. Não sei o que ele vê neste homem, nem como o descobriu, mas este lugar me da arrepios em lugares que nunca pensei que teria.

Entramos. Roupas pré-prontas estão espalhadas pelo lugar que é pouco arrumado. Seb, o dono do lugar, sai de trás de um cabideiro. Seu olhar confuso como sempre. Não de surpresa por nós ver aqui, mas de... Insanidade. Talvez.

Ele caminha em nossa direção e nos cumprimenta. Cheiro de chá preto o acompanha.

"Riccardo! Que ótimo vê-lo." - começa. "Já tenho seu terno, apenas o experimente."

Meu chefe balança a cabeça, antes de seguir ao provador. Seb sempre faz isso. Sempre sabe quando vamos vir, sempre sabe como o Sr. Caccini quer seu terno e é isso que o faz... Especial.

"Eliza..."- encaro o homem que chama meu nome como quem chama um gato. "Seu vestido... como quer?"

Arregalo os olhos, pois pela primeira vez Seb não sabe o que alguém deseja vestir. Engulo em seco. Bichos parecem andar por minha pele.

O alfaiate chega próximo de mim. Talvez perto até demais. Consigo sentir seu hálito em meu rosto. Um sorriso um tanto louco estampado em sua face.

"Você sempre será um mistério, não é mesmo?"

Sorri e se afasta. Riccardo entra no mesmo instante, contente pelo alfaiate acertar não só suas medidas como seu gosto. Sempre.

Não esboço nada. Tento não sentir nada, mas estaria mentindo se não dissesse que este alfaiate sabe algo. Sabe muito, principalmente como nós fazer... Sentir.

Ele caminha ate meu chefe, sua atenção aparentemente em Riccardo. Tento não pensar muito enquanto olho para sua face. Olhos azuis, como de Riccardo, corpo largo e pele parda. Como um gêmeo perdido de meu chefe. No entanto, mais... Sedutor?

" Como estou, Eliza?" - meu chefe me suga de meus pensamentos.

"Está ótimo, Sr. " - respondo o que vem a mente.

O alfaiate me fita com um sorriso. Um de expectativa e orgulho no rosto. Algo que diga que minha opinião importa. Embora ainda não saiba.

                         

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