Um Romance de Aluguel
img img Um Romance de Aluguel img Capítulo 5 Lágrimas Tem Outro Nome
5
Capítulo 7 Sempre Nos Encontramos img
Capítulo 8 Batidas do Coração img
Capítulo 9 Aceito O Convite img
Capítulo 10 Abrigo Para Se img
Capítulo 11 Nos Despedimos Aqui img
Capítulo 12 Aproveite a oportunidade img
Capítulo 13 É burrice img
Capítulo 14 Sogra ou sogrinha img
Capítulo 15 Café ou água, senhor img
Capítulo 16 É novo aqui img
Capítulo 17 Não é ciúmes img
Capítulo 18 Cisco no olho img
Capítulo 19 Onde está o meu irmão img
Capítulo 20 Já estive na mesma situação img
Capítulo 21 Lembranças e pesadelos img
Capítulo 22 Sou sua mãe img
Capítulo 23 Pelo Meu Filho img
Capítulo 24 Um encontro no hospital img
Capítulo 25 O show vai começar img
Capítulo 26 Show de talentos img
Capítulo 27 Olhar de ódio img
Capítulo 28 Para meus filhos img
Capítulo 29 Desconforto De Fernanda img
Capítulo 30 Prefere Mole img
Capítulo 31 A Galinha Pintadinha img
Capítulo 32 Me Faz Companhia img
Capítulo 33 Apenas Uma Coincidência img
Capítulo 34 Minha Vizinha img
Capítulo 35 Agora É A Minha Vez img
Capítulo 36 Sua Casa Por Quê img
Capítulo 37 Duas Vozes Gritam img
Capítulo 38 A Esperança Aumenta img
Capítulo 39 Ilusões Não Respiram img
Capítulo 40 Onde Estava img
Capítulo 41 Rosto de Menina img
Capítulo 42 De Um Dorama img
Capítulo 43 Não Fui O Único img
Capítulo 44 Não Me Rejeite img
Capítulo 45 Você Está Linda img
img
  /  1
img

Capítulo 5 Lágrimas Tem Outro Nome

Fernando Duarte:

O momento presente se dissolve, e minha mente é abruptamente arrastada de volta àquela noite fatídica. o barulho ensurdecedor, repentino e violento de uma batida, seguido pelo estrondo assustador de uma explosão atrás do meu carro.

O mundo ao meu redor transformou-se num caos vivo: os olhos verdes desesperados, os gritos dilacerantes por socorro perfurando a noite, misturados ao som das sirenes sendo abafadas pelo zumbido em meu ouvido. Lágrimas mesclam-se ao sangue que tingia toda a minha visão de um vermelho profundo e sombrio.

O horror da imagem tingida de vermelho me dá náuseas - membros perdidos, um braço aqui, pernas ali, espalhado pelo interior do carro, o forte cheiro do sangue...

Enquanto o passado me consome, uma gota de suor frio traça um caminho pela minha testa. O descompasso de meu coração martela contra meu peito, enquanto minhas vistas se embaçam com a iminência de mais um colapso emocional. Lágrimas, antes contidas, agora fluem livremente, embaçando minha visão, e meus joelhos, subjugados pelo peso da memória, cedem sob mim. Com um baque surdo, encontro-me de joelhos no chão, meu corpo inteiro tremendo.

O rosto, que outrora ostentava uma expressão de fúria, agora é a própria imagem do sofrimento, marcado por sulcos profundos de dor. Energo e sinto o cheiro das chamas que dançam vorazmente ao redor, lambendo os restos de metal retorcido que emana um calor insuportável. Consigo ouvir os gritos se intensificando, um coro de vozes aterrorizadas e doloridas se aproximando, enquanto a distinção entre passado e presente se torna cada vez mais tênue e indistinta.

O suor banha meu rosto, e cada batida do meu coração parece ecoar em minha cabeça, uma marcha fúnebre descompassada e sufocante. A falta de ar me faz abrir e fechar a boca, mas de nada adianta, estou sufocando. De novo, preso no passado que é tão vívido e terrível.

- Não, por favor - sussurro, minha voz trêmula de desespero. Já não consigo discernir se meu apelo é para que eles não se afastem ou para que esta dor lancinante cesse. As memórias assombram os cantos mais escuros da minha mente, fazendo-me perder qualquer noção de realidade. Um gosto amargo e metálico invade minha boca, símbolo pungente de minha impotência e desespero.

- Ogro? Ei, ogro - uma voz surge ao longe, frágil como o sussurro do vento. Será que se dirigem a mim? Essa voz suave, de quem é? Eu lembro que tem uma pessoa que me chama assim...

Nesse instante, um silêncio profundo engole todos os ruídos. As imagens tumultuadas se dissipam e sou submergido numa calmaria abrupta. Minha respiração, antes ofegante, lentamente vai encontrando um ritmo mais suave, quase normal. Relutantemente, abro os olhos e me deparo com Laura me observando, seus olhos fixos nos meus, despidos do desafio que usualmente carregam.

Neste momento, não a vejo mais como a pirralha irritante que me chama de ogro, mas sim uma presença reconfortante cujo olhar ilumina a escuridão em que me afundei. O calor de sua mão sobre a minha me surpreende, trazendo um alívio inesperado, meu coração vai se acalmando.

- Você está bem? - Laura pergunta, seus olhos castanhos cravados nos meus, cheios de preocupação genuína.

Pisco várias vezes, tentando reorientar-me, e instintivamente, retiro minha mão do seu toque quente que agora parece queimar minha pele.

- Ah, já sei, você estava chorando de preocupação comigo, não é? Eu não esperava por essa, você é mesmo um ogrinho fofo - ela brinca, mal contendo uma risada provocativa, enquanto bagunça meus cabelos com um gesto brincalhão.

Me afasto rapidamente e me levanto, enquanto ela faz o mesmo.

- Não precisava chorar, cara, eu só... foi só... foi só uma queda de pressão, isso, foi uma queda de pressão - ela gesticula levemente, suas palavras tropeçando umas nas outras, como se estivesse tentando preencher o silêncio com uma explicação que nem mesmo ela parecia completamente convencida.

- Eu não estava chorando! - Exclamo, a voz elevada e as minhas mãos se fecham instintivamente em punhos. Sinto uma mistura de irritação e vulnerabilidade borbulhando dentro de mim, a vergonha de ser visto num momento tão frágil adicionando uma camada extra de frustração...

Ela me encara, uma sobrancelha, seus olhos castanhos brilham em um desafio petulante.

- E o que é isso aí molhado nas suas bochechas? - Sua voz é carregada de sarcasmo, provocando-me ainda mais.

Reviro os olhos impaciente, era só o que me faltava.

- É suor! - Respondo prontamente, a defensiva me dominando, enquanto tento controlar a tensão em meu corpo. - Fiquei nervoso, você estava tão pálida que achei que tinha morrido.

Ela morde o lábio, lutando para conter uma risada, claramente divertida com minha resposta.

- Aham, sei, lágrimas agora têm outro nome - ela zomba, descrente.

- Chega! - Grito alterado. - Isso não é da sua conta! - Rebato, irritado e humilhado, virando-me abruptamente em direção à porta da área dos funcionários.

Enquanto caminho, um turbilhão de emoções me consome.

Merda! Merda! Merda!

- Você também tem seus demônios, não é? - Laura murmura suavemente, tão logo alcanço a maçaneta da porta. Sua voz carrega uma mistura de questionamento e afirmação, tocando fundo na minha alma.

Sem olhar para trás, fecho os olhos brevemente e engulo seco, lutando contra a vontade de responder. Minha mão trêmula levemente ao tocar a maçaneta da porta. Sem mais palavras, abro a porta e saio

            
            

COPYRIGHT(©) 2022