Um Romance de Aluguel
img img Um Romance de Aluguel img Capítulo 1 O contrato
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Capítulo 7 Sempre Nos Encontramos img
Capítulo 8 Batidas do Coração img
Capítulo 9 Aceito O Convite img
Capítulo 10 Abrigo Para Se img
Capítulo 11 Nos Despedimos Aqui img
Capítulo 12 Aproveite a oportunidade img
Capítulo 13 É burrice img
Capítulo 14 Sogra ou sogrinha img
Capítulo 15 Café ou água, senhor img
Capítulo 16 É novo aqui img
Capítulo 17 Não é ciúmes img
Capítulo 18 Cisco no olho img
Capítulo 19 Onde está o meu irmão img
Capítulo 20 Já estive na mesma situação img
Capítulo 21 Lembranças e pesadelos img
Capítulo 22 Sou sua mãe img
Capítulo 23 Pelo Meu Filho img
Capítulo 24 Um encontro no hospital img
Capítulo 25 O show vai começar img
Capítulo 26 Show de talentos img
Capítulo 27 Olhar de ódio img
Capítulo 28 Para meus filhos img
Capítulo 29 Desconforto De Fernanda img
Capítulo 30 Prefere Mole img
Capítulo 31 A Galinha Pintadinha img
Capítulo 32 Me Faz Companhia img
Capítulo 33 Apenas Uma Coincidência img
Capítulo 34 Minha Vizinha img
Capítulo 35 Agora É A Minha Vez img
Capítulo 36 Sua Casa Por Quê img
Capítulo 37 Duas Vozes Gritam img
Capítulo 38 A Esperança Aumenta img
Capítulo 39 Ilusões Não Respiram img
Capítulo 40 Onde Estava img
Capítulo 41 Rosto de Menina img
Capítulo 42 De Um Dorama img
Capítulo 43 Não Fui O Único img
Capítulo 44 Não Me Rejeite img
Capítulo 45 Você Está Linda img
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Um Romance de Aluguel

FannyMotta
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Capítulo 1 O contrato

Batidas fortes na porta me despertam de um sono agitado. O som reverberando a minha cabeça desencadeando a dor latejante em minha têmpera como um lembrete cruel da queda que sofri anteontem na empresa. Ao tentar me apoiar na pia, a tontura ficou intensa, desmaie e bati a cabeça na porcelana dura, acordando apenas no dia seguinte. A luz do sol entrando pelas frestas das da janela de madeira faz meus olhos arderem.

- Já vai! - Tento gritar, mas a minha voz estar tão fraca que duvido muito ter saído mais do que um sussurro.

As batidas continuam, mais urgentes agora. Respiro fundo, tentando dissipar a névoa da dor, e me levanto cambaleando. O quarto parece girar por um momento, mas me estabilizo, apoiando-me na parede enquanto caminho até a porta da frente. O eco das batidas se mistura com o zumbido na minha cabeça.

- Quem é? - Minha voz sai rouca, quase inaudível, enquanto destranco a porta.

- Senhorita Martins? - Uma voz feminina responde.

Eu abro a porta lentamente, revelando uma mulher jovem e elegante. Ela é alta e magra, vestindo um terno perfeitamente ajustado. Seus olhos me observam com uma intensidade desconcertante, e um leve sorriso curva seus lábios.

- Posso ajudar? - Pergunto, a desconfiança evidente no meu tom.

- Quero tratar de um assunto delicado com a senhorita, posso entrar?

- Não é uma boa ideia permitir que uma estranha entre na minha casa - respondo hesitante, mantendo a porta apenas entreaberta.

Ela sorri suavemente, um gesto calculado para parecer amigável.

- Entendo sua hesitação, mas eu não sou uma completa estranha, somos colegas de trabalho. E eu garanto que o que eu tenho a oferecer é do seu interesse.

A dor na minha cabeça torna difícil pensar com clareza, mas a minha curiosidade me faz abrir a porta, permitindo que ela entre. Não me preocupo em falar para ela não se incomodar com a bagunça; a única coisa que tenho na sala é um sofá de três lugares que a vizinha me doou. A mulher senta-se no assento direito do sofá, e eu no esquerdo.

- Bem, anteontem eu encontrei-a desmaiada no banheiro da empresa... - ela começa a falar, mas a interrompo.

- Então você veio cobrar o dinheiro que gastou no hospital comigo, não é? Eu já deveria imaginar, era um dos hospitais mais caro aqui da cidade, não é qualquer um que entra no Vivaz - suspiro, sentindo a humilhação da minha situação. - Olha, eu não tenho como te pagar agora, mas se você me der um pouco de tempo...

- Não! - Ela interrompe-me, arregalo os olhos, sentindo o medo dela exigir o dinheiro nesse momento secar a minha boca. - Foi a minha chefe quem pagou o hospital para você - esclarece. - E ela gostaria de lhe oferecer uma proposta.

Minha desconfiança aumenta, e meu coração começa a bater mais rápido.

- Que tipo de acordo?

Ela coloca o envelope na mesa e me olha diretamente nos olhos.

- A minha chefe irá pagar todos os seus tratamentos, cirurgia e medicação para a cura do seu câncer, e ainda te dará uma mesada de mil reais por mês.

- Em troca do que ela faria isso por mim? - Pergunto, já não gostando, ninguém faz nada de graça por ninguém, não acredito em fadas madrinhas.

- Ela quer te alugar - responde, como se estivesse apenas dizendo que o céu está lindo.

- Quê!? - Exclamo em choque. - Me alugar para quê? - Indago, confusa.

- Para amar o filho dela - responde com um sorriso enorme no rosto, como se isso fosse a coisa mais natural do mundo.

- Não vou me prostituir! - Exclamo extremamente ofendida com esse acordo proposto. - Sei que não tenho muito dinheiro, mas sei muito bem que tenho o meu valor!

- Não, Laura, nada disso. Ela não está pagando para você ter relações com ele. Apenas para ser o suporte emocional que ele precisa - pontua. - Ele está passando por um momento muito difícil, e minha chefe acredita que você pode ajudá-lo a superar isso.

- Por que eu? - Olho para ela, tentando decifrar suas intenções.

- Você despertou emoções boas nele, por isso achamos que você pode salva-lo.

- Despertei? Salva-lo? - A minha pergunta ressoa cheia de ironia e incredulidade. - Eu sequer sei de quem você está falando! - Falo o obvio e reviro olhos, erro meu, o latejar nas minhas têmporas aumentam ainda mais.

- Entenda, você salva o filho dela e ela salva você, simples assim. E se por um motivo você acabar se apaixonando por ele, não tem problema, com tanto que esse acordo nunca saia do sigilo. Reforço, ninguém além de você, eu e ela dever saber - sua fala num tom de aviso me deixa alarmada.

- Eu nem aceitei o acordo e vocês já estão pensaram na possibilidade de me apaixonar por um completo estranho? O que vocês têm na...

- A minha chefe quer ver o seu filho voltar a sorrir - me interrompe, sua voz carregada de urgência. - Curiosamente, ele quando está com você, esboça sentimentos bons. Ela assim como você, está desesperada. Há anos o filho dela se trancou dentro de si e vivi afastando todos. Por dois longos anos ele sequer saiu de casa, e quando finalmente saiu, destilou frieza e grosseira para todos. Os olhos dele perderam a cor e ela sente que a cada dia estar pendendo mais e mais do seu querido filho, ela teme que ele acabe, acabe... - ela fecha os olhos, como se as lembranças ainda a atormentassem, já consigo imaginar o que ela quer dizer, suicídio. - O que é importa é que você ascendeu uma esperança.

O desespero na fala dela me toca. Não posso dizer que sei o que a mãe dele está sentindo - nunca fui mãe, e a minha sempre me quis longe -, mas é triste viver sem esperança. Nos últimos quatro meses, vi-me no buraco. Apesar de estar trabalhando, meu salário não é suficiente bancar as despesas da casa e um tratamento particular.

- Não vou me apaixonar por ele - falo convicta, sentindo o peso da minha escolha sobre meus ombros.

- Se você diz - ela entoa com um sorrisinho no rosto, como se não acreditasse no que eu disse. - Amanhã será o primeiro encontro de vocês!

- Amanhã!? - Engasgo com a saliva.

- Uma dúvida - ergo minha mão com o indicador levantado. - Quando poderei parar de fingir que amo esse cara?

- O contrato tem validade de dois anos. Se parar antes, terá que pagar multa e devolver todo o dinheiro gasto com o seu tratamento e as mesadas - responde, seu semblante se tornando sério novamente. Suspiro, onde é que eu fui me meter? - Veja bem, você já está no estágio dois da sua doença. Se recusar essa proposta, cada dia que se passar, as chances da evolução aumentam e a sua sobrevivência diminuí.

Suas palavras são como vários tapas na minha cara, deixando o pulsar dolorido na minha cabeça ainda mais forte.

- Tudo bem - murmuro, sem alternativas, realmente essa parece ser a única forma de eu conseguir sobreviver.

- Assine. Vou buscar as roupas - ela informa ese levanta.

            
            

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