Capítulo 3 Amor quase impossível - Serena Alves

Capítulo 3

- Cris, meu anjo! Estávamos preocupados com a sua demora! – Marcelo beijou minha testa com o carinho de sempre. Ele nunca tentara impor sua presença a mim, pelo contrário, me conquistara com pequenos gestos e com sua simples presença alegre e gentil.

– Venha conhecer Ricardo. Alexandre ainda não chegou, mas o almoço já está pronto. – Antes que eu pudesse dizer algo, me vi diante de um rapaz moreno, bonito, com um sorriso franco, pouco mais velho que eu. Sabia que o caçula de Marcelo acabara de completar dezesseis anos.

- Rick, essa é minha filha, Cristine. – Anunciou minha mãe, com aquele orgulho que parecia dizer "fui eu quem fiz!"

- Seja bem-vinda à nossa família, Cristine. – A afirmação foi tão sincera que o último toque de insegurança em meu coração desapareceu.

- Obrigada, Rick, por favor, me chame só de Cris. – Em poucos minutos conversávamos animadamente, como velhos amigos, sob os olhares orgulhosos de nossos pais.

Tínhamos algumas coisas em comum, Ricardo também tinha problemas para fazer amigos.

- Tive medo de que você fosse uma daquelas garotinhas mimadas, chatas e cheias de frescuras. – Confessou Ricardo, após alguns minutos de conversa.

-E eu tive medo de que me fizessem sentir uma intrusa, achei que estivessem aborrecidos com nossa presença. – Rick deu de ombros e sorriu.

- Confesso que estava meio apreensivo, mas Alex... Ele acha que papai precisava mesmo encontrar alguém que o fizesse feliz, apenas... Foi tudo muito rápido, não é? Acho que ele vai entender melhor quando conhecer vocês duas. Marcelo levantou, impaciente.

- Vamos almoçar. Alex comerá mais tarde já que não chegou na hora. – Percebi que minha mãe se sentia apreensiva e fiquei irritada com o tal Alex.

- Marcelo, não seria melhor esperarmos um pouco mais? É normal que ele se ressinta um pouco... – Marcelo sorriu para ela e seu sorriso me fez pensar no meu estranho.

- Alexandre não tem dez anos, Vivian, tem vinte e deve agir como um homem e não como uma criança! Vamos, amor, vamos almoçar. Pedirei a Luiza que guarde o prato dele no micro-ondas. – O almoço, animado, já estava na metade quando Alexandre chegou.

- Desculpem-me o atraso, vejo que a família já está reunida! – Não havia ironia ou raiva na voz dele e Marcelo sorriu para o filho.

- Venha conhecer Viviam e Cris, Alex. – Como estava de costas para a porta, tive que me voltar para fitar o dono da voz alegre e descontraída. Minha surpresa só não foi maior que a dele, que empalideceu e se apoiou no batente da porta, como se fosse desmaiar.

- Alex! – Marcelo correu até o filho, amparando-o, assustado. – O que houve, filho?! Está se sentindo mal? – Alexandre fechou os olhos por um momento e se apoiou no pai, quando voltou a abri-los havia uma profunda angústia neles que me causou uma imensa dor.

- Está tudo bem, pai, acho que o sol está mais forte do que pensei. – Ele inspirou profundamente e forçou um sorriso. – Vamos, apresente-me a minha futura madrasta e a minha... Nova irmãzinha. – Nem assim houve ironia, apenas uma leve tristeza que talvez fosse detectada apenas por mim, já que sentia a mesma coisa.

- Vivian, Cristine, esse rapaz bonito é Alexandre, meu filho mais velho. – Alex encarou minha mãe por um longo momento e então sorriu, um franco sorriso de boas-vindas.

- É um prazer conhecer a mulher que devolveu a alegria de viver ao meu pai. – Vi os olhos verdes de minha mãe brilharem com inesperadas lágrimas de emoção.

- Obrigada, Alexandre, não pode imaginar a importância de suas palavras para mim. – Então, enquanto eu sentia o estômago se apertar, ele se voltou para mim e o mundo desapareceu. Vi em seus olhos a mesma emoção que aquecia meu coração.

- Seja bem-vinda à família, Cristy. – Ele engoliu em seco e continuou. – Espero que seja feliz entre nós. – Suas palavras foram sinceras, mas havia mágoa em seu olhar.

- Vocês vão gostar de ter uma irmãzinha, rapazes, aposto que logo, logo ela será insuportavelmente mimada por vocês dois. – Ricardo riu, divertido e Alex se sentou à mesa, enquanto Luiza colocava o prato de comida diante dele.

- Estou sem fome. – Murmurou, mas se esforçou para comer, enquanto tentávamos evitar que nossos olhares se encontrassem.

            
            

COPYRIGHT(©) 2022